terça-feira, janeiro 31, 2012

Menos "sound bites" mais trabalho de casa!



Os políticos genéricos são como os especialistas em generalidades, muito dados aos “sound bites”, passando a vida a lançar ideias avulsas, cuja única intenção é iludir o cidadão cansado e farto, afastado dos meios políticos, das tendências de fuga do real de que vive a maior parte deste tipo de políticos.
Porém, os tempos de maiores dificuldades são propícios a isso. Ao invés de facilitar a vida ao já gasto cidadão, os políticos genéricos são pródigos em encontrar soluções fáceis, que se preparam nos copos como os sumos tang, mas que depois acabam por fazer mal à “saúde”.
O político assim ouve nas notícias, por exemplo, que há falta de emprego, que as taxas de desemprego estão a aumentar, entre jovens e menos jovens, que empresas fecham, que famílias sofrem e qual é a primeira coisa que se lembra?
Agenda uma visita, enche uma sala de gente, crianças, jovens ou idosos, tanto faz, desde que tenha gente e lança uma, duas, três medidas para aquecer o coração dos que sofrem.
Há falta de emprego? Então nós vamos apoiar a contratação de jovens com apoios comunitários!
Esquecem-se, porque não sabem ou não querem mesmo saber, que a questão posta assim não passa de uma demagógica visão dos factos, de uma ilusão, de uma generalidade. De uma não solução.
É grave ignorar, por exemplo, que os programas comunitários são estanques e que a utilização que é feita do Fundo Social Europeu, entre nós, é a Formação Profissional de Jovens, de desempregados e de fomento de Estágios, ou seja, a preparação dos jovens para o mundo do trabalho.
É grave não saber que o apoio às empresas encontra-se limitado por uma regra comunitária – chamada “regra de minimis”, segundo a qual o somatório dos apoios públicos (comunitários e não comunitários) está muito limitado.
E sendo grave é necessário que o comum dos cidadãos saiba que esse fantasma de dar dinheiro para criar postos de trabalho já é muito antigo, mas nunca acabou bem, que em nenhum sítio da Europa, sabe-se, (inclusivamente nos Açores) com nenhum Governo (inclusive do PS) nenhum desses programas, por mais exigente que fosse (como foi o ESTABILIZAR) permitiu aumentar o nível de emprego nas empresas.
Normalmente os programas de apoio à contratação financiaram empresas que acabaram por não criar postos de trabalho ou que só o criaram durante o tempo do apoio.
Programas como o PROFORME (dos Governos do PSD) e o ESTABILIZAR (dos Governos do PS) apresentaram incumprimentos de mais de 70%.
Por outro lado, programas de preparação dos jovens para a vida activa tiveram na formação inicial e nos programas ESTAGIAR integrações superiores a 60%.
É pois errada a política genérica de querer diminuir os que têm sucesso para implementar os que não tem sucesso. A menos que querendo fazê-lo se pretenda prescindir de qualificar jovens e desempregados para fazer um programa de apoio à contratação que não tem resultados face ao dinheiro gasto.
O momento exige forte cautela na criação de medidas ou de estruturas que possam atrair mais problemas para os quais podemos não ter respostas.
E o pior que pode acontecer a esta Região é deixar-se cair nas mãos dos políticos genéricos que ou por mimetismo em relação ao nacional ou pela “necessidade eufórica” de aparecer a propor tudo e mais alguma coisa, nos coloquem em situações de efeito perfeitamente contrário.
A vida é real. Não é um sound bite. E as pessoas estão cansadas deste tipo de “tiradas”.

domingo, janeiro 22, 2012

Quem não sabe copia



O debate sobre o preço das tarifas aéreas tem estado presente nos Açores. Frequentemente, levantado pelo próprio Governo Regional, que continua à espera, desde Agosto, que o Governo da República se digne a nomear um interlocutor para analisar as obrigações de serviço público, que estabelecem estas tarifas.

Mas é, também, frequente um outro debate sobre este tema, mais partidário, mais interesseiro e, portanto, menos esclarecedor para os açorianos, que ficam com uma visão deturpada da realidade dos factos.

Por isso nada melhor do que os factos para se poder aferir da evolução das tarifas aéreas praticadas pela SATA, deixando bem claro que é o Governo Regional, como facilmente se percebe, o primeiro a querer que os preços das viagens sejam mais baratos. Mas há matérias sobre as quais não tem qualquer intervenção, caso das taxas de combustível, definidas pelo Instituto Nacional de Aviação Civil.

Mas vamos aos factos, com exemplos concretos, para se perceber qual a evolução feita nesta matéria. Uma viagem entre São Miguel e Santa Maria para residentes custa 68 euros. A preços constantes, em 1996, custava 133 euros. Ou seja, houve uma redução de preço de 48,7 por cento.

Outro exemplo bem demonstrativo do caminho percorrido ao nível das tarifas. Um micaelense para ir ao Faial paga, hoje, 124 euros. Também a preços constantes de 1996, teria de pagar 210 euros para a mesma viagem, mais cerca de 41 por cento.

Agora vamos às ligações a Lisboa. Se tivesse sido seguida a mesma política de tarifas em vigor até 1996, um açoriano pagaria hoje 312,83 euros para se deslocar a Lisboa. As reduções introduzidas desde então fizeram que, agora, pague 199 euros. Estamos a falar de menos 113 euros ou de uma diminuição de 36,4 por cento.

Já quanto às taxas, área que o Governo Regional não intervém, os factos são os seguintes: Em 1996, um açoriano pagava 10,98 euros de taxas. Hoje paga cerca de 90 euros, sendo a grande fatia atribuída à taxa de combustível.

Ou seja, em 1996, mesmo com taxas muito mais reduzidas, as tarifas eram altas nos Açores. Agora, mesmo com taxas muito altas, as tarifas são muito mais baixas do que em 1996.

Face a esta constatação custa a crer como é que, quem no passado não tinha qualquer solução para baixar tarifas e que achava uma inevitabilidade histórica e geográfica os Açores estarem fechados ao mundo, agora tem soluções mágicas para esta matéria.

Levou-se meses e meses sem nunca se perceber qual era a solução que apresentariam. Até que, na última semana, fez-se luz. Em Bruxelas, em clima de excursão social-democrata, lá se anunciou que se queria um programa POSEI para os transportes.

Rapidamente se percebeu que, afinal, era um plágio de um memorando das RUP já assinado, em 2010, também pelo Governo Regional do PS.

Passamos, assim, de políticos sem soluções em 1996 para os mesmos políticos “copy & paste” em 2012. A cópia, como é normal, é muito pior do que o original.

´Grandes mentes discutem ideias (…) Mentes pequenas discutem pessoas´



Na semana em que o Governo da República dá a entender que vai necessitar de mais medidas de austeridade para cumprir o seu próprio orçamento, em que nove países da zona euro, entre os quais a França, Áustria e Itália, viram a seu rating baixar, apesar de todas as medidas de contenção da despesa pública, o país diverte-se a discutir e a perseguir a Maçonaria como se esta fosse responsável pelos reais problemas do país.

O Estado português vende uma participação estratégica na empresa monopolista de produção de eletricidade no nosso país e a discussão rapidamente deriva para o facto de quem compra ser chinês ou para os quatro ou cinco “tachos” que Passos Coelho arranjou para membros do seu partido.

Apesar da recente descoberta da China pela parte dos média portuguesa, fazer de Paulo Futre um “visionário” quando se referia à importância do “chinês em Portugal”, chocou-me a forma “provinciana” como toda esta situação foi encarada, sem nunca discutir se era do interesse nacional vender esta participação e sem nunca discutir se os 2,7 mil milhões de euros pagos pela empresa China Three Gorges eram verdadeiramente o preço justo da EDP. Talvez o facto do responsável pela empresa chinesa ter dito publicamente que este “negócio” estava barato para eles, ajude a reforçar a minha opinião de que o Estado vendeu os “anéis” a preço de saldo.

Às vezes a discussão vivida nos média, com grandes responsabilidades pela parte de alguns protagonistas de partidos políticos, parece desprovida de bom senso, focada no assessório, completamente alheada do que se passa nos nossos países vizinhos, na União Europeia e nos Estados Unidos.

Continuamos a afundar a nossa economia, baseados em conceitos de melhoria de um modelo de desenvolvimento neoliberal, de cada um per si, que nos levou a esta situação de “Grande Recessão”. Discutimos incessantemente ideias, infelizmente incontestadas, de como controlar as contas públicas com austeridade, de como pagar a dívida externa do Estado à custa dos seus cidadãos e de como dar confiança aos mercados para que estes nos permitam viver.

Vi apenas alguns políticos e economistas, que foram rápida e fortemente atacados pelo poder instituído e pela “ditadura do conceito”, ousarem dizer que nenhum país na sua história pagou a sua dívida externa e que as dívidas devem ser controladas e geridas a favor do crescimento económico.
Vi apenas alguns políticos e economistas, logo descredibilizados e até gozados pelos média, dizerem que nenhum país, nem a União Europeia no seu conjunto, suporta viver para satisfazer os mercados financeiros, considerando que os mesmos, tendo que existir, devem sim contribuir para a riqueza das nações.

Vi apenas alguns políticos, jornalistas e economistas, a quem foi dado pouco destaque, afirmarem que a austeridade per si, como modelo de contenção das contas públicas e de poupança implica sempre, menos bem-estar das populações e por consequência uma recessão económica, o que obriga, como já percebemos pela experiência do nosso país, a entrarmos num ciclo vicioso de austeridade.

Vi ainda alguns dos nossos mais brilhantes políticos, como Mário Soares, consciente como poucos, da nossa situação, assumirem com frontalidade, que a maior parte da soluções para os nossos problemas, não decorrem da nossa ação direta nas políticas públicas de cada país, mas sim no aprofundamento da União Europeia no sentido de arranjar soluções efetivas e globais para problemas que são globais.

São estas ideias, por muito que as considerem certas ou erradas, que devem estar no centro da discussão e das atenções da sociedade portuguesa. Temos de parar de discutir o detalhe, a politiquice e os fait-divers que não nos levam a lado nenhum. Por mais que não seja, porque todas as ideias incontestadas que tivemos sobre esta matéria, até hoje, têm os resultados devastadores que conhecemos.

Uma nova geração para os Açores

Nos próximos noves meses Vasco Cordeiro e Berta Cabral terão que explicar aos açorianos a validade dos projetos políticos que representam.

Terão de faze-lo num cenário de austeridade praticamente sem paralelo na história da nossa autonomia, onde a situação das famílias e as empresas, bem como a preservação da nossa autonomia estarão, necessariamente, no centro das atenções dos programas eleitorais.

Na passada semana Vasco Cordeiro visitou as ilhas do Corvo e do Pico, onde orgulhosamente traçou o rumo e a base do seu projeto político. Um novo projeto político realista e honesto, que não esconde nem as dificuldades nem os êxitos do governo que faz parte, como também responsavelmente, não promete o que não sabe se poderá cumprir e não esconde o que pretende fazer - quer se tratem de restrições e medidas de poupança, quer de obras, projetos ou outros benefícios.

Gostei desta clareza e transparência, com que se apresenta aos açorianos e das ideias com que se propõe resolver os novos desafios com que nos deparamos.

Gostei, de quando confrontado com a reivindicação da população de ampliação do lar de idosos do Corvo, não ter cedido à tentação de prometer imediatamente uma obra, sem analisar a estrutura demográfica da ilha e sem perceber as solicitações futuras a que esta estrutura estará sujeita.

Gostei de verificar, que quando confrontado, pela população do Pico, da necessidade de um núcleo de recreio náutico numa determinada localidade, ter respondido que há prioridades de que devem ser estabelecidas, nomeadamente o embarque em condições de doentes da Madalena para a cidade da Horta.


Gostei do facto de Vasco Cordeiro ter-se recusado a entrar na pequena política e na crítica à sua adversária, privilegiando, sim, o discurso positivo, de esperança no futuro, de propositura de novas ideias, de procura de novas gerações de pessoas que acrescentem valia ao seu projeto, sem esquecer o saber e a experiencia dos que serviram os Açores nos últimos anos.

Enquanto tudo isto acontecia, a líder do PSD/Açores estava mais preocupada em amenizar as criticas feitas pelo seu líder parlamentar a Alberto João Jardim, fazendo perceber, rapidamente, que o velho PPD do século passado está “vivo” e que continua a preferir proteger um companheiro de partido em detrimento da defesa da sua terra. Caso para dizer que Duarte Freitas esteve muito bem na resposta a Jardim, substituindo mais uma vez Berta Cabral no debate político.

Em Outubro do corrente ano, o vencedor das eleições regionais, não será o recordista das críticas ao seu adversário, nem aquele que mais vezes apregoou o pessimismo da crise. O vencedor será o projeto político que verdadeiramente conseguir coligar-se aos açorianos, no sentido de lhes dar esperança, que os seus problemas e anseios, apesar das dificuldades em que vivemos, têm uma resolução real e concreta.

A ilusão da competência



A gestão da Presidente da Câmara de Ponta Delgada tem uma característica: parece ser o que não é e insiste na ilusão da competência que não existe. Esta não é uma questão de mera interpretação. É sim baseada em factos relativos aos investimentos emblemáticos da autarquia e analisados por entidades idóneas externas.

Falamos, concretamente, em casos que foram anunciados como emblemáticos pelo actual executivo camarário e que, depois, acabaram por ser o que não eram no início ou que custaram muito mais dinheiro do que o inicialmente previsto: Parque Urbano, Parque de Estacionamento da Avenida, Central de Camionagem e Museu de Arte Contemporânea.

Ninguém tem dúvidas que estes foram os quatro investimentos que a Presidente da Câmara de Ponta Delgada fez gala, elegendo-os como as obras de regime dos seus mandatos.

Em relação ao Parque Urbano e ao Parque de Estacionamento da Avenida, o Tribunal de Contas foi claro ao salientar que o “Município de Ponta Delgada assumiu compromissos financeiros no montante de 44 milhões de euros, com incidência nos exercícios de 2009 a 2038”. Ou seja, o parque urbano foi anunciado por 15 milhões, mas acabou por custar 28,8 milhões até 2025. O parque de estacionamento deveria ter custado 8,7 milhões, mas, na verdade, vai custar aos munícipes 15,1 milhões de euros até 2038.


Mas mais do que isso. Em relação ao Parque Urbano, diz o Tribunal de Contas que o “projecto efectivamente implementado não correspondeu ao inicialmente previsto”. Ou seja, desapareceram um pavilhão e umas piscinas e surgiram, no seu lugar, um “driving range” e um “club house” para golfe. A Câmara de Ponta Delgada nunca respondeu porque trocou um pavilhão e umas piscinas que serviriam a muitos, por um “driving range” que serve a muito poucos.

Nada disso é novidade como também não o é a “telenovela” da construção da Central de Camionagem de Ponta Delgada, que mudou de local por várias vezes, até ser abandonada, depois da ideia peregrina de a instalar num dos cruzamentos mais movimentados da cidade na hora de ponta. A mesma “telenovela” parece repetir-se com o Museu de Arte Contemporânea, anunciado para um espaço no prolongamento da Avenida, mas que já passou para o Parque Urbano. Provavelmente, não será esta a última localização.

Na Câmara de Ponta Delgada têm-se as ideias, fazem-se os projectos e, depois, tenta-se colá-los nos espaços vazios. A cidade de Ponta Delgada é, assim, uma espécie de lego da Presidente da Câmara. Se estivesse na governação regional, fazia-se um projecto de um porto e, depois, tentava-se “colá-lo” numa ilha qualquer. Ou então elaborava-se um projecto de uma aerogare e, posteriormente, havia-se de ver para onde serviria.

Mais recentemente, a Presidente da Câmara de Ponta Delgada viu o Tribunal de Contas “chumbar” o concurso público para a exploração dos minibuses e o processo voltou à estaca-zero.

Estes são, assim, alguns exemplos que demonstram, de forma factual, a imagem de competência que a Presidente da Câmara de Ponta Delgada tenta dar da sua gestão. Ou se gastou muito mais dinheiro ou os projectos, pura e simplesmente, alteraram-se ou ficaram adiados por tempo indeterminado.

Nenhum governo faz tudo bem feito ou tudo mal feito, mas é indesmentível que a Presidente da Câmara de Ponta Delgada, nas suas obras emblemáticas, fez muito mal feito.

Quem não consegue decidir onde constrói um museu ou uma central de camionagem acha que consegue governar uma região inteira. A competência vê-se na qualidade das acções realizadas, não nas conferências de imprensa de propaganda.

Será milagre de Natal?



Os tempos que se avizinham vão ser muito difíceis, face à austeridade nacional já anunciada, mas o pessimismo e o negativismo não são a receita para que as coisas melhorem. Pelo contrário, são sempre um factor agravante da situação, por não incutirem, na sociedade, qualquer esperança que, com trabalho e sacrifício, qualquer desafio pode ser ultrapassado.

Quando este negativismo, próprio de quem vê as coisas a preto-e-branco, parte de pessoas com responsabilidade na sociedade podem assumir um efeito de contágio, sendo, assim, parte do problema e não da solução.

Este tem sido o comportamento da Presidente do PSD/Açores desde que tomou posse nesse cargo. São às dezenas as declarações públicas, repetidas até à exaustão, de nuvens negras no horizonte e de um pessimismo sem limites que quase desmoralizam quem as ouve ou lê.

É, no essencial, a estratégia seguida pelo seu companheiro Pedro Passos Coelho. O Primeiro-Ministro nunca tem uma palavra de esperança para com os portugueses, de incentivo para os empresários e de motivação para os desempregados. Acha, pelo contrário, que a solução é a emigração. Longe da vista está o problema resolvido.

Ainda no início deste mês, a Presidente do PSD/Açores achava que a região estava numa “situação calamitosa, de pré-falência”. Um pouco antes, em Outubro, carpia que os Açores viviam a “maior crise que os açorianos já presenciaram” e que o Governo “não cuidou das empresas regionais”. Esta estratégia de medo já tinha sido mesmo ensaiada em 2010, quando afirmava que “nada de novo se podia esperar” do Governo Regional.

Ora, de um dia para outro, a Presidente do PSD/Açores mudou de estratégia, numa tentativa de apagar o negrume das suas palavras. Talvez contaminada pelo espírito natalício, a Presidente do PSD/Açores assume, agora, um discurso mais realista, uma mudança de agulha de um dia para o outro. Será milagre de Natal? Só pode ser, tendo em conta que, quem achava há poucas semanas que os Açores não tinham solução, já considera, agora, que os “Açorianos vão ultrapassar a crise”.

É caso para dizer que a Presidente do PSD/Açores é bem-vinda a esta nova visão de ver os Açores. É bem-vinda à visão que tem o candidato do PS/Açores, Vasco Cordeiro, que sempre soube e afirmou que os Açores constroem-se com realismo e trabalho e, acima de tudo, com as mulheres e homens da sua terra.

Esperamos, agora, que o novo discurso da Presidente do PSD/Açores se prolongue no tempo. Isso, sim, seria um verdadeiro milagre de Natal.

Boas Festas.

O contributo de cada um...



Vivemos, provavelmente, na europa, a maior crise económica e financeira das nossas vidas. Desde 1929 que não assistíamos a uma crise tão grave, em que o desemprego teima em subir, a banca está paralisada e em risco de intervenção estatal, o rendimento das famílias desce sem fim à vista e o sector produtivo e dos serviços atravessa grandes dificuldades de sobrevivência.

Paralelamente, os Estados atravessam uma crise de financiamento sem paralelo e as democracias, fragilizadas, correm o risco de ficar dominadas por um poder tecnocrata que não presta contas a ninguém a não ser ao poder financeiro dominante na União Europeia.

Esta crise económica e financeira - que se pensou inicialmente ser local, mais tarde regional (sul da europa) e agora a nível europeu, correndo, inclusive, o risco de se tornar global -, irá afetar, não tenhamos dúvidas sobre isso, as economias mais sólidas como as economias mais isoladas.

É neste contexto macroeconómico que o Governo dos Açores e a maioria parlamentar do PS que o apoia, após um diálogo aberto com os parceiros sociais e com todas as forças políticas que o quiseram, aprovaram no passado mês de Novembro o Plano Regional de Investimentos e o Orçamento da RAA para o ano de 2012.

Este Plano de Investimentos consubstancia uma forte aposta na promoção da competitividade das nossas empresas, devidamente ponderada face ao contexto de dificuldades estruturais e conjunturais que atravessamos, nomeadamente: a dificuldade de acesso ao crédito, a baixa notoriedade dos produtos açorianos, a dimensão arquipelágica que não permite a geração de economias de escala, as dificuldades nas acessibilidades e o difícil acesso a redes de distribuição, comercialização e promoção.

É este o papel que entendo incumbir aos poderes públicos:

– Disponibilizando um conjunto de instrumentos estratégicos, devidamente reformulados e adequados à oportunidade, como o Sistema de Incentivos para o Desenvolvimento Regional dos Açores e o Sistema de Incentivos- Empreende Jovem (reformulado pelo PS), que permitem e estimulam o aparecimento de novos negócios em áreas da produção de bens transacionáveis de alto valor acrescentado, que possibilitam a modernização e qualificação de empresas e de negócios viáveis já estabelecidos, ao mesmo tempo que, também funcionam como promotores da coesão regional.

– Disponibilizando incentivos aos operadores económicos para colocação e promoção dos seus produtos em mercados de destino, em estreita colaboração com a Agencia para a Promoção de Investimento dos Açores.

- Disponibilizando um conjunto de instrumentos financeiros que melhorem a relação das nossas empresas com o mercado bancário e que moderem a situação de escassez de crédito, introduzindo liquidez na economia, restruturando passivos e permitindo o investimento.

- Ou disponibilizando instrumentos financeiros modernos nos Açores, como um fundo de capital de risco, no âmbito da APIA, para o apoio no seu “Start Up” a pequenas e médias empresas ou no suporte inicial de projetos de investimento com forte cariz inovação.

Mas todos estes exemplos de instrumentos existentes no Plano e Orçamento para 2012, per si, nada fazem. Sem um bom projecto de investimento, os apoios dos sistemas de incentivos rapidamente se esgotam. Sem produtos de qualidade que verdadeiramente se diferenciem face aos concorrentes, de pouco serve a sua promoção externa. Sem instituições bancárias dispostas a conceder crédito pelo mérito e pelo retorno previsível do investimento, de nada serve subsidiar linhas de crédito de apoio às empresas.

Para ganharmos confiança e para melhorarmos a nossa economia todos têm de fazer a parte que lhes cabe e não ficar à espera que a crise passe ou que o Estado os salve.

www.franciscocesar.net

Postscript

Quem, como a líder do PSD, nem consegue desembaraçar-se num mini-concurso para mini-bus, que legitimidade é que tem para criticar mega-concursos como o das Scut ou concursos internacionais especializados destinados ao transporte marítimo?!

Mais que chavões e frases feitas!



Acreditar que no meio desta “Grande Recessão”, uma região periférica e insular, como os Açores, poderia resistir indefinidamente às adversidades do abrandamento do consumo interno, da cessação do crédito bancário às famílias e às empresas e da quebra de confiança na economia, como alguns partidos da oposição querem fazer crer, seria tão absurdo e ridículo como considerar que a solução para estes problemas está exclusivamente ligada à condução de políticas públicas de índole exclusivamente regional.

Basta olhar para economias, até há pouco tempo exemplares, em termos de competitividade e de capacidade industrial, como a Espanha e a Itália, as quais, para se financiarem, em alguns prazos, já pagam juros superiores a Portugal.

Basta pensarmos em países como a França e a Alemanha, os quais, diariamente, vêem os seus indicadores económicos baixarem e o abismo da crise ficar mais perto.

Ao nível do sector turismo, o desafio que nos é proposto, e a que procuramos responder, é igualmente difícil.

Difícil porque estamos a trabalhar num contexto macroeconómico crítico que se vive igualmente nos nossos principais mercados emissores de turistas. Ou seja, podemos procurar continentais portugueses para virem aos Açores mas a crise no Continente dificulta a disponibilidade dessas pessoas; podemos fazer o mesmo com os espanhóis mas a crise na Espanha também é nossa inimiga; podemos fazer isso em muitos outros lugares com a mesma dificuldade.

Seria muito fácil, nesta discussão, fazermos como o maior partido da oposição, e dizermos que a solução para os problemas deste sector é: “trazermos mais turistas para os Açores!”.

Pois claro: até aí todos sabemos…

Nenhum açoriano nos levaria a sério se o trabalho de um partido político como o Partido Socialista se baseasse apenas na identificação do problema e não no apontar, de uma forma concreta e consequente, a forma de resolução deste mesmo problema.

A sustentabilidade do turismo passa por utilizarmos os instrumentos de incentivos disponíveis no Plano de Investimento, em parceria com os agentes do sector, para qualificarmos, diversificarmos e adequarmos a nossa oferta turística, às mais-valias que as nossas especificidades nos proporcionam.

Produtos turísticos como o termalismo, o golfe, o touring, o mergulho, a observação de cetáceos, o geoturismo, o ecoturismo, o pedestrianismo e a oferta qualificada na área domeeting industry, são apenas alguns exemplos daquilo que, conforme o Plano de Marketing Estratégico da Região elenca, podem qualificar a “Marca Açores”.

Mas numa altura em que prevemos que as medidas de austeridade do governo do PSD penalizem fortemente os fluxos turísticos provindos do nosso principal mercado emissor, o trabalho que está a ser feito de acções/eventos, no âmbito promocional, tendo como centro o aumento da notoriedade da “Marca Açores”, junto dos restantes treze mercados emissores que elencamos como prioritários, constitui, uma necessidade para o sector, que deverá ser reforçada.

Mas a nossa ambição de estruturação do sector turístico não pode ficar apenas por aqui!

Temos de evoluir a nossa relação com os operadores turísticos com que trabalhamos e com outros, novos, como também temos melhorar as acessibilidades aéreas e marítimas, tendo como premissa base de objetivo, o aumento do número de dormidas e o aumento do gasto médio por turista.

Estamos a viver uma crise em que todos sofrem. Se há crise no Continente, na Itália, na América, é normal que menos continentais, menos italianos e menos americanos visitem os Açores.

É a sequência lógica das coisas. Mas podíamos ter ficado resignados a esta evidência e dizer, apenas e só, “é a vida”. Mas, não, enfrentamos a actual conjuntura de frente e fomos à procura de novos mercados, de novas forma de promoção e de novas estratégias de captação de mercados.

terça-feira, janeiro 17, 2012

Pastéis da lata do Senhor Ministro

Um homem entrou armado numa pastelaria em Aveiro, dois dias depois, do ministro Santos Pereira ter anunciado, por todos os canais de televisão a ideia de criar um “franchising de pastéis de nata”. Ameaçou os empregados, exigindo 200 pastéis e o dinheiro da caixa.
A história caricata foi noticiada pela Agência Lusa a semana passada e podia ser digna de anedota, anedota dupla, até, se considerarmos a ideia do Senhor Ministro e o espírito empreendedor do ladrão que queria dinheiro para começar o negócio e pastéis para o seu franchising.
A história que foi mesmo notícia real e envolveu polícia e pessoas assustadas passou-se num país cheio de gente que tem sido vítima de reformas estruturais que meia dúzia de iluminados considera urgentes e necessárias, impondo a seu belo prazer os mais variados sacrifícios aos mesmos infelizes portugueses.
No ano em que acordamos ortograficamente transformados, que (finalmente?) firmamos um acordo de mais de duas décadas, significando com isso que vendemos a língua portuguesa ao Brasil, querem agora levar os pastéis de nata para o estrangeiro.
Pois levem. Afinal já somos de facto obrigados a vestir os fatos que não são nossos, inscrevendo o nosso nome de país de navegadores, na aba de um pão de açúcar qualquer.
De modo que a história, essa que transpira, que nos envolve e sacode, desde a península ibérica, atravessando o mar, contra as profecias de Bandarra, não passa hoje de mais nada senão de um ministro regressado a querer vender mais um pouco da gente, antes da gente todos sequer se conhecer (dignamente uns aos outros!) …
O tempo das grandes reformas estruturais que afaga o ego da nata dos políticos do “nosso” Portugal reflecte-se nas contratações para a EDP, no ordenado milionário de Eduardo Catroga, no silêncio (absoluto) de Cavaco Silva, no fracasso pré-anunciado de políticas despesistas.
O tempo agoniza na impunidade de Alberto João Jardim, buraco atrás de buraco, a paciência (a nossa) fervilha da falta dela de cada vez que o ouvimos falar de injustiça para com a Madeira.
Lembrou há dias a líder do PSD/Açores, Dra. Berta Cabral: “ (…) há coisas que ele [Alberto João Jardim] diz que não são para ser levadas a sério.”
(E o que ele fez e o que ele faz?)
O ministro regressado Santos Pereira teve a ideia luminosa: um franchising de pastéis de nata. O ladrão de Aveiro ouviu e cumpriu. Por pena ou má sorte o negócio não chegou a ter início.
Não faz mal. “Portugueses, Portuguesas”, diria Cavaco Silva voltando a intervir em directo se os Açores lhe dessem razão para isso (?): O Fado é património da Humanidade.
Que maravilha. Ouvir Fado, ver sorrir as vacas, comer um pastel de nata, sentado quiçá em Madrid, enquanto Alberto João Jardim no meio do Atlântico diz coisas que (às vezes) não são para ser levadas a sério.
Vamos fazer um franchising de Portugal?