terça-feira, fevereiro 23, 2010

Sujeito ao Predicado


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Lemos e ouvimos nos meios de comunicação as mais absurdas asneiras escritas/ditas em (tentativas de) português. À força de cumprir o acordo ortográfico e, por isso, fazer “cair” consoantes, alguns “escritores profissionais” (leia-se jornalistas) e outros tantos, “atravessam-se todos”, como se diz na gíria, e pisam, com pés de chumbo, a pobre da língua portuguesa.
Recriam palavras, modos verbais, adaptam e adoptam significados, deixam cair sufixos e prefixos, trocam formas pronominais e criam novas regras.
Dizem que são as eras modernas e que não faz mal nenhum se “haver” passar a significar “a ver” e o contrário também fizer sentido. Vêem-se os erros mais incríveis em qualquer lado; ouvem-se as asneiras mais inacreditáveis em quase todos os suportes… mas não faz mal. O que interessa - como admitem alguns – é que se façam perceber e tudo o mais é só conversa…
De modo que à maior parte (e não há maior parte) este texto não passe de um arrazoado de palavras e questiúnculas, quando afinal o que interessa saber é se B falou com A e disse de C o que T não podia saber, quando K estava em parte incerta e L era apenas um desconhecido…
As redes sociais com todos os seus efeitos positivos de troca de informação e rapidez no acesso ao mundo inteiro, assim como os blogues e os fóruns temáticos são espaço propício para se encontrar os “ases” do português.
Há poetas para todos os gostos, com métricas pavorosas; fazedores de opinião, escrivães (e não escrivões) para toda a ocasião ou feitio.
Escrever não deve ser um acto penalizador, nem tão pouco se deve esperar que qualquer pessoa que entenda preencher uma folha branca, um bloco, uma agenda, um espaço do facebook ou um blogue, saiba todas as regras de gramática. Mas há, tem havido, cada vez mais, erros inadmissíveis, vindos de todas as partes e de todos os campos.
Ora, não se espera que daqui para a frente melhore. Ou que num passo de mágica ou truque qualquer as pessoas deixem de dar erros. Mas não deixa de ser avisado tomar cuidado. Afinal, se nos querem ver adaptados (com p, obviamente) a uma nova forma de escrever a palavra “arquitectura”, era bom que nos “alicerces” desta nossa língua se passasse a ter mais atenção.
Errar é humano, diz o ditado, que muitas vezes vemos escrito como “Herrar é Umano”, em tom jocoso, mas errar sempre, em todas as vezes, e não reconhecer o erro, é uma vergonha.
E diante disso ninguém deve ficar impávido e sereno, como se nada se estivesse a passar, ou como se escrever mau português fosse tão natural como não saber falar uma língua estrangeira.

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