quarta-feira, fevereiro 29, 2012

Prémio: Berta Cabral é a candidata, ok?

"Em termos nacionais, e no respeito pela autonomia regional de que goza o PSD Açores, o partido nacional apoiará a solução de candidatura a apresentar pelos açorianos social-democratas, junto de quem se baterá pelo sucesso eleitoral"
Pedro Passos Coelho na Moção Global de Estratégia a apresentar ao congresso.

müz´ka



And now we rise
And we are everywhere
And now we rise from the ground
And see she flies
And she is everywhere
See she flies all around

müz´ka

terça-feira, fevereiro 28, 2012

E se eles tivessem quebrado o vidro?



Roubada daqui


Nenhuma televisão, rádio ou jornal fez reparo disto, não usaram como argumento para justificar o cancelamento da visita de Cavaco Silva, no passado dia 16 de Fevereiro, a uma escola de Lisboa, este aspecto. Nos últimos dias até a PSP se meteu ao barulho, evocando que teriam aconselhado o Presidente da República a não ir, atropelando a primeira argumentação de um imprevisto de última hora e, assim, embaraçando o Presidente que mais uma vez teve que dizer que não dizia mais nada a propósito.
O perfil do Facebook da “Escola Secundária Artística António Arroio” mostra uma possível razão pela qual Cavaco Silva decidiu cancelar a visita: Uma caixa de vidro transparente com um cravo dentro. Por fora a inscrição: “Quebrar em caso de emergência”.
Cavaco Silva (esperto) teve medo que os jovens tivessem chegado à conclusão que era altura de quebrar o vidro e não foi lá. E se depois aquelas vozes não se calassem mais? E não sorrissem para ele? E não admitissem que ele os mandasse nascer duas vezes para serem mais honestos do que ele? Seria uma afronta. Uma falta de respeito! Um rombo (mais um) no superior interesse nacional. Terá sido então o medo do cheiro do cravo vermelho que impediu Cavaco Silva de ir à escola na manhã de 16 de Fevereiro.
A República a que preside não lhe dá nem lhe pede esse sinal. Senão vejamos: na Assembleia da República, os deputados fizeram contas à água que vão consumir. Nada de água da torneira. Água engarrafada. Mais barato. Resta saber se virá de Espanha a água. (Se for para ir de fora, venham comprá-la aos Açores).
O desemprego alastra pelo país. O Presidente da República anda em demanda de sala em sala num roteiro ao estilo “bicho de cera em casulo”, qual Santo António, dando o sermão, aos peixes.
O Governo da República avança com duas medidas contra o desemprego: o Governo vai criar gestores de carreira para os desempregados; as empresas do Estado vão ser obrigadas a incluir mulheres nos conselhos de administração e fiscalização…
O Presidente da República fala da taxa de desemprego. E diz o quê? “Estou muito surpreendido!” Assunção Cristas anunciou que tem fé e espera que chova. Talvez a Ministra do Ambiente, do Mar, da Agricultura e do Ordenamento do Território esteja necessitada de umas lições de Cavaco Silva sobre o silêncio ou sobre o “sorriso das vacas”, matérias em que o Presidente da República é, aliás, como se sabe, douto conhecedor…
No mais não vale a pena procurar ouvir Cavaco Silva. Já se sabe que tudo que fuja à sua realidade não existe ou causa surpresa ou cancelamento imediato. O rol das suas “quebras de silêncio” é extenso e constrangedor.
Assiste a ele um povo impávido e sereno e um Primeiro-Ministro que observa de bancada ao definhar da figura que é a metáfora de Portugal. Mas e se toda esta história da quebra do vidro da caixa, que tem dentro um cravo na “Escola Secundária Artística António Arroio”, fosse mais do que uma hipótese e os jovens tivessem mesmo quebrado o vidro para entregar o cravo a Cavaco Silva? Seria legítimo? Claro que sim!
Mas Cavaco Silva, diria (aposto): “Um cravo vermelho? Emergência? Não comento!” Ora foi precisamente essa emergência que Cavaco Silva evitou comentar, escudando-se num “imprevisto de última hora”. Há quem diga que passou o dia a fazer contas à vida… aconselhado pelos amigos.

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

A Austeridade e a Economia

Talvez fruto de um clima de pré-campanha eleitoral, tenho assistido com alguma perplexidade às mais variadas e estranhas intervenções sobre a real situação económica da nossa terra.

Para alguns, a situação económica açoriana é catastrófica, estando mesmo à beira da ruptura, fruto das más políticas seguidas pelos Governos regionais socialistas nos últimos 15 anos. A culpa, dizem, é do modelo económico seguido, do excessivo peso do Estado na economia, do falhanço do Governo em políticas sectoriais, como o turismo, a agricultura e os transportes, do descalabro das contas públicas, da falta de transparência nas contas públicas, etc.

Estes Velhos do Restelo afirmam estas alegadas evidências com a mesma desfaçatez de quem se acha no centro do mundo e desdenha, de uma forma provinciana, a situação de pré-colapso da Zona Euro, a pré-falência financeira e democrática da Grécia, a situação de emergência da banca europeia que restringe o crédito e a profunda e agravada recessão que atinge o nosso país.

Se falassem com os nossos empresários, com os trabalhadores e com os desempregados percebiam quais as suas maiores dificuldades e as razões do seu infortúnio.

Percebiam que o problema da nossa economia não está no sector primário, cujo rendimento, no ano de 2011, se manteve estável ou subiu em áreas mais específicas como a agricultura.

Percebiam que, em 2011, o número de turistas estrangeiros subiu 5,4% e que o número de passageiros desembarcados nos aeroportos açorianos aumentou em 15.898 pessoas.

Percebiam que o número de empresas com participação pública, administradores, chefias e funcionários públicos têm vindo a diminuir acima, inclusive, dos objetivos traçados pelo memorando de entendimento com a Troika.

Poderiam perceber e reconhecer, também, que as contas públicas açorianas estão devidamente certificadas pelo Instituto Nacional de Estatística, Eurostat, Banco de Portugal e Comissão Europeia e que, se dúvidas ainda existissem, o PS aprovou e melhorou, no passado ano de 2011, um pacote de melhoria da transparência das contas públicas regionais no Parlamento Regional apresentado pelo PSD.

Da retração brutal do consumo interno que destrói o nosso sector dos serviços e também da indústria, a oposição nada fala. Ainda não ouvi nenhum credenciado economista da nossa praça referir que, numa economia baseada sobretudo no consumo, é impossível, no espaço de um ou dois anos, alterar a sua base económica para uma base exportadora, sem criar o caos social.

As medidas de austeridade, como foram desenhadas pelo Governo do PSD, matam a economia e aumentam o desemprego. As medidas impostas à banca portuguesa, que implicam uma retração do crédito, estrangulam o financiamento das empresas saudáveis, paralisam o seu investimento e baixam a sua competitividade.

A nossa oposição, tão veleira e incisiva nas críticas, mostra grande impreparação na consubstanciação da propositura, chegando ao caricato de sugerir, imagine-se, ao Governo dos Açores dos Açores que “compre” um Banco para alavancar o investimento das empresas açorianas ou então de propor um fundo restruturação empresarial, baseado em fundos comunitários que não estão ainda sequer disponíveis.

Temos de continuar a criar um conjunto de medidas que atenue as medidas de austeridade nacional na economia açoriana, temos melhorar as linhas de crédito de apoio às empresas, para que estas possam investir e criar mais emprego, temos de melhorar os nossos programas de estágios profissionais e adequa-los à conjuntura, temos exigir ao Governo da República e à Troika financiamento à economia privada açoriana e devemos tentar evitar, a tudo o custo, que os efeitos da passagem da diferenciação fiscal com o continente de 30 para 20%, tenha efeitos no IVA afetando ainda mais um sector em grandes dificuldades.

O risco de não se perceber isso é só um: ter uma região sufocada pela austeridade e paralisada pela banca. Esta é a grande questão que vai dominar 2012.

Lutar contra o desemprego “Custe o que Custar”


Na semana passada a Região foi surpreendida pelos números do desemprego fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que revelavam uma taxa de desemprego de 15,1%, no mês de Dezembro de 2011.

Tenho de confessar que, apesar de considerar que o desemprego está a subir nos Açores, os números aferidos na sondagem telefónica do INE que apura estes dados, parecem-me manifestamente exagerados, senão mesmo contraditórios com outros dados de outras instituições.

Parece-me no mínimo estranho que nesta sondagem, o INE afirme, que existem no mês de Dezembro, nos Açores, 18.177 desempregados, quando o Instituto do Emprego e Formação Profissional, nos dados que fornece sobre os inscritos nos centros de emprego, refira apenas 9735 desempregados.

Apesar desta disparidade entre números, de quase 100%, entre estes dois organismos, é normal pensarmos que nem todos os desempregados se inscrevem nos centros de emprego, sendo, por isso, teoricamente possível, apesar da diferença de dados ser abismal, que possamos aceitar como reais estes dados. O que já não é normal, senão mesmo, impossível, é termos mais inscritos nos centros de emprego da Madeira, cerca de 19016 pessoas, do que aqueles apurados pela sondagem do INE, para a mesma Região, cerca de 17307 pessoas. Tal como carece de explicação, o facto de, neste mesmo mês, aumentarem os inscritos nos centros de emprego madeirenses, em cerca de 2,2% e o INE afirmar que o desemprego baixou 1,2 pontos percentuais.

Não quero com este tipo de argumentário fazer parecer que o desemprego não é um problema nos Açores, antes pelo contrário, o seu combate deve ser uma prioridade. Mas parece-me que este último trabalho do INE carece, pelo menos de melhor explicação.

Para percebermos melhor as razões do desemprego nos Açores, basta falarmos com os nossos empresários e ouvirmos o que têm para nos dizer.

Qualquer um nos dirá que já não é possível investir num negócio pois a banca praticamente não empresta.

No sector da construção civil, qualquer empresário nos dirá que as obras privadas estão reduzidas a quase nada, pois o crédito à habitação é praticamente inexistente.

No sector dos serviços, as medidas de austeridade do PSD, de Passos Coelho e Berta Cabral, fizeram baixar o rendimento das famílias para mínimos históricos, baixando o consumo exponencialmente e levando ao colapso de dezenas de pequenas e médias empresas.

No sector do turismo, qualquer agente do sector nos dirá, que o turista do continente “já foi chão que deu uvas”, devido à crise nacional e não fosse a aposta do Governo dos Açores, na diversificação dos nossos mercados emissores, que já significam mais de 50% dos nossos fluxos turísticos, a situação poderia ser insustentável.

Qualquer empresário nos dirá, que mesmo empresas saudáveis, não têm acesso em condições aceitáveis a contas caucionadas para adequarem o seu ciclo de pagamentos ao ciclo de receitas ou que devido à imagem de Portugal no exterior, são obrigados a pagar os produtos que importam, a pronto pagamento ou em adiantado.

São estes os principais motivos da crise no Continente e também nos Açores, que estão a levar a um fortíssimo ajustamento económico rápido, que não distingue empresas saudáveis de empresas falidas.

Cabe aos Governos amenizarem este ajustamento, quer através da ajuda ao financiamento da economia privada, quer no estabelecimento de medidas de proteção social para ajudarmos os que estão em dificuldades.

Nos Açores, o Governo Regional tem sido incansável, quer na criação destes mecanismos de apoio aos privados, quer na atenuação da austeridade nacional.

Precisamos de mais tempo para restruturarmos a economia nacional, da qual a economia regional depende diretamente e com isso pouparmos ao infortúnio muitas famílias e empresas.

Mas para o PSD de Pedro Passos Coelho e de Berta Cabral este ajustamento tem de ser feito já. Infelizmente, pelo que dizem, “custe o que custar”.

domingo, fevereiro 26, 2012

post que era para ser um comentário

"O piano de cauda das estrelas
tem raízes na música dos lagos.
Amar é a arte da música
num corpo moribundo. Morre-se
de um pequeno átomo de ansiedade e isso
é uma regra do jogo; só assim a morte andará descalça como
uma violeta pelos jardins da noite; só assim
nos restará a morte antes do fim.
O fruto do coração é pouco, semelhante à mágoa.
Olhar é uma página. Percorre-a a consciência de quando
não acontece nada. É preciso duvidar semeando limites
para ser-se ilimitado -- eis quando será legítimo enganar
os deuses. Maior que a montanha é
a gota de orvalho; maior que o sol é o movimento
da sombra. Os pássaros
não acontecem: vivem-se. É tarde
para inscrever o discurso da alegria
nas estruturas do ar?"

joaquim pessoa

müz´ka

Müz´ka



"Vine a Praga a romper esta
canción
por motivos que no voy a explicarte,
a orillas del Moldava
las olas me empujaban
a dejarte por darte la razón.

En el Puente de Carlos aprendí
a rimar cicatriz con epidemia,
perdiendo los modales:
si hay que pisar cristales,
que sean de bohemia, corazón.

Ay! Praga, Praga Praga
donde el amor naufraga
en un acordeón.
Ay! Praga, darling, Praga
los condenados pagan
cara su rendeción.

Ay, Praga, Praga, Praga,
dos dedos en la llaga
y un santo en el desván.
Ay! Praga, darling, Praga,
la luna es una daga
manchada de alquitrán.

Vine a Praga a fundar una ciudad
una noche a las diez de la mañana,
subiendo a Mala Strana,
quemando tu bandera
en la frontera de la soledad.

Otra vez a volvernos del revés,
a olvidarte otra vez en cada esquina,
bailando entre las ruinas
por desamor al arte
de regarte las plantas de los pies.

Ay! Praga, Praga Praga
donde el amor naufraga
en un acordeón.
Ay! Praga, darling, Praga
los condenados pagan
cara su salvación.

Ay! Praga, Praga Praga
donde la nieve apaga
las ascuas del tablao.
Ay! Praga, darling, Praga
lágrima que se enjuaga
en Plaza Wenceslao.

Ay, Praga, Praga, Praga,
dos dedos en la llaga
y un santo en el desván.
Ay! Praga, darling, Praga,
la luna es una daga
manchada de alquitrán."

Joaquin Sabina

terça-feira, fevereiro 14, 2012

11 Mil e tal dias

Nem mesmo ao mais distraído dos cidadãos terá passado despercebida a “encenação” de Berta Cabral sobre a tolerância de ponto no Carnaval. Primeiro achou que devia haver “entendimento”. Depois de anunciada a tolerância pelo Presidente do Governo, então achou que tinha “obrigado” o Governo dos Açores.
11 Mil e tal dias no exercício de funções políticas nos Açores (começadas em 1983 e ainda a decorrer em 2012) exigiam de uma das (poucas) mulheres sociais-democratas na política (a bancada parlamentar do PSD na ALRAA tem 2 mulheres em 18 deputados) maior coragem e espírito de iniciativa.
Ora esta atitude que primeiro foi de “entendimento” e depois de “provocação” só encontra explicação no facto da Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada estar apanhada na teia da solidariedade partidária nacional e, por isso, ser incapaz de contrariar as orientações políticas do Governo de Passos Coelho, até nas coisas mais inofensivas como a tolerância do Carnaval.
11 Mil e tal dias no exercício de funções políticas nos Açores – conhecendo como diz conhecer os açorianos – deviam evitar que tivéssemos que ouvir da sua boca palavras como “a Região precisa de menos políticos a tempo inteiro”.
Afinal nos mais de vinte anos em que foi e tem sido administradora de empresas públicas, secretária regional, deputada e presidente de Câmara, Berta Cabral devia fazer, antes de mais nada, um exercício de auto-análise.
Para além disso o compromisso assumido a 6 de Fevereiro do corrente ano de formar um Governo mais pequeno, não só é mais uma imitação do continente, como também soa a demagogia.
A questão do tamanho do Governo não nos parece assim fundamental, mas a história criada à imagem e semelhança do que se fez lá fora, arrepia-nos. Basta lembrar que nessa sede de redução de tamanho, Passos Coelho pôs fim ao Ministério da Cultura, transformando-o em Secretaria de Estado, reduzindo com essa atitude a importância deste sector fundamental para o desenvolvimento de qualquer país ou Região.
Muita coisa mudou nos Açores desde que o PS é governo. O Mar foi integrado nos programas do Governo e passou a fazer parte da Secretaria Regional do Ambiente; as Pescas passaram a ter um papel de destaque, com a criação da Subsecretaria Regional e a Ciência e Tecnologia são hoje duas áreas importantíssimas do nosso desenvolvimento.
Existe hoje todo um novo vocabulário que vai muito além dos chavões do PSD/Açores, como sejam o último da denominada “Região Económica”. Falamos actualmente de Jovens Empreendedores, de Jovens Criadores, de Qualificação Profissional, de Novas Tecnologias, de Centros Interpretativos e Ambientais, de Património Móvel e Imóvel. Temos paisagens protegidas, Parques Naturais de ilha, Estações de Rastreio de Satélites…
Neste mês de Fevereiro, a oito meses das eleições regionais, aguardamos com expectativa que Berta Cabral explique essa sua ideia copiada do nacional de formar um Governo mais pequeno?
Fará desaparecer a Cultura? Reanimará a Subsecretaria Regional para a Comunicação Social? Não sabemos.
Certo é que 11 Mil e tal dias de vida política a “tempo inteiro”, que não condenamos, exigem mais de um político: homem ou mulher. Tanto faz.
Em 11 Mil e tal dias de vida política Berta Cabral devia ter aprendido mais (qualquer coisa) com os bons exemplos dos homens e das mulheres de bem com que se foi cruzando…
Mais não fosse porque essa é a função que se exige de um político: fazer o bem sem olhar a quem, no firme propósito de que (por aqui) a vitória dos Açores é a nossa maior e melhor herança.



(Por decisão pessoal, a autora do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)

domingo, fevereiro 12, 2012

Renovar com Confiança


As últimas semanas têm sido repletas de declarações dos principais candidatos à presidência do Governo dos Açores sobre a identificação dos problemas que atravessamos e sobre as soluções que preconizam para o futuro da nossa terra.

Infelizmente a forma, quase frenética e impaciente, com que a líder do PSD encarou a sua campanha eleitoral está evitar uma discussão séria e conclusiva sobre os reais problemas dos Açores.

Evitando ouvir o seu líder parlamentar, Duarte Freitas, que paulatinamente faz a sua campanha paralela com algum sucesso, a líder social-democrata aplica à sua campanha regional um modelo genérico de propostas e de estratégias semelhante ao de Pedro Passos Coelho durante as legislativas nacionais.

Quem não se lembra de Pedro Passos Coelho dizer a uma jovem que era um disparate que um Governo seu poderia cortar os subsídios de férias e de Natal ou até acabar com o programa Novas Oportunidades. Lembro-me bem da solução do PSD nacional para o país: cortar nas gorduras do Estado e diminuir o peso do mesmo na economia! Com os resultados que conhecemos hoje, qualquer cidadão pode afirmar que, de facto, o que diminuiu foram os rendimentos das famílias e das empresas.

Nas últimas semanas, Berta Cabral multiplicou-se em declarações genéricas do tipo: "O emprego é o objetivo central do nosso novo modelo de desenvolvimento para os Açores", como se fosse possível ter outra prioridade nesta conjuntura, ou em sucessivas promessas de construção de escolas, para satisfação dos seus apoiantes, sem saber se estes investimentos eram necessários ou se sobrepunham a outros já em execução.

Esta estratégia prosseguida pelo PSD de prometer sem se comprometer, que teve o seu ponto mais alto quando a líder do PSD/Presidente de Câmara, prometeu dar tolerância de ponto no Carnaval se o Governo dos Açores fizesse o mesmo, ficou comprometida quando Vasco Cordeiro anunciou uma proposta concreta de, nos primeiros cem dias do Governo do Partido Socialista, apresentar um programa de incentivos à contratação de jovens. Esta proposta concreta e sustentada vai-se traduzir na atribuição de um incentivo financeiro às empresas que contratem jovens, nomeadamente os que saem do Estagiar L e T, e que vai diminuindo durante um determinado período de tempo, conforme as empresas forem rentabilizando o trabalho dos jovens contratados e que, por essa via, vão assumindo uma maior responsabilidade no pagamento dos seus salários.

Tendo de sair da sua zona de conforto, a líder do PSD arriscou e anunciou uma medida específica de criação de um fundo de apoio às empresas que estão em dificuldades. Mas ao dar entrada da proposta no Parlamento Regional, verificamos que esta proposta, na prática, traduz-se numa não proposta, pois não consubstancia a sua implementação e pede ao Governo dos Açores que a pense, que a negoceie com o Governo da República, que a concretize em proposta e que a implemente junto das empresas.

O que temos assistido nos últimos tempos são dois candidatos de gerações diferentes, que anunciam renovação de ideias, de procedimentos e de estratégias. Mas, na prática, assistimos a uma líder do PSD, insegura, acompanhada por ex-governantes de 1996 que, ou não arrisca novas ideias e soluções para os Açores e resume-se à generalidade da identificação de problemas, ou então, quando arrisca uma proposta, pede aos seus adversários que a concretizem.

Vasco Cordeiro, quando anuncia, sabe como e quando pretende concretizar as medidas.

Esta é a questão de fundo nestes meses que nos separam das eleições de Outubro. Esta é a postura que faz toda a diferença. De quem pode dar garantias de saber Renovar os Açores com confiança.

A suspensão da Autonomia

A Autonomia na Madeira foi suspensa até 2015. Este é o resultado político do Programa de Ajustamento assinado entre os governos Regional da Madeira e da República e que tem, na prática, uma consequência prática: Uma austeridade muito gravosa para os madeirenses, como o agravamento de impostos e a redução de benefícios, como o fim do subsídio de insularidade.

Em primeiro lugar, é preciso recordar que este plano de austeridade para a Madeira resulta, única e exclusivamente, da situação calamitosa das finanças públicas madeirenses, com responsabilidades acima dos seis mil milhões de euros e que foi descoberta nas vésperas das últimas eleições regionais.

Este foi, assim, o segundo embuste a que os madeirenses ficaram sujeitos neste processo. O primeiro foi o buraco para que a governação social-democrata levou a Madeira. O segundo foi o facto de se terem realizado eleições regionais sem nunca se saber quais as medidas que a população teria de suportar depois. Obviamente, que este desconhecimento beneficiou o PSD regional e prejudicou os restantes partidos da oposição.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que o Governo Regional está vinculado à avaliação e exame trimestral do programa pelo Ministério das Finanças, a quem compete decidir se a Madeira vai, a cada momento, receber o apoio financeiro definido.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que a sua região tem de desistir dos processos em tribunal contra a República, relacionados com matérias financeiras, independentemente ter razão ou não.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que o seu Governo comprometeu-se a submeter, para análise do Ministério das Finanças, a sua proposta de Orçamento para este ano antes mesmo de o documento ser aprovado na Assembleia Legislativa.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que terá de haver uma redução dos cargos dirigentes em, pelo menos, 15 por cento até final deste ano e que os salários no sector público estão congelados em 2012 e 2013.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que o Governo terá de revogar o subsídio de insularidade, o regime especial das ajudas de custo, assim como proceder a uma redução para metade do subsídio pelo exercício de funções públicas na ilha do Porto Santo.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que o investimento público ficou limitado a 150 milhões de euros e sujeito a pressupostos e condições, como seja a suspensão de novas adjudicações de obras e reavaliação dos processos de obras e fornecimentos de bens e serviços em curso.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que o IRS e o IRC passarão a ter taxas iguais às aplicadas no continente, eliminando-se, assim, a diferenciação fiscal já a contar de Janeiro de 2012.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que o IVA que pagam nas compras vai aumentar já em Abril deste ano e que as taxas de ISP terão de ser, pelo menos, 15 por cento superiores às de Portugal continental.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que o programa de privatizações vai ter avançar rapidamente em áreas estratégicas como os transportes e a energia para que o Governo consiga ter mais 25 milhões de euros.

Se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que, já em Fevereiro, o Governo da Madeira tem de aumentar os tarifários dos transportes públicos em 15 por cento em média e que, na Saúde, terá de ser aplicada uma tabela de preços igual à praticada pelo Estado.

Em suma, se as eleições fossem hoje, os madeirenses saberiam que a sua Autonomia tinha sido suspensa por vários anos e que a sua vida vai ser muito mais difícil nos próximos quatro anos. Não se retira a legitimidade democrática das últimas eleições, mas a verdade é que ninguém esperava, na altura, o que aí vinha.

Ninguém esperava um programa que tem o requinte de obrigar o Governo da Madeira a criar uma “aplicação informática” para que o Ministro Vítor Gaspar acompanhe tudo o que se fizer na Madeira.