terça-feira, maio 01, 2012

De que tem medo o PSD/Açores?

No início de Março, a presidente do PSD/Açores afirmava que o PSD açoriano pretendia lutar pela maioria absoluta. Dizia, então, que “o objectivo eleitoral do PSD/Açores é ganhar as eleições e formar governo com apoio maioritário.” Passadas umas parcas semanas já admitiu que o “PSD está disponível para constituir governo com coligação ou acordos pós-eleitorais”. O PSD/A parece aquelas equipas que, antes do campeonato, dizem-se preparadas para serem campeões, que a meio da competição já estão a lutar pelos lugares do meio da tabela, e que depois acabam a tentar fugir da descida de divisão... De que tem medo (afinal) o PSD/Açores? À margem dos trabalhos parlamentares do “Plenário Jovem”, o líder do grupo parlamentar do PSD convocou os jornalistas para falar sobre “Desemprego”. No final das contas não falou de nada disso, tendo aproveitado o momento para (mais uma vez) criticar o PS e o candidato do PS. Foi um mau exemplo (péssimo mesmo) que deu aos jovens deputados por um dia, que precisamente naquele momento, na sala do plenário ali ao lado, debatiam como “gente grande” o tema: "Desafios do mercado de trabalho". A presidente do PSD/A já disse que sairá da Câmara Municipal de Ponta Delgada depois das Festas do Divino Espírito Santo. Não disse, mas sairá (?) também depois do I Congresso Local de Solidariedade Social em que a Câmara Municipal de Ponta Delgada é parceira da ARDE na organização; que sairá também depois da Grande Mostra de Cultura Popular de Ponta Delgada, que se realiza no Coliseu Micaelense, com o apoio da ARDE… Não disse, porém, se sairá antes ou depois da RTP/Açores ser reduzida a “janela”? Disse sobre o assunto RTP/A que “vamos aguardar o que é que se vai passar, porque eu também às vezes não sei bem, fala-se muita coisa e eu não sei bem o que é que já está determinado, se é que já está alguma coisa determinada. Vamos aguardar. (…)”. Teria sido uma bela oportunidade para que a candidata do PSD juntasse a sua voz à de Vasco Cordeiro, apelando ao Governo da República para que faça um compasso de espera e atenda à realidade social e cultural dos Açores, assim como à importância que a RTP/Açores tem para a nossa Autonomia. Mas não. Nesta, como em todas as outras matérias, quando toca ao Governo da República, a candidata do PSD/Açores não assume, antes aguarda, espera, hesita, não desafia e promete substituir-se ao próprio Governo da República. A 18 de Abril deste ano a “Google” prestou homenagem com logótipo personalizado ao poeta açoriano Antero de Quental, assinalando os 170 anos do seu nascimento. Antero de Quental suicidou-se em 1891, em Ponta Delgada, deixando o seu nome inscrito na Poesia e Cultura portuguesas. Com o aproximar das Festas do Senhor Santo Cristo lá estão (mais uma vez) as barraquinhas a tapar o banco onde se matou o poeta e a âncora com a palavra “esperança” inscrita. Não era já tempo da Câmara Municipal de Ponta Delgada ter protegido aquele local? Era. Seria (até) um belíssimo projeto para a ARDE executar em parceria com a autarquia de Ponta Delgada. Uma “plaquinha” assinalando o local (bilingue de preferência); umas cordinhas para o proteger, inauguração antes de Julho, com fotografia aos presidentes da ARDE e – claro – da Câmara Municipal… O Governo dos Açores já fez a sua parte: criou o “Roteiro Cultural Antero de Quental”, permitindo assim convidar os locais e visitantes a fazerem parte da história desta cidade, vivendo-a. Um povo sem história (sabemos todos) é um povo sem memória. E Antero de Quental merece maior respeito do poder municipal…