terça-feira, março 31, 2009

BIZANTICES



Partindo do errado princípio de que a história autonómica se reduz a “umas bandeiras e alguns papeis”, o douto ex-presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, Reis Leite, catalogou como “bizantina” a ideia de criação de um museu da Autonomia dos Açores.
Na visão prescrita do também ex-secretário regional da Cultura, enquanto a Autonomia é coisa do presente e do futuro os museus são algo que se referem ao passado.
Os museus não são, não podem ser, na suspeita concepção de Reis Leite, uma escola viva, participante e actuante no conhecimento da nossa história e, no caso concreto, da história da Autonomia dos Açores que, com certeza, vai muito além de bandeiras e papeis.
Para quem se queixa de que ninguém ama o que não conhece, outros argumentos e outras dores se calarão lá no seu íntimo contra a fundação de um museu da Autonomia em Ponta Delgada, a não ser que a vontade de contestar seja tão fútil como as questões teológicas das antigas cortes de Bizâncio.

Müz´ka

segunda-feira, março 30, 2009

Praça dos Direitos da Criança



Há uma Praça dos Direitos da Criança que continua a anunciar que o cinto tem horário de funcionamento das x às x horas, apesar de não ter chaves nas portas; que é para indivíduos até aos 51 anos e que é proibido usar skates (?). Esta de não poder usar skates sempre me impressionou...

domingo, março 29, 2009

Uma Ideia feliz



Por detrás do placard estão as Portas do Mar.
Quem ficará infeliz?!...

sexta-feira, março 27, 2009

PROFISSÃO: COMENTADOR

Recebi por email, o texto que abaixo transcrevo. Não tenho nada contra os comentadores, acho mesmo que "fazem parte", mas também não deixo de achar piada ao texto, que é da autoria de José Niza, e foi, diz-me a Bárbara, publicado no jornal "O Ribatejo". Deixo-o por aqui com os votos de bom fim de semana e "larguras", como se diz na terra do meu pai....

"Uma boa parte dos Portugueses lá vai trabalhando. Outra, são os reformados, desempregados, crianças e estudantes. E os que sobram são Comentadores.
Comentadores de tudo e de coisa nenhuma.
Comentadores que fazem comentários sobre o que os outros comentadores disseram ao comentar os factos comentáveis.
Os comentadores são uma praga daninha, uma horda predadora e selvática, um tsunami que leva tudo à sua frente. Mandam bocas, dão palpites, fazem previsões infalíveis, caluniam, insultam, berram, gritam. Se algum deles algum dia disser que alguma coisa boa aconteceu em Portugal, é imediatamente despedido.
Na sua maioria são de uma ignorância enciclopédica. Preguiçosos e vaidosos. Uns dóceis, outros furibundos. E, os restantes, nem uma coisa nem outra.
Há comentadores de tudo e para tudo. Como no AKI. Há os da televisão. Os da rádio. Os dos jornais. Os dos cafés. Os das filas de autocarros. Os dos restaurantes caros. Os das tabernas. Há os que falam sozinhos no meio da rua. E os dos barbeiros que viraram cabeleireiros de homens. Há os das finanças. Os de futebol. Os das bolsas. Os da política, Ah! os da política! Os dos livros. Os dos assuntos militares. Os dos crimes. Os dos assuntos religiosos. Os das doenças tropicais. Os do tráfico de drogas. Os da moda. Os das vidas dos outros. Os dos casamentos. E os dos divórcios.
Mas há também os das arbitragens. Os dos fora-de-jogo. Os dos penalties. Os dos apitos dourados. E os do Benfica. Os do Porto. Os do Sporting. E os de nem-uma-coisa-nem-outra.
Multiplicam-se como os cogumelos, aos milhares, aos cardumes, aos enxames, às manadas (salvo seja!). E estão em tudo o que é sítio.
Quase todos "falam, falam... mas não dizem nada". Falam do que não sabem. E não sabem do que falam. Dão erros de ortografia, engasgam-se ao microfone, dizem que há obras de "beneficiência". Alguns deles até escrevem livros que se vendem às carradas por causa das capas com umas gajas sexy e que por dentro só têm palavras, palavras, palavras, tudo em segunda mão.
Há os "apocalípticos", tipo Medina Carreira, que já anunciou 87 vezes a derrocada de Portugal e que todos os dias, quando acorda, acha que é mentira.
Mas também há os "cavaquistas", como Marcelo Rebelo de Sousa. E os "anti-cavaquistas", como Marcelo Rebelo de Sousa.
Há os "zangados com a vida", tipo Pulido Valente. E os "carecas" como Medeiros Ferreira.
Há ainda os "vingativos", contra o Governo, como José Manuel Fernandes, o do Público, sempre fiel ao patrão Belmiro.
E há "os homens não se medem aos palmos" tipo António Vitorino. E os 007, tipo Moita Flores. E os 1/2 loucos, como Vicente Jorge Silva.
Seguem-se os "despenteados", como António Barreto e os "trapalhões", género Luís Delgado.
Há ainda os "não deixo falar ninguém", como o inefável Mário Crespo. E os "falinhas mansas" como Lobo Xavier. E os "eu sou o maior", como Ricardo Costa.
E, para atestar, os "agarrem-me senão eu mato-o", estilo Pacheco Pereira.
Se não houvesse comentadores encartados o mundo seria mais ecológico, o buraco do ozono mais pequeno e haveria uma considerável redução de enfartes de miocárdio. Mas, em contrapartida, o desemprego subiria em flecha.

Nunca há bela sem senão. Digo eu.

PS.
– E o leitor: "Mas então, e você! Não é comentador?" Claro que sou. E com muita honra. Mas eu, ao menos, tenho leitores;- as minhas crónicas são lidas pelos meus familiares, por mim próprio e, até, pelo Joaquim Duarte, director deste jornal, não vá eu pisar o risco..."

FALTA DE CHÁ




Leio no Correio dos Açores um sugestivo artigo vindo do blog Cháverde do Guilherme Marinho. No meio da propalada crise e contra a crise, propõe-se o seu autor a incentivar o consumo de produtos açorianos, entre os quais o chá, que não o das cinco que ele bem serve no seu blog.
Eivado do meu açorianismo e habitual consumidor de produtos regionais, concordei em absoluto com a ideia do Guilherme e a meio das compras de ontem no Hiper Modelo, olhei a malquerida lista e ainda lá estava por riscar “um pacote de chá verde”. Caminhei de seguida para a respectiva secção, mirei e voltei a mirar as diversos prateleiras e lá estavam os chás de Espanha, da China, do Brasil, de Lipton, de Maçã, de Canela, de Limão, de Hortelã, de Lúcia Lima, de Cidreira, creio que até havia um de Sono Tranquilo, mas de chá verde, da Gorreana ou do Porto Formoso…Nada.
Cansaço, disse eu para os meus botões, o bendito do “nosso” chá verde deve estar mesmo à frente dos olhos e não o vejo. Minutos depois recorri à ajuda de minha mulher que nestas coisas dá logo pela malhada. Sorte macaca, quatro olhos com óculos a percorrer de novo e de fio a pavio a embrulhada de chás expostos, e de chá verde, do “nosso”…Nicles.
Decidimos então perguntar a umas das funcionárias do Modelo se por obséquio nos poderia indicar o caminho secreto para passar aquele labirinto e chegar ao chá verde dos Açores. A menina, pressurosa, acompanhou-nos com gosto, percorreu e remexeu as várias prateleiras e depois disse delicadamente: chá verde não há!
Valha-nos o “Cháverde” do Guilherme Marinho.

Lula validou mamãe

Afinal, para meu grande desgosto e desilusão, o presidente Lula, que está em época de safra, deu, ao fim de muitos anos de luta da minha parte, razão à minha queridíssima e conservadoríssima mamã. Os de esquerda são todos cegos, corcundas, filhos de prostitutas, coxos de uma perna, ou sofredores de um outro qualquer ressabiamento social,físico ou mental... Os outros são loiros, de olhos azuis e transbordam de orgulho as suas mãezinhas.

Desculpa lá ó Lula, foste mesmo filho de prostituta.

Estória pequenina

arrumou o cão de cera no armário; desatou as asas da borboleta de plástico da varanda da cozinha; desprendeu os braços de esferovite do macaco da estante da sala; tirou os gatos de esponja de cima do sofá; arrumou as cobras de borracha numa gaveta; pôs no lixo as moscas de cartolina e as abelhas de massa; embrulhou os ratos de velcro, as panteras de cetim e as tartarugas de corda. e, por fim, enfiou todos eles num saco preto de lixo mais os coelhos de papel, as formigas de cartão e meia dúzia de galinhas de madeira. Limpa a sala, montou o baloiço. Agarrou num papel e escreveu: Fechado para balanço. Prendeu o papel na porta. Sentou-se no baloiço e tentou cumprir o papel.
Estava tudo arrumado. Só não havia silêncio, porque se esqueceu de meter no saco de lixo preto o relógio de cuco que dava as horas a cantar e assustava os bichos, ele incluído. Desistiu.

"Da Minha Esquina"

O nosso contributo

A “Grande Recessão” económica internacional continua a trazer-nos más notícias. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem que os mercados ainda não tocaram no fundo, nem o farão num futuro próximo. Os Estados Unidos da América, a maior economia do mundo, registou uma contracção de 6,3% nos últimos três meses de 2008, a maior quebra desde 1982, devido ao fraco desempenho dos resultados das empresas, cujos lucros caíram 16,5% entre Outubro e Dezembro, face ao trimestre anterior, a maior descida desde 1953. Mas a noticia mais triste é que o número de norte-americanos que se encontra a receber subsídio de desemprego cresceu para o nível mais alto de sempre desde que há registo.

No nosso país os resultados, de Janeiro a Fevereiro, revelaram que o número de desempregados aumentou em 21385, na Região Autónoma da Madeira, com sensivelmente a mesma população que a nossa Região, o aumento verificado foi de 583 e nos Açores, apenas mais 43. Falo de uma realidade difícil, em que apenas o aumento de um desempregado, para mim é uma má notícia. Não posso, contudo, deixar de salientar, que no contexto actual de recessão económica generalizada, sermos a região do país em que o desemprego menos cresce é algo que me anima e me dá esperança para o futuro.

Foi também com algum contentamento que verifiquei que o Governo dos Açores lançou um conjunto de medidas, no mês de Janeiro, no sentido de sustentar o nível de emprego na nossa Região. As treze medidas, que estão, finalmente, a ser bem divulgadas por todos os empresários e trabalhadores, contemplam reduções e/ou isenções na taxa social única, conforme a idade das pessoas contratadas, se as empresas reduzirem a precariedade dos seus contratados e se forem contratar desempregados. Por outro lado, estas medidas, subsidiam a formação profissional, combatem a sazonalidade do emprego e promovem as acções consultadoria empresarial, no âmbito do programa de Consultadoria Estratégica Empresarial e da Bolsa Regional de Consultores.

Estes programas, em conjugação com outras medidas de dinamização económica do Governo dos Açores, como as novas linhas de crédito às empresas, como o reforço dos sistemas de incentivos, como o aumento do investimento público em 10% e com o fomento do empreendedorismo através da reformulação, (proposta pela JS), do programa Empreende jovem e do Gabinete do Empreendedor, poderão não ser a solução para todos os problemas que vivemos, mas certamente, temos de o reconhecer, que serão um importante contributo.

"À Janela do Mundo"

Empreender já!

As escolas profissionais já não são o parente pobre do sistema de ensino. São hoje uma resposta moderna e multifacetada; constantemente ajustada às reais necessidades do mercado.

A notícia que dá conta de que os Açores foram a primeira Região que, a nível mundial, colocou em concurso, no Campeonato das Profissões, a profissão de Técnico de Higiene e Segurança no Trabalho, tendo sido, por isso, elogiada pela Organização Internacional do Trabalho é, para nós, motivo de orgulho e satisfação! Isso, aliado ao facto de dos catorze jovens açorianos que participaram naquele Campeonato, onze terem trazido medalhas para a Região, é a prova provada de que o ensino profissional está de saúde e recomenda-se neste arquipélago. Embora muitos ainda não o reconheçam, o facto é que muito trabalho tem vindo a ser desenvolvido, nos Açores, para a criação de instrumentos facilitadores do emprego jovem e da qualificação e formação. Outra prova disso mesmo é a notícia avançada pelos jornais de segunda-feira (23 de Março) que davam conta de que os Açores, no mês de Fevereiro, foram a Região do país onde o aumento do desemprego foi menor, quando comparado com a Madeira, que, com a mesma população dos Açores, tem o dobro dos desempregados. Tais notícias devem motivar-nos para continuar a fazer melhor; devem consciencializar-nos para estar cada vez mais bem preparados para receber e integrar os jovens açorianos no mercado de trabalho; levando-nos a implementar linhas de acção estratégicas e consequentes para a Juventude açoriana.

É, também, por isso, que a representação parlamentar da JS na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores vai apresentar uma proposta de alteração ao modelo de funcionamento dos Gabinetes do Empreendedor existentes em várias ilhas. Queremos agilizar o funcionamento destas estruturas, tornando-as mais pró-activas. Esta proposta fundamenta-se na perspectiva de que os oito gabinetes do empreendedor devem ter um papel de procura dos jovens e de gestão de projectos. Para além disso, queremos alterar o programa Empreende Jovem. Para nós, o empreendedorismo deve constituir uma forma de combater os efeitos no arquipélago da crise nacional e internacional, ao mesmo tempo que permite a criação de emprego, sobretudo entre os mais jovens.

Com mais estas medidas, associadas a tantas outras postas em prática pelo PS, no Governo dos Açores, estou certo de que os Jovens Açorianos serão verdadeiros e activos, homens e mulheres de futuro. No que depender de mim, aqui, como noutros espaços, sou, legitimamente, porque eleito, um dos seus defensores.

Parabéns aos jovens açorianos vencedores do Campeonato das Profissões.

quinta-feira, março 26, 2009

"Da Minha Esquina"

Uma Oportunidade...

Muito se tem discutido as razões da crise internacional que vivemos. Discutimos o número de falências, os prejuízos dos bancos e das empresas, o perigo da deflação na economia, as estatísticas da competitividade, os novos projectos de investimento que irão fomentar o crescimento económico. Ou seja, temos analisado, e bem, todos aqueles indicadores e projectos que nos permitem aprofundar o conhecimento da situação económica e social que vivemos.

Mas existe outra dimensão da “Grande Recessão” internacional em que vivemos, que pouco tem sido discutida e que tem de ser obrigatoriamente denunciada. Refiro-me à dimensão social e moral.

Quando uma corporação inteira de Polícia e de Bombeiros, nos EUA, perde irremediavelmente o direito à reforma, porque o estado investiu todo o seu fundo de pensões em activos tóxicos. Quando famílias inteiras, sérias e honestas, que devido ao desemprego da crise, falham 2 prestações da sua casa, pela primeira vez em 30 anos, e são despejadas sem aviso prévio compulsivamente. Quando temos uma nova geração de desempregados, sem habitação, sem dinheiro para porem os seus filhos na escola ou para pagarem despesas de saúde. Quando os bancos emprestam dinheiro para compra de habitação a pessoas desempregadas, sabendo de antemão que elas não podem pagar, para jogar com este empréstimo na bolsa através de paraísos fiscais. Quando temos casas boas, leiloadas a 1 euro, devido à perversão e ganância do sistema capitalista. E quando os gestores destas mesmas instituições, responsáveis por todo este descalabro, recebem ordenados milionários e bónus de milhões de dólares. Alguma coisa vai muito mal no sistema social que criamos no mundo ocidental. Faz-me pensar, que esta crise não tem uma resolução técnica global. Mais investimento, mais nacionalizações, mais compra de activos tóxicos são “aspirinas” para resolver uma “pneumonia”. Temos de mexer, sem margem para dúvida, na componente ética e moral do capitalismo. Temos perceber, que não existe criação de riqueza, a partir do nada. Os Estados têm de definir as regras de funcionamento dos mercados e intervir nos mesmos se for necessário, sem pudor de qualquer espécie. Mais competitividade sim, mas sem nunca mercantilizar os direitos sociais fundamentais dos seus trabalhadores. O fenómeno pior desta Globalização é a procura da competitividade à custa dos sistemas sociais nascidos após a Segunda Guerra Mundial. A oportunidade que esta crise nos trás, é a de poder aproveitar o fenómeno da economia global para generalizar os direitos sociais e criar um conjunto de normas éticas que restabeleçam a confiança num sistema económico, que bem domesticado, foi responsável, em 100 anos, pelo maior desenvolvimento social da história da Humanidade.