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Ser Benfiquista
"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando as vidas dos insectos..." Mário Quintana
Atenção à expressão, "partidos de Madrid no País Basco".
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Repararam na expressão, "partidos de Madrid no País Basco".
Instada ontem pela SIC Notícias a comentar as decisões do Tribunal Administrativo de Ponta Delgada e de Lisboa - que, respectivamente, deram razão aos professores e à tutela quanto à convocação de docentes para os serviços mínimos -, a ministra da Educação afirmou: "É um pronunciamento sobre um despacho que é do governo regional, num tribunal que é dos Açores, que não é de Lisboa e não respeita à república portuguesa, portanto não respeita ao nosso sistema".
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O presidente da Associação Sindical de Juízes, Alexandre Batista Coelho, disse à TSF,
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"É inadmissível que um responsável do Governo como é uma ministra da Educação se permita proferir declarações destas levianamente", disse Alexandre Batista Coelho, que pediu a intervenção do Presidente da República neste caso.Para o responsável, "é fundamental que neste caso [Jorge Sampaio] não fique calado" e "venha a público exercer a sua autoridade e pronunciar-se" sobre o episódio "inadmissível", "pondo em causa que os Açores e a república portuguesa são coisas diferentes".
Este post obriga a uma leitura do meu post Há-de haver história sem história... e aos comentários de Dionísio de Sousa ao mesmo.
Em relação às afirmações de Dionísio de Sousa, feitas em comentário, um poderia escrever páginas, mas o blog não é o sítio próprio para compêndios (para qual nem é certo se para tal teria capacidade) e como o próprio diz, vemo-nos obrigados a resumos e metáforas.
Tenho no entanto de escrever que agradeço a amabilidade da resposta.
Em relação aos excertos apresentados, sou no entanto obrigado a escrever que, não reconheço em Saes Furtado nem méritos de grande historiador, nem mérito de testemunha viva do 6 de Junho (dois méritos que não se aplicam a mim próprio). O seu excerto parece-me pobre e apenas representativo das memórias de um homem demitido por vontade de outros e, das duas uma, ou enganado por milhares de pessoas, ou enganado com milhares de pessoas.
Em relação ao texto de Mário Mesquita, aceito-o, num contexto que em nada tem a ver com a relação histórica entre o 6 de Junho e a Autonomia, como um texto obviamente superior, compreendo essa crónica feita em 87, interrogo-me porque terá Dionísio de Sousa escolhido um excerto com uma referência a uma opinião, politicamente incorrecta, escrita pelo deputado Lacerda, penso que, no primeiro quartel do séc. XX.
O que mais me desilude, nem é a escolha de um excerto de Saes Furtado, mas o facto de os dois excertos, especialmente o segundo, no seu todo, e na minha opinião, em nada validarem o seu escrito sobre a não relação histórica do 6 de Junho e a Autonomia.
O que eu penso é que gostaria que se deduzisse do primeiro texto que o 6 de Junho foi uma manifestação em que uma multidão e um general foram manipulados por um pequeno grupo de independentistas que tinham tudo planeado ao minuto pois se assim não fosse e se a multidão descontrolada tivesse gritado uns minutos antes a palavra independência, o general não se teria demitido pois não teria gostado e não poderia ouvir tal coisa. Do segundo texto, que se deduzisse que qualquer projecto independentista é interpretado pelos cérebros esclarecidos e viajados pela Europa como um processo que resultaria, por desejo ou incapacidade, numa anexação ao Estados Unidos, projecto esse que só conquista, e só em tempos de crise, os pobres coitados que, nunca tendo viajado pela Europa, olham “comme une brute” para as terras do “uncle Sam”.
Para concluir, mesmo que o 6 de Junho tivesse sido uma manifestação em que uma multidão “des brutes” e um general demitido foram manipulados por um pequeno grupo de independentistas, penso que não será muito difícil usar da sua capacidade de raciocínio e fazer o caminho, neste caso não muito longo, entre a causa e o efeito, o princípio e as consequências, e deduzir que essa enganosa, ou enganada, multidão criou plataforma e deu força a qualquer reivindicação feita em seu nome e que a utilização dessa força e dessas reivindicações resultou numa autonomia imposta por um estado ainda repleto de tiques colonizadores. E, se não lhe parar o coração, entretenha a ideia que, sim, esta autonomia é resultado de um grito de independência.