sábado, fevereiro 27, 2010

Neve


São Jorge


Faial


Pico

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Brincadeira de Rapazes

Passamos os dias a ouvir acusações encapotadas e insinuações de todo o tipo sobre o actual Primeiro-ministro de Portugal. As supostas informações são veiculadas a conta-gotas, todas as semanas, quase cirurgicamente, como se o propósito fosse, mais do informar, tentar comprometer. Ainda assim, com todo o bombardeamento de informação a que estamos sujeitos e com a gravidade do que está em causa, acho importante, sobretudo, apurarmos os factos comprovados.
Em primeiro lugar convém esclarecer que o processo Face Oculta nada tem a ver com o líder do Governo. Este facto foi comprovado pelos juízes do processo, pelo Procurador-geral da Republica e pelos restantes intervenientes no processo.


O nome de José Sócrates só é mencionado pelo facto de ter conversado algumas vezes com Armando Vara (seu amigo), que estava sendo alvo de escutas. E porque a lei assim o obriga, para se poder validar as escutas das conversas entre ambos, ou seja, para que o diálogo tido possa ser sequer analisado e anexado ao processo e porque estava envolvido um Primeiro-ministro, as gravações tiveram de ser enviadas pelo Procurador-geral da República para o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, (órgão máximo da autoridade judiciária). A resposta de ambas as entidades foi clara e esclarecedora: “após ouvidas todas as gravações enviadas e outras que as sustentam, foi verificado não existir qualquer tipo indício, que o Primeiro-Ministro possa ter cometido um crime”.


Assim sendo, a única base que tenho para poder supor que existe alguma tentativa de manipulação ou tentativa de calar a comunicação social por acção do Partido Socialista é proveniente de notícias da comunicação social, a maior parte destas já desmentidas. Mas para mim, mais grave do que a agenda de um ou outro órgão de comunicação social possa ter, são os novos pressupostos do actual regime onde vivemos. Que afirmam que uma pessoa que tente impedir pela via judicial que informação privada sua seja publicada está a atentar contra a liberdade de imprensa. Que afirmam que violar o segredo de justiça ou deturpar leis para aceder a informação privada para publicar num jornal é aceitável. E que aceitem que uma pessoa que seja inocentada pelos órgãos competentes da magistratura, de acusações feitas por jornais seja declarada perante todos culpada.


Desconcertante é também a falta de coerência e de noção das acusações feitas. Se tudo isto que é dito nos jornais é verdade, ou seja, da existência de uma conspiração generalizada contra o Estado de Direito, porque é que ninguém da oposição política ou dos jornais ainda não pediu a demissão e acusação dos cúmplices, Procurador-geral República, Presidente do Supremo e do já condenado Primeiro-ministro de Portugal?


A sensação com que ficamos é no mínimo de confusão, de que andam todos a brincar à justiça enquanto o país sofre com crise económica e com a degradação das suas instituições.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Sujeito ao Predicado


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Lemos e ouvimos nos meios de comunicação as mais absurdas asneiras escritas/ditas em (tentativas de) português. À força de cumprir o acordo ortográfico e, por isso, fazer “cair” consoantes, alguns “escritores profissionais” (leia-se jornalistas) e outros tantos, “atravessam-se todos”, como se diz na gíria, e pisam, com pés de chumbo, a pobre da língua portuguesa.
Recriam palavras, modos verbais, adaptam e adoptam significados, deixam cair sufixos e prefixos, trocam formas pronominais e criam novas regras.
Dizem que são as eras modernas e que não faz mal nenhum se “haver” passar a significar “a ver” e o contrário também fizer sentido. Vêem-se os erros mais incríveis em qualquer lado; ouvem-se as asneiras mais inacreditáveis em quase todos os suportes… mas não faz mal. O que interessa - como admitem alguns – é que se façam perceber e tudo o mais é só conversa…
De modo que à maior parte (e não há maior parte) este texto não passe de um arrazoado de palavras e questiúnculas, quando afinal o que interessa saber é se B falou com A e disse de C o que T não podia saber, quando K estava em parte incerta e L era apenas um desconhecido…
As redes sociais com todos os seus efeitos positivos de troca de informação e rapidez no acesso ao mundo inteiro, assim como os blogues e os fóruns temáticos são espaço propício para se encontrar os “ases” do português.
Há poetas para todos os gostos, com métricas pavorosas; fazedores de opinião, escrivães (e não escrivões) para toda a ocasião ou feitio.
Escrever não deve ser um acto penalizador, nem tão pouco se deve esperar que qualquer pessoa que entenda preencher uma folha branca, um bloco, uma agenda, um espaço do facebook ou um blogue, saiba todas as regras de gramática. Mas há, tem havido, cada vez mais, erros inadmissíveis, vindos de todas as partes e de todos os campos.
Ora, não se espera que daqui para a frente melhore. Ou que num passo de mágica ou truque qualquer as pessoas deixem de dar erros. Mas não deixa de ser avisado tomar cuidado. Afinal, se nos querem ver adaptados (com p, obviamente) a uma nova forma de escrever a palavra “arquitectura”, era bom que nos “alicerces” desta nossa língua se passasse a ter mais atenção.
Errar é humano, diz o ditado, que muitas vezes vemos escrito como “Herrar é Umano”, em tom jocoso, mas errar sempre, em todas as vezes, e não reconhecer o erro, é uma vergonha.
E diante disso ninguém deve ficar impávido e sereno, como se nada se estivesse a passar, ou como se escrever mau português fosse tão natural como não saber falar uma língua estrangeira.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

We are the world

Postiços


Este é o tempo dos postiços.
Dos bigodes que se colam instantaneamente, dos óculos coloridos e brilhantes.
Será também o tempo dos palhaços se assumirem plenamente e das rainhas darem largas à imaginação nos seus reinados. É Carnaval.
A partir de amanhã, os mais corajosos desfazem os laços, arrumam as cabeleiras, as suíças, os bigodes e as pestanas postiças em naftalina, e saem porta fora…
Haverá sempre os outros, para quem a mudança de época é exactamente igual à troca de elásticos, que penduram nas orelhas, como brincos.
O bom do Carnaval é que quando se vai embora leva consigo os palhaços demasiado enfeitados que nestes dias, de sapatos largos e laços de cores, enchem as nossas ruas, mais do que o que é habitual.
Ora, este como todos os outros tempos, vem e volta, sempre da mesma maneira. É também um tempo de fitas, que, por infelicidade de uns e graça de outros, vão caindo nas cabeças dos que o festejam.
Há por estes dias nas nossas ruas e praças, ratos de todas as espécies, coelhos, tartarugas, bonecas de trapos, polícias e Zorros. Brancas de Neve, bebés em tamanho grande, bolas de futebol falantes.
O Carnaval é um tempo de dar também largas à imaginação. O dia de hoje é marcado em Ponta Delgada, pela antiquíssima e tradicional batalha das limas, que traz à marginal um ritual antigo. Ninguém deve andar a pé, a ver, por ali, se não estiver à partida, disposto a tomar um banho público.
Depois de passar esse tempo, amanhã, depois, caminhando-se lentamente até Março, será tempo de apreciar os saudosistas. As rádios deixarão de tocar a Chiquita Banana, os clubes deixarão os bailes e tudo parecerá ficar igual ao que já fora antes.
Só quem não sabe, como os “ ninguém” de Zeca Afonso, onde “ vão pombas que não voltam” (Pombas Brancas) poderá esperar que os palhaços desçam do palco.
E na plateia, à média luz, entre os demais, haverá sempre um menino a festejar um ritual. Pistola em punho, um riso calmo…
São de água os tiros e ninguém morre…É Carnaval.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

À Janela do Mundo

Com uma Oposição Assim, não vamos Lá

Escrevo esta crónica no intervalo de dois importantes debates. Na Assembleia da República discute-se o Orçamento de Estado para 2010 e no Parlamento Regional debate-se a situação social nos Açores.


Em Lisboa, assisti a um PSD preocupado em atacar raivosamente o Governo, pelo facto deste apresentar um orçamento que será viabilizado por eles mesmos. Assisti a um PSD que critica o endividamento do país e que faz conluio com o CDS/PP, BE e PCP para permitir mais empréstimos para a Madeira. Assisti também a um partido que defende uma Justiça a sério, mas é o primeiro a servir-se de um crime para tirar dividendos políticos contra José Sócrates.


Este é o resultado de uma espécie de líder partidária desesperada e desorientada por não controlar o seu partido e por não ter sucessor de tendência, obrigada a ceder para satisfazer todas as franjas internas do seu partido. Foi assim que cedeu no passado, na Lei de Finanças Regionais, para saciar a fome por dinheiro dos contribuintes de Alberto João Jardim e é assim que cede agora, no debate do orçamento, criticando a custo, apenas para satisfazer a sua máquina partidária ansiosa por vingança e por voltar a controlar a administração pública. Tenho pena que Ferreira Leite, de todas as franjas que tem para satisfazer no seu partido, no âmbito da aprovação da Lei de Finanças Regionais (LFR), não tenha sequer perdido cinco minutos para telefonar à líder do PSD/Açores para lhe informar que lei estava a ser aprovada. Lamentavelmente, a afronta foi tal que, quando questionada pelos jornalistas, Berta Cabral, não tenha tido outro remédio senão reconhecer que não conhecia a LFR que o seu partido tinha aprovado no continente.


Mas nos Açores a oposição parlamentar também não faz melhor. Assistimos a um debate murcho sobre a situação social da região. Tivemos uma oposição fria e até constrangedora em certas alturas. O Bloco de Esquerda acusava o Governo dos Açores por não conseguir corrigir a vergonha da desregulação do sistema financeiro internacional, imagine-se. O PCP acusou o Governo Regional de utilizar o falso argumento de que os Açores tinham tido um comportamento económico semelhante ao resto do mundo. Na sua óptica, não era verdade que o mundo estivesse todo em crise, pois países como a Papua Nova Guiné ou o Suriname tinham tido crescimento económico devido às boas políticas dos seus Governos.


Mas a situação que mais me entristece foi o estado a que chegou o PSD. De cabeça baixa, notoriamente dividido e sem rumo, resumido às provocações de pasquim e à crítica por tudo e por nada, sem nunca apresentar uma única solução para um problema.


É caso para dizer, com uma oposição assim, não vamos lá.


Para mal meu, o PSD actual parece o Sporting. Até tem alguns bons elementos, mas falta-lhe liderança em campo, estratégia de jogo e soluções na altura de rematar à baliza. Agora, parece que o Liedson (Paulo Rangel) social-democrata, que estava refugiado em Bruxelas, vai ter de ser convocado, mas como temos visto, não bastará para resolver o problema.

domingo, fevereiro 07, 2010

Agir Bem



A características da grande recessão internacional que nos afecta, são altamente mortíferas para empresas que já estavam com um processo de afirmação no mercado muito fragilizados. O facto de esta crise ter sido precedida, por um período de 2 anos de taxas de juro muito altas, que penalizaram quem tinha créditos bancários, acompanhados por uma subida vertiginosa das matérias-primas e dos combustíveis a níveis nunca antes verificados, fez com que algumas empresas apanhassem a crise já numa situação débil.

Com a crise económica, veio a travagem brusca do consumo das famílias e a restrição do crédito a níveis praticamente injustificáveis e irresponsáveis da parte dos bancos, que obrigou a que os Estados interviessem rapidamente no sentido de estabilizar e pacificar todos os mercados de modo a evitar uma catástrofe económica e social. Foi assim em praticamente todos os países do mundo, foi assim em Portugal e foi também assim nos Açores.


Numa altura de crise o papel mais difícil, da parte de um Governo é o de decidir que critérios utilizar para intervir nos mercados. Ou seja, por exemplo, se deve ou não nacionalizar-se uma empresa apesar da sua má gestão, porque esta tem valor estratégico para a economia, porque tem muitos trabalhadores ou até, porque não fazê-lo, pode trazer prejuízos muito maiores para a estabilidade dos mercados. Corremos sempre o risco de perturbar a livre concorrência, favorecendo as empresas incumpridoras de impostos e salários face a outras exemplares nesta e noutras matérias. Para não corrermos o risco de “socializarmos o prejuízo dos irresponsáveis”, como muitos dizem, toda e qualquer intervenção no mercado da parte de um Governo deve ser criteriosamente pensada e analisada.

Foi assim que aconteceu com a empresa SINAGA, SA. O Governo dos Açores esteve durante semanas debaixo de uma pressão intensa para intervir na empresa nos moldes definidos pela administração. Fez bem em só tê-lo feito agora. Em 1º lugar não optou por uma intervenção na empresa à pressão, podendo com isto cometer erros. Realizou um estudo pormenorizado do valor da empresa e verificou a sua viabilidade futura, enquadrou-a na sua estratégia de diversificação agrícola e industrial e só interveio pelo valor justo, 800 mil euros, para os contribuintes que pagam os seus impostos. Esta intervenção tem o mérito, de para além de ter salvado 120 postos de trabalho directos e de muitos produtores de matéria-prima, poder significar uma aposta na triplicação da produção de beterraba e da produção de bens transaccionáveis como o açúcar, o álcool e o biodiesel, evitando importações ou até aumentado as nossas exportações.


Este é um bom exemplo de como os interesses de todos: contribuintes e trabalhadores, além da economia açoriana, ganharam mais devido à ponderação e análise criteriosa de quem governa os destinos dos Açores.

Para ler o comunicado sobre esta matéria, do PS/Açores clique aqui

Para ler o comunicado sobre esta matéria, do Governo clique aqui

Coisa mai linda [ 1 ]


Foto daqui

A 5 de Setembro de 2009 era assim:

"A presidente do PSD/Açores, Berta Cabral, desvalorizou ontem a polémica relacionada com as finanças regionais, considerando que o programa eleitoral social-democrata “garante” que não será alterada a actual situação dos Açores.(...)"A União

A 6 de Fevereiro de 2010 foi assim:

"Segundo a líder do PSD/A se os deputados sociais-democratas não fizeram uso da palavra foi porque entenderam que não era necessário (...)" AO

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

DIZ QUE DISSE

Diz o jornalista Mário Crespo que lhe disseram que o Primeiro-ministro e outros membros do governo terão dito palavras pouco abonatórias sobre a sua competência profissional e a sua actuação como jornalista.
A injúria, segundo diz Mário Crespo do que lhe disseram, terá decorrido num almoço entre os governantes. Não se sabe se a fonte foi o cavalheiro da mesa ao lado, a menina da caixa ou o empregado de mesa…Ao certo nem se sabe o que a fonte disse, nem se ela disse, mas se Mário Crespo diz que disse está dito e pronto.
A este diz que disse pretendeu o conhecido jornalista dizer de sua justiça pelo jornal do qual era colaborador, coisa que o respectivo director entendeu não dizer porque não teria confirmação do que teriam dito. Vai daí, Mário Crespo decidiu dizer pela TV do que lhe disseram sobre o que dele teriam dito os comensais do famigerado almoço e o facto é que disse, faltando apenas saber se o que ele disse terão mesmo outros dito e se disseram exactamente como ele diz.
Claro que Mário Crespo nunca disse mal do Primeiro-ministro nem nunca disseram tal coisa a Sócrates, até porque Mário Crespo não diz nem tão pouco almoça.
Digo eu, que a mim ninguém me diz, mas tal como Mário Crespo nada me impede de dizer que disseram, mesmo que não me tenham dito.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Fatos às riscas

Ouvi ontem na RTP, telejornal da manhã, que a agência Lusa tinha começado a usar o acordo ortográfico. Estava então explicado o porquê de, na madrugada de Domingo, ter lido nalguns jornais, notícias que falavam de “adoção” (para mim adoção só pode ser, na pior das hipóteses, uma derivada de adoçante e de adoçar…)
Acompanho este debate há algum tempo. Mantive a esperança de que tal acordo não viesse a ser cumprido. Mas agora que vejo estampado nos jornais estas palavras sem cê e sem pê percebo que já começa a não haver distinção entre apto e acto…
O que, convenhamos em português de Portugal, é no mínimo estranho e poderá mesmo vir a ser inquietante. “Ato” em português de Portugal tem a ver com atilhos e é do verbo atar: a 1ª pessoa do singular no Presente Indicativo ou então sufixo de retrato, por exemplo.
Dizem-me: é uma questão de tempo. Não me parece. Não consigo imaginar-me a escrever “batismo” em vez de baptismo (do latim “baptismus”). Pára e para passam a depender do contexto, porque o acento de “pára” desapareceu. Ora, se a dupla, tripla interpretação da língua portuguesa que diz o provérbio “é traiçoeira” já é complicada; imagine-se agora… Hei-de passa a “ hei de” (mais um bocadinho e fica Heidi ) e pacto passa a “pato”…[O pato foi acordado em Lisboa]. “O que fazia em Lisboa?” ou então “ Foi só o pato? Não havia galinhas?” Pois é.
Fora de brincadeiras (embora o exemplo acima possa ser mais sério do que o que parece). Não sou um computador. Logo não me vou habituar a esta forma de escrever diferente e sem significado, pelo menos, para mim.
Fevereiro para mim é com efe maiúsculo e a acção do dia-a-dia é com dois cês. Dizem-me que não faz mal escrever assim, porque se lê da mesma maneira…É uma forma simples de resolver o problema…
Ainda assim dou por aproveitadas as horas de sono que perdi e as pestanas que queimei, em perfeita agonia, para poder perceber a Teoria X-Barra (de Noam Chomsky) e outras teorias do género; para além dos 5 anos de latim e das duas vezes que fiz a cadeira de Fonética e Fonologia com um professor de origem russa, que não percebia o [sótaque das ilhas] (assim mesmo acentuado no ó) e nos olhava com ar de susto (éramos mais do que um da mesma espécie).
Seja como for parece que de agora em diante o acordo ortográfico vai começar aí a aparecer em vigor por muito lado. Não estou preparada para adoptá-lo (adotá-lo diz o acordo), não sei se o adoptarei (adotarei).
Duvido mesmo que o faça algum dia. Os factos são muito importantes, mas fatos? Fatos são às riscas e compram-se no Alfaiate. Os fados cantam-se e Faro é no Algarve.