"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando as vidas dos insectos..." Mário Quintana
quinta-feira, junho 30, 2005
Pobreza social
O Gil "Bexiga" foi supostamente assassinado por quatro indivíduos.
Dois dos presumíveis assassinos são sobrinhos do próprio Gil "Bexiga".
Os outros dois são irmãos dum "monstro" que se encontra preso porque violou e assassinou uma criança.
O Gil "Bexiga" vivia com a mulher e filhos de um irmão seu que está preso no Funchal.
Uma das possíveis razões deste assassinato foi o facto de o Gil "Bexiga" ter expulsado a mulher do irmão de casa e de ter tentado violar dois dos sobrinhos.
Gostaria de acrescentar algo de positivo a estes dados mas este tipo de pobreza ultrapassa-me e tenho medo por não conhecer uma solução. Os ingredientes da sopa que há-de, ou devia, matar esta fome, são complicados de encontrar e este tipo de fome não se mata com uma só refeição.
quarta-feira, junho 29, 2005
Casa Almeida Garrett
Esta era a notícia de 31 de Março, mas segundo o rodapé das notícias do canal 1, de hoje, à hora do almoço, a demolição da Casa de Almeida Garrett, foi suspensa por Santana Lopes. A ver vamos.
Leitura obrigatória no DA AUTONOMIA do Guilherme Marinho
Assim, tem de aceitar-se a necessidade da revolução regionalista, pelo entendimento da mesma como uma revolução simbólica contra uma dominação simbólica, porque qualquer unificação que assimile aquilo que é diferente, encerra o princípio da dominação de uma identidade sobre outra, da negação de uma identidade por outra, para utilizarmos as palavras de Pierre Bourdieu.
Uma revolução que, no espaço europeu, implica uma descolonização da Europa, porque, como salienta Alain Bénoist, se a riqueza da humanidade é a personalização dos indivíduos no interior da sua comunidade, eis que a riqueza da Europa é a personalização das regiões no interior da cultura e da civilização donde aqueles emanaram.
(...)
Excerto de um texto de, José Adelino Maltez “A autonomia das regiões como forma de reforço das liberdades nacionais”, in Autonomia no plano político, 1.º centenário da Autonomia dos Açores, Vol. 5, pags. 109 ss. Copiado do blog DA AUTONOMIA do Guilherme Marinho
A nossa autonomia atingiu o seu limite
En rueda de prensa, Anxo Quintana, ha cifrado en 21.000 millones de euros la deuda histórica del Gobierno central con Galicia (...)
"Somos conscientes de que no se puede restituir esta deuda en un año ni en dos ni en tres, sino con un proceso de concertación". Y reiteró: "Si alguien desde Madrid tenía la ilusión de que el resultado podría hacer que Galicia saliera barata, que la pierda".
Por otro lado, el líder nacionalista ha señalado que la definición de Galicia como nación "no es una reivindicación, sino una realidad en la que creo" (...).
Um abraço ao Guilherme Marinho
terça-feira, junho 28, 2005
Ninguém me conhece melhor do que tu!
Mesmo quando me sussurrava ao ouvido,
- Ninguém me conhece melhor do que tu!
Era verdade.
Ninguém a conhecia.
Nem mesmo eu.
segunda-feira, junho 27, 2005
Entre duas garfadas
Pôs levemente a sua mão sobre a minha, inclinou-se por cima da mesa, somente o necessário, e disse - Mas estivemos a falar toda a noite!?!
- Eu sei! Mas isto é importante!
Retirou lentamente a mão que pousava na minha e inclinou-se para trás, mais do que o necessário. Mas dos seus lábios nunca lhe fugiu aquele sorriso que para mim sempre traduziu um estado de graça que eu nunca percebi.
Com um tom, e velocidade, de voz de quem está protegido do mundo, disse-me, olhando-me profundamente, de um modo até talvez apaixonado - Diz lá então! - O único deslize a que se permitiu foi um rápido passar dos olhos pelas outras mesas aproveitando o movimento que a deixou direita na cadeira, agora nem muito longe, nem muito próxima de mim.
Enquanto eu procurava as palavras, ela levou um garfo de comida à boca. Concentrei-me naquela boca, naquele mastigar e procurei no engolir, naquele pescoço, alguma demonstração de tensão. Nada.
- Querida! Nós… eu… – suguei algum ar, fiz uma pausa despropositada.
- Deixa estar! Vais me dizer que acabamos?... Melhor, que queres acabar?
Olhei para ela, algo esbugalhado. Aquela mulher ia me ajudar, até aqui, mesmo agora.
- Querida, não é bem isso… eu é que…
- Deixa estar, - insistiu - já percebi! Não vamos agora, e aqui, deixar de ser amigos, nem estragar o jantar. Se achas que acabou, acabou! - levou mais um garfo de comida à boca, num gesto calmo que garantiu uma continuidade que me ultrapassava.
A minha cabeça gritou, suplicou, porra, porra mulher. Zanga-te. Bate-me. Enfia-me esse garfo num olho.
Olhei-a nos olhos. Ia exigir que me matasse, de imediato. Na sua face um certo rouge invadiu-lhe de repente a zona alta por debaixo dos olhos e a ponta do nariz, do mesmo modo como no momento dos seus orgasmos, que eu via como uma oferenda sua, quando perdia ligeiramente o seu auto controlo
Estremeci. Defronte de uma mulher que me dando tudo não me dava nada, que sendo minha não era de ninguém, de tanto a odiar, acabava, de novo, aqui, entre duas garfadas, de me apaixonar.
sexta-feira, junho 24, 2005
Os blogs têm curvas...
Para além disso, continua o Planeta Açores (ideia inteligente); e os poetas da Blogoesfera que corresponderam ao Desafio singelo que deixei, antes de embarcar, são citados aqui.
A Blogoesfera está em grande. Na curva da onda. Diria eu.
Na maioria dos casos tem ossos e coluna vertebral direita, porque, citando Rodrigo Sá: “Os ossos do mar têm curvas,
São brancos como a espuma. Os peixes têm espinhas, são uma vingança póstuma.”
Bom fim de semana a todos. E até.
PS. O "recado" da Sra Ministra não tem (Mesmo) nada à ver
Bem-vindos!
Estava eu neste meu telepático agradecimento quando me pus a fazer contas e concluí que cerca de metade dos professores de música daquela pequenada eram imigrantes, da Ucraniana ao Brasil. A última coisa que fizera antes de vir para o espectáculo fora testemunhar no telejornal uma pequena multidão de “brancos” a urrar no Martim Moniz, como se estivessem num jogo de futebol a favor do racismo, e, agora aqui, pensei como seria injusto para com muitas crianças e jovens açorianos se resolvêssemos expulsar todos os imigrantes que, em todas as academias e conservatórios, de todas as ilhas açorianas, ensinam o “alfabeto” e os instrumentos que lhes permite comunicar através de uma da nossas expressões culturais mais importantes, mais expressivas e mais populares, a Música.
Sim, imaginem, meninos urrantes da Frente Nacional, nem todos os Ucranianos estão por cá a carregar tijolo ou a formar máfias, nem todos os Brasileiros estão por cá a servir bebidas, cantar ou a despir a sua roupa. Não, alguns estão por cá a ensinar os nossos, nos nossos conservatórios e, em alguns casos, e em algumas ilhas, não haveria condições de outra forma ensinar solfejo, piano ou violino nos Açores. As artes musicais estão por cá, em muitos casos, muito bem entregues a um grupo de imigrantes que vieram para os Açores fazer o que Açorianos fazem há séculos, imigrar à procura que a sorte recompense de uma forma melhor e mais justa o seu trabalho, contribuindo ao mesmo tempo para o enriquecimento da sociedade aonde se tentam inserir. Bem-vindos!
in SARL Suplemento de Artes e Letras - Jornal dos Açores
quinta-feira, junho 23, 2005
Nacionalism is in the air
Atenção à expressão, "partidos de Madrid no País Basco".
(...)
Repararam na expressão, "partidos de Madrid no País Basco".
Separatista nujienta, mêimo!
Não existe uma lei contra este tipo de gentinha?
Existe algo mais nojento do que uma declaração unilateral de independência feita pela parte colonizadora?
Já não bastava terem feito o mesmo aquando da nossa autonomia?
Mas eu não vou acrescentar mais nada...
Instada ontem pela SIC Notícias a comentar as decisões do Tribunal Administrativo de Ponta Delgada e de Lisboa - que, respectivamente, deram razão aos professores e à tutela quanto à convocação de docentes para os serviços mínimos -, a ministra da Educação afirmou: "É um pronunciamento sobre um despacho que é do governo regional, num tribunal que é dos Açores, que não é de Lisboa e não respeita à república portuguesa, portanto não respeita ao nosso sistema".
(...)
O presidente da Associação Sindical de Juízes, Alexandre Batista Coelho, disse à TSF,
(...)
"É inadmissível que um responsável do Governo como é uma ministra da Educação se permita proferir declarações destas levianamente", disse Alexandre Batista Coelho, que pediu a intervenção do Presidente da República neste caso.Para o responsável, "é fundamental que neste caso [Jorge Sampaio] não fique calado" e "venha a público exercer a sua autoridade e pronunciar-se" sobre o episódio "inadmissível", "pondo em causa que os Açores e a república portuguesa são coisas diferentes".
quarta-feira, junho 22, 2005
Melancómico plágio.................... Melantrágica homenagem..........
Só quando comecei a ter problema de gases percebi que envelhecia e que ia ficar igual à minha mãe.
terça-feira, junho 21, 2005
segunda-feira, junho 20, 2005
De Gramática e de Linguagem
"Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta".
Eu gosto das cousas. As cousas sim !...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso.
As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.
Uma pedra. Um armário. Um ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,
Amigo ou adverso...João só será definitivo
Quando esticar a canela. Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. luminoso.
Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...
Mário Quintana
Ninguém põe um limite nesta autonomia?!?
Espera aí!?! Voto dos imigrantes para o parlamento regional??!?? ?!? Como é que se identifica uma criatura dessas??? Como é que sobrevive o Estado Espanhol??? Que pouca vergonha é esta??!?? Ninguém põe um limite nesta autonomia?!?
…Se não conseguir a maioria absoluta poderá formar-se uma coligação entre o Partido Socialista e o Bloco Nacionalista Galego que deverão conquistar mais do que 15 dos 75 assentos parlamentares…
Espera aí!?! Partidos Regionais, há vinte anos, numa autonomia com vinte anos, e ainda por cima nacionalistas??!?? Que pouca vergonha é esta??!?? Ninguém põe um limite nesta autonomia?!?
Não me digam que nas Canárias também é uma pouca vergonha destas?!?
Só Deus sabe quanto me custa escrever isto mas, se calhar, os Açores e a sua Autonomia estariam melhor servidos com um Rei Juan Carlos do que com um Presidente Sampaio.
domingo, junho 19, 2005
Santo Amaro sobre o Mar
"Santamaro: Lugar de onde são naturais os santamarenses. Território de afectos e memórias íntimas, de imagens que o tempo recolhe e transfigura. Os seus limites administrativos e geográficos continuam por estabelecer." ("Corografias",página 9)
Com ilustração de Alberto Péssimo estará por certo à venda nas nossas livrarias. Não hesitem em comprá-lo. Vale a pena.
Na folha de rosto cita-se Nemésio, dizendo: "Pode-se morrer descansado numa ilha/A cova nem por isso é mais curta." Assim é e assim seja. Penso eu.
sábado, junho 18, 2005
Conselhos
I
A Mente. Essencial. Divaga.
Faz-te ao mundo com circunflexos e S´s metidos nas algibeiras para poderes multiplicar os outros e eles parecerem muitos e quando abrires as portas, continuarem a estar muitos (re) flectidos na tua vida, flectidos em vogais circunflexas por isso mais, digamos, isolados no chapéu, mesmo que gráfico da tua memória.
II
O essencial é não perderes de vista a tua sombra, andares como quem chega ao Paço; soletrares com as solas dos sapatos, as tuas razões de chegada, as tuas razões de partida. Se o não fizeres, verás, és ausente e os ausentes não nos servem, nem se servem para nada.
III
O essencial é ser-se triste e não contar a ninguém. Ter-se a alma desfiada numa arquitectura de ramos e deixar que dos bastidores dos sentimentos saiam palavras iludidas na medida isoladora das saudades dos barcos e das gaivotas penduradas nos mastros.
IV
O essencial, às vezes, mente. E diz-se, nas palavras, dos eruditos, essencialmente. Censura. Descobre que unicamente, rigorosamente e plenamente são palavras doridas como pescadores, lavradores e amadores.
Mesmo assim,aprende as palavras dolentes.
V
O essencial é veres o mar e as ilhas todas enfileiradas, medidas por raízes quadradas tuas, como se fossem arquitectadas por ti, na medida exacta dos teus sonhos; essencial é não perderes as palavras as que fogem nos bicos das gaivotas, as que mergulham nas rochas do porto da tua infância, onde em tempos, o essencial era apenas uma bóia para não morrer no mar.
VI
O essencial é seres da Tua Terra. Da tua mãe e do teu pai.Seres dela e deles, como as palavras que te fazem ser dela e deles, explicadas em sentimentos, que, convém, sejam teus, atribuídos aos teus significados, que, não muito distantes, mas por vezes, aceito, longe dos seus significantes, se soletrem como (quase) vazios.
VII
O essencial é nunca deixares de escrever. Mesmo que, muitas vezes, te pareça que as palavras saem marteladas ao custo de menos umas horas de sono e aparentem ser estranhas ao corpo de texto, que te apetecia dizer, como se, enfiadas nos seus dicionários, ou no teu, muito próprio, elas não quisessem sair.
VIII
O essencial, no fundo, é não fazeres como eu, não te repetires muitas vezes, não tomares essa opção redundante de quem, por defeito, mania ou desconhecimento, se resguarde nos vocábulos, se prenda nas analepses, se perca na metaforização, na comparação desmedida, na queda personificada dos Ases e dos Bês, determinantemente afectivos, estilhaçados no corpo, como sinais.
IX
Aceita-te como essencial à construção da tua memória.
X
Se os outros pararem, não desistas.
Pessoalmente resvalas,divagas, mas não morres.
Respira.
Do fundo.
(* bom fim de semana)
sexta-feira, junho 17, 2005
Há-de haver história sem história... Parte II, porque nunca é pedir demais.
Este post obriga a uma leitura do meu post Há-de haver história sem história... e aos comentários de Dionísio de Sousa ao mesmo.
Em relação às afirmações de Dionísio de Sousa, feitas em comentário, um poderia escrever páginas, mas o blog não é o sítio próprio para compêndios (para qual nem é certo se para tal teria capacidade) e como o próprio diz, vemo-nos obrigados a resumos e metáforas.
Tenho no entanto de escrever que agradeço a amabilidade da resposta.
Em relação aos excertos apresentados, sou no entanto obrigado a escrever que, não reconheço em Saes Furtado nem méritos de grande historiador, nem mérito de testemunha viva do 6 de Junho (dois méritos que não se aplicam a mim próprio). O seu excerto parece-me pobre e apenas representativo das memórias de um homem demitido por vontade de outros e, das duas uma, ou enganado por milhares de pessoas, ou enganado com milhares de pessoas.
Em relação ao texto de Mário Mesquita, aceito-o, num contexto que em nada tem a ver com a relação histórica entre o 6 de Junho e a Autonomia, como um texto obviamente superior, compreendo essa crónica feita em 87, interrogo-me porque terá Dionísio de Sousa escolhido um excerto com uma referência a uma opinião, politicamente incorrecta, escrita pelo deputado Lacerda, penso que, no primeiro quartel do séc. XX.
O que mais me desilude, nem é a escolha de um excerto de Saes Furtado, mas o facto de os dois excertos, especialmente o segundo, no seu todo, e na minha opinião, em nada validarem o seu escrito sobre a não relação histórica do 6 de Junho e a Autonomia.
O que eu penso é que gostaria que se deduzisse do primeiro texto que o 6 de Junho foi uma manifestação em que uma multidão e um general foram manipulados por um pequeno grupo de independentistas que tinham tudo planeado ao minuto pois se assim não fosse e se a multidão descontrolada tivesse gritado uns minutos antes a palavra independência, o general não se teria demitido pois não teria gostado e não poderia ouvir tal coisa. Do segundo texto, que se deduzisse que qualquer projecto independentista é interpretado pelos cérebros esclarecidos e viajados pela Europa como um processo que resultaria, por desejo ou incapacidade, numa anexação ao Estados Unidos, projecto esse que só conquista, e só em tempos de crise, os pobres coitados que, nunca tendo viajado pela Europa, olham “comme une brute” para as terras do “uncle Sam”.
Para concluir, mesmo que o 6 de Junho tivesse sido uma manifestação em que uma multidão “des brutes” e um general demitido foram manipulados por um pequeno grupo de independentistas, penso que não será muito difícil usar da sua capacidade de raciocínio e fazer o caminho, neste caso não muito longo, entre a causa e o efeito, o princípio e as consequências, e deduzir que essa enganosa, ou enganada, multidão criou plataforma e deu força a qualquer reivindicação feita em seu nome e que a utilização dessa força e dessas reivindicações resultou numa autonomia imposta por um estado ainda repleto de tiques colonizadores. E, se não lhe parar o coração, entretenha a ideia que, sim, esta autonomia é resultado de um grito de independência.
Em PDL nem tudo o que luz é oiro
Os abaixo-assinados têm-se sucedido, mas sem resultado. (...) Apesar do abaixo-assinado, a PSP ainda não deu uma resposta concreta à situação. Do mesmo modo, ainda não obtiveram uma resposta satisfatória da Câmara em relação ao estacionamento.(...)"
Fonte: Diário dos Açores
quinta-feira, junho 16, 2005
quarta-feira, junho 15, 2005
Pelo olho do cu
A curiosos e a sentidos comunas foi perguntando a razão da presença, ali, de cada um. Desde discursos políticos inflamados até ao típico - Não tenho palavras para descrever... - todos tentaram honrar aquele corpo que, supostamente e segundo os princípios, nunca carregou alma. Para meu grande espanto uma das criaturas, um homem de boina preta, de meia idade, meia altura, bigode e barriguinha cheia, vira-se para a câmara e responde com ar sério e solene:
- Acho que não é necessário explicar-lhe porque estou aqui. Mas já agora aproveitava para dizer ao Alberto João Jardim que ele foi parido pelo olho do cu da mãe dele...
O jornalista, com os olhos de quem fecha para balanço, afastou o microfone com a rapidez possível e disse algo que não consegui ouvir por debaixo das minhas sonoras gargalhadas.
Hoje, sempre que na televisão vi imagens do funeral de Álvaro Cunhal não consegui deixar de rir e de admirar as capacidades anatómicas da mãe de Alberto João.
Pedra Filosofal
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam
como estas árvores que gritam
em bebedeiras de azul
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo
que fuça através de tudo
no perpétuo movimento
Eles não sabem que o sonho
é tela é cor é pincel
base, fuste ou capitel
arco em ogiva, vitral
Pináculo de catedral
contraponto, sinfonia
máscara grega, magia
que é retorta de alquimista
mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos Infante
caravela quinhentista
que é cabo da Boa-Esperança
Ouro, canela, marfim
florete de espadachim
bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim
passarola voadora
pára-raios, locomotiva
barco de proa festiva
alto-forno, geradora
cisão do átomo, radar
ultra-som, televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar
Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
e que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança
António Gedeão
terça-feira, junho 14, 2005
Sr. Bonaparte!?! (excerto de um conto)
- Sr. Bonaparte!?!
Esperou. Já sabia, à partida, hoje, ia ter um dia difícil. O Sr. Bonaparte detestava ser acordado subitamente. Ficava ruim o resto do dia. Não, não ficava ruim, ficava mais que ruim, porque ruim ele era sempre, todos os dias.
Tocou-lhe no braço e movimentou-lhe as pelancas ligeiramente. Repetiu, agora um bocadinho mais alto.
- Sr. Bonaparte!?!
- Sr. Bonaparte!?!
- Aham! Aham! - Gritou ele de repente como quem ressuscita. Tinha aquela idade em que o acordar é um momento sempre acompanhado da incerteza de se poder estar a acordar para mais um dia ou para a eternidade. Tentou levantar-se mas não conseguiu mais do que elevar-se pelos cotovelos. Acordava sempre mumificado num pijama que o seu corpo já não preenchia havia anos, com os seus ossos presos dos pés à cabeça, tinha saudades do tempo que dormia nu, sem frio. Deixou-se cair, de novo, na cabeceira e estendeu o braço direito e tacteou. Sabia que se os seus dedos encontrassem um par de óculos estaria a acordar para mais um dia. Os óculos lá estavam, estava vivo. Pôs os óculos e confirmou, estava no seu quarto.
- Sr. Bonaparte!
Assustou-se. Estava ali alguém, mesmo a seu lado, uma mulher. Apavorou-se. Tinha uma mulher na cama, em que é que se tinha metido, não se lembrava de ter metido uma mulher na cama.
- Bom dia Sr. Bonaparte! É a Glória!
Glória, Glória, quem era a Glória. Detestava este estado de alma, sentia-se completamente desnorteado mas sentia que tudo tinha a sua lógica.
- Tem aqui um telefonema! - estendeu-lhe o telefone portátil. - É o seu neto!
Estúpido. A Glória é a rapariga cá de casa, a empregada. Neto, tenho um neto, claro que tenho um neto.
Pegou no telefone, virou-se para a Glória e vociferou - Porque é que não bateu à porta.
- Eu bati Sr. Bonaparte. Fartei-me de bater.
- Se o telefone tivesse tocado eu teria ouvido.
Ela não lhe respondeu, sabia que não valia a pena, aliás, dar-lhe troco só iria pior o seu dia.
- Está! Está sim! ... Mas? Está? Quem?
Percebeu que a Glória gesticulava, olhou para ela com ar de nojo reparou que ela, insistentemente, apontava para uma orelha e depois para a mesinha de cabeceira. Está completamente maluquinha, pensou. Só me faltava esta, uma criada louca. De repente percebeu, ela apontava para o seu aparelho de audição. Ficou louco de raiva. Apontando com o dedo a porta do seu quarto, expulsou-a. Depois de ela sair esticou-se, sentiu dor, torceu a cara, agarrou no maldito aparelho e enfiou no ouvido. Respirou fundo, para acalmar a raiva e aproximou o telefone.
- Avô! Avô! É o César.
- Então! Não estás a ouvir?
- Estou avô. E o avô está a ouvir?
- Claro! Esta Glória é que é insuportável. Então o que é que se passa.
- Deixe lá a Glória avô. Avô, hoje de madrugada morreu a tia Augusta.
- Quem?
- A tia Augusta, avô.
- Ai sim?!? Já não era sem tempo, aquela velha rabugenta.
Augusta era uma das duas cunhadas que ainda o acompanhavam em vida. Os seus dois irmãos tinham morrido já passara mais de uma década.
- Coitadinha, avô, isso não se diz!
- Coitada uma ova!
segunda-feira, junho 13, 2005
As Mãos e os Frutos
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
Eugénio de Andrade
Ardemares
Benvindo sejas, Tozé.
Démodé !?!?!
" Região da Catalunha vai ser definida como nação
Todas as formações políticas da Catalunha, à excepção do Partido Popular (conservador), chegaram ontem a acordo para que o futuro Estatuto de Autonomia defina a região como uma nação.
(...)
O Estatuto, que completou 25 anos em Outubro passado, é um quadro legal que dota a região catalã de ampla autonomia governativa."
Meu Deus, e aqui, mais uma vez, não me refiro ao Pedro, será possível a existência de um nacionalismo democrático, políticamente abrangente. Meu Deus, e aqui refiro-me ao Pedro, será o fim da globalização que começa com o sotaque catalã desta jovem autonomia, será que, excepto no partido popular, não existem na Catalunha cidadãos do mundo. Mon Dieux de la France, e aqui refiro-me a Bush, será que a Catalunha vai dizer non à L´Europe e juntar-se aos E.U.A., será que conseguem sobreviver sem a base das Lages e sem Portugal. Meu Deus, e aqui não existe, será que o presidente Sampaio se esqueceu de lhes dizer que a autonomia deles já tinha atingido o limite.
E acrescento a esta comédia um excerto do blog Letras com Garfos de 30/01/05
(...) "esteve em Lisboa Josep Carod-Rovira, o líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC). O senhor Rovira veio a Portugal falar-nos da Ibéria. Nem mais nem menos. Como o mesmo Rovira declarou ao semanário "Expresso", também na passada semana: "Devemos passar de uma concepção unipolar do Estado para uma outra multipolar, que passe por Lisboa, Barcelona, Bilbau, certamente por Sevilha, e juntos poderemos acabar de alguma forma esta península que nunca foi concluída." E assim de uma assentada, Lisboa, capital de um Estado independente, foi colocada, pelo senhor Rovira, ao nível das capitais das regiões e comunidades espanholas.
(...)
O senhor Rovira veio a Portugal a convite da Fundação Mário Soares, que, como se sabe, foi Presidente da República deste país que Rovira trata como uma região da Ibéria."
Realmente alguém tem que por um limite nestas autonomias.
Há-de haver história sem história...
1: Há-de haver gente que consegue perceber perfeitamente o fim da Monarquia em Portugal sem a menor referência ao assassinato de D. Carlos. Há-de haver até gente que consegue perceber o fim da guerra colonial sem a menor referência ao 25 de Abril. Há-de haver gente que consegue perceber a Autonomia Regional, o seu percurso histórico e a sua evolução, sem 6 de Junho, sem 25 de Abril, sem meio século de ditadura, sem proclamação da Republica, sem a autonomia de 1895, sem a época da laranja, sem os descobrimentos, sem os Açores, enfim, há-de de haver gente que, como os "canibais", prefere devorar a história e parir mitos pessoais.
2: Percebe-se, perfeitamente, que o percurso de Dionísio de Sousa é diferente do percurso da história da autonomia regional, e que ele se deixou confundir ligeiramente. É que às vezes quando se entra num comboio, numa estação qualquer, a meio do caminho, é possível que esse comboio venha de longe, de muito longe, e que não se consiga, ou não se escolha, imaginar as outras paragens, nem mesmo imaginar que, no banco aonde se escolhe sentar é possível que outros já se tenham sentado e feito outra parte da viagem.
5- Honra a teu pai e mãe...
Decidi abandonar a casa de onde nasci para a blogosfera. Não quero fazê-lo, no entanto, sem honrar a "pai e mãe", e na blogosfera fui filho, adoptado, da família do :ilhas.
Não imaginavam que abrindo as portas da sua casa a este quase patrício, iriam abrir as portas através das quais eu iria redescobrir o prazer de escrever, e de escrever na língua portuguesa, que é, também, Mãe do que em mim ainda é português. Por isso, obrigado.
Só Deus, e aqui não me refiro ao Pedro, sabe porque tiveram a gentileza de convidar este quase desconhecido. Terão tido boas razões, presumo. Para mim souberam-me bem e a boas, senti-me honrado e galvanizado.
A minha saída não tem nenhuma razão dramática escondida, nem nenhum tabu cavaquiano a sustentá-la. Tem mais a ver com o facto que, ao passar, como sempre, por aquela porta que sempre esteve aberta, decidi atravessá-la e passar para o lado dos que não pertencem a essa casa.
O que aconteceu a seguir, aconteceu a seguir, e não antes, nem durante. E é assim que, por sugestão do João Nuno e por convite da Mariana, entrei por esta nova porta adentro, que, como a outra, encontrei aberta.
domingo, junho 12, 2005
Contributo
Fora da ilha ou da região, continua a vê-la e a senti-la: A nortada encheu de ilhas o horizonte / olhando bem nenhuma è verdadeira / mas cada uma em mim tem porto e monte / que eu sou homem que vê de outra maneira.
Daí e num dos momentos altos do seu percurso, ao receber o Prémio Montaigne, atribuído pelo contributo para o património cultural da Europa e a defesa da universalidade da literatura, quando procedia ao balanço da sua vida e obra, afirmar categoriamente: Sou ao mesmo tempo e, acima de tudo, português açoriano europeu, americano brasileiro e, por tudo isto, românico hispânico e ocidental e gostava de ser homem de todo o mundo.
Decorrido menos de um século após o povoamento das ilhas, há açorianos a frequentar cursos de Leis, Medicina e Teologia em Coimbra, Évora e Salamanca. Está provado que Rui Gonçalves, natural de São Miguel, foi para Coimbra e, em 1539, ascendeu à cátedra. No século XVI, no itinerário da Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, deparamos o açoriano Diogo Pereira, filho de Ana Pereira, cujo pai, o flamengo Guilherme Van der Hagen, está na origem de gerações sucessivas de várias ilhas e que tomaram o nome Silveira. Mas não foi só Fernão Mendes Pinto que falou desse longínquo cidadão dos Açores errando pelo Oriente. Também o identificou e referiu Diogo do Couto, nas Décadas.
Vitorino Nemésio, ele próprio, no seu modo de ser e de agir e através da componente da sua obra literária, constitui o exemplo do homem universal, do açoriano no mundo sempre disposto a participar no encontro de civilizações e de culturas."
"Açoriano Universal", António Valdemar
Mais aqui
As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
sexta-feira, junho 10, 2005
quinta-feira, junho 09, 2005
Até Já, Camarada!...
Estatuto Editorial
(...)
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando
(...)
Álvaro de Campos, 15-1-1928
# posted by Andre Bradford @ 5:23:44 PM
Assim começava o blog Sala de Fumo em Outubro de 2004. André B., o homem "com um rio na algibeira!", Benfiquista ferrenho,fechou a Sala de Fumo. Tenho pena. Muita pena. Fica a homenagem com a fotografia do Fumador, roubada do blog! Até à próxima.
quarta-feira, junho 08, 2005
Par(a) (ti)da
(Mariana.)
terça-feira, junho 07, 2005
Rimas Perfeitas
Não sei que dizer das bonecas vestidas de vermelho e azul e branco e amarelo e com os cabelos cortados, à Barbie, penduradas na casa de madeira, construída a propósito de uns anos quando, em casa, ainda havia alguém que usava fraldas e dormia de tarde, para não ficar cansada.
Já me faltam palavras que mais me bastem; que me cheguem para explicar o que é isto de ter a memória revoltada dentro da cabeça e andar por aí a fingir que não vejo o que vejo todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos. Vejo. Eu, descendo a Avenida, de mão dada com ele, de lancheira cor de laranja debaixo do braço e, lá dentro uma maçã, talvez, ou uma laranja para comer à tarde, no intervalo, do trabalhinho que, alegremente, desempenhava,por brincadeira, atendendo simpáticos fregueses na papelaria Académica, de onde, todos os anos lectivos, da 1ª à 4ª classe, me chegava simpáticas e giras mochilas, lindos cadernos e canetas de nunca gastar, para eu escrever as minhas rimas, os meus poemas, embaraçados, numa linguagem só minha. Nessa altura Terra era palavra que eu não usava muito ( a não ser para fazer sopa!), mas lembro-me, como se fosse hoje, que avô rimava com Pierrot. e que essa era uma das minhas rimas perfeitas...
segunda-feira, junho 06, 2005
Os três mal-amados
O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.
O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.
O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.
Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.
O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.
O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.
O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.
O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.
O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
João Cabral de Melo Neto
( postado por mim no Ardemar a 17 de Abril de 2004.)
domingo, junho 05, 2005
sábado, junho 04, 2005
IF
Are losing theirs and blaming it on you;
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too:
If you can wait and not be tired by waiting,
Or, being lied about, don't deal in lies,
Or being hated don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;
If you can dream - and not make dreams your master;
If you can think - and not make thoughts your aim,
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same:.
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build'em up with worn-out tools;
If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings,
And never breathe a word about your loss:
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"
If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with Kings - nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you,
If all men count with you, but none too much:
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And - which is more - you'll be a Man, my son!
Rudyard Kipling
sexta-feira, junho 03, 2005
quinta-feira, junho 02, 2005
Nenhum homem é uma ilha
é uma peça do continente, uma parte do todo;
se uma nuvem é levada pelo mar, a Europa
é menos, tal como se fosse um promontório, tal
como se fosse algum amigo teu ou
familiar teu; a morte de qualquer homem diminue-me,
porque eu estou envolvido na humanidade.
por isso nunca faças por saber por quem
o sino toca; toca por ti."
Tradução "instantânea" do Pedro
De no man is an Island de John Donne
Uma estória à Quinta Feira - Os Peixes
Não pescava nada dessas coisas do mar e sobre isso, como se fosse muito entendido, mandava postas de pescada.
Era um tipo pequeno, com óculos de aros azuis marinho, que usava sandálias de plástico (da marca Colibri) e camisas polo amarelas, verdes e vermelhas, -“como a bandeira”, dizia orgulhoso. Lia tudo o que fosse teoria das coisas da vida, porque “é preciso estar preparado para ela”, dizia, convicto. “Folhetos, boletins, panfletos, pesco tudo!”, afirmava.
Aos Domingos, vestia o fato treino brilhante e corria descontraído pela rua, entre os carros e as pessoas, que o sabiam, importante. “Sou o maior. Esforçado”, relatava, com pouco sucesso, aos Domingos à tarde no café, enquanto os presentes, assistiam ao jogo de futebol.
Era um tipo são. Nunca viu o mar mas comia peixe. Julgava que o peixe nascia da terra, como as batatas. E, no mar, no fundo do mar, só havia lugar para as estrelas. “É para lá que elas vão… – dizia, acrescentando, um dia, eu também vou. No fundo, eu sou de lá. Quais peixes, qual carapuça! Eu é que sou um grande Peixão”
No man is an Island
is a piece of the continent, a part of the main;
if a clowd be washed away by the sea, Europe
is the less, as well as if a promontory were, as
well as any manner of thy friends or of thine
own were; any man's death diminishes me,
because I am involved in mankind.
And therefore never send to know for whom
the bell tolls; it tolls for thee.
Old English Version
No man is an Island, intire of itselfe; every man
is a peece of the Continent, a part of the maine;
if a Clowd bee washed away by the Sea, Europe
is the less, as well as if a Promontorie were, as
well as if a Manor of thy friends or of thine
owne were; any mans death diminishes me,
because I am involved in Mankinde;
And therefore never send to know for whom
the bell tolls; It tolls for thee.
MEDITATION XVII
Devotions upon Emergent Occasions
John Donne
quarta-feira, junho 01, 2005
Dia Mundial da Criança
Ficar feliz?
É por uma bola
No seu nariz.
Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.
Quer ver a foca
Comprar uma briga?
É espetar ela
Na barriga!
Lá vai a foca
Toda arrumada
Dançar no circo
Pra garotada.
Lá vai a foca
Subindo a escada
Depois descendo
Desengonçada.
Quanto trabalha
A coitadinha
Pra garantir
Sua sardinha.
A Foca, Vinicius de Moraes