segunda-feira, fevereiro 28, 2011

domingo, fevereiro 27, 2011

Insanity

Bring me back my castle in the sand
When the stars were my only land
The sun had my respect
The sea had my love

One more for the road
Two for the sake of it
Three is a wasted crowd
I'll drink to being in the fool

Four you and me
Five am I still alive
Six o'clock time to weep
I'll drink to being in the creep

Bring me back my angels in the dark
Singing to the pounding of my heart
The sky had my respect
The sea had my love

One more for the road
Two for the sake of it
Three is a wasted crowd

I'll drink to being in the fool

Four you and me
Five am I still alive
Six o'clock time to weep
I'll drink to insanity / Insanity...

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Citação importante

"Desde que nos deixaste o tempo nunca mais se transformou
Não rodou mais para a festa não irrompeu
Em labareda ou nuvem no coração de ninguém.
A mudança fez-se vazio repetido
E o a vir a mesma afirmação da falta.
Depois o tempo nunca mais se abeirou da promessa
Nem se cumpriu
E a espera é não acontecer — fosse abertura —
E a saudade é tudo ser igual."

Daniel Faria, Explicação da Ausência, in "Explicação das Árvores e de Outros Animais"

terça-feira, fevereiro 22, 2011

Capitalismo sem democracia? Está aí o resultado!

Temos sempre a tendência para olhar certos acontecimentos, em países mais ou menos distantes, como fenómenos localizados, que não têm qualquer tipo de relação connosco.

Para muitos analistas, a situação actual de instabilidade no Médio Oriente decorre de um processo normal de desgaste das autocracias vigentes que foram muito afectadas pelos efeitos da “Grande Recessão” mundial dos últimos anos.

Se é verdadeira esta análise, a meu ver, é apenas uma abordagem muito superficial do que se está a passar nesta zona do globo e daquilo que poderá acontecer em muitos outros países do mundo, num curto prazo, de um a dois anos.

Basta olhar para as autocracias vigentes no Médio Oriente e verificar que têm vindo a oprimir o seu povo nas últimas décadas. Mas serão estas zonas tradicionalmente instáveis politicamente? A organização burocrática destes Estados será insípida e ineficaz que impeça a manutenção das elites reinantes? Será que a economia destes países esteve moribunda nas últimas décadas?

Ao contrário do que muitos erradamente pensam, não há um padrão comum de resposta a estas perguntas. No Egipto, desde 1805 até aos dias de hoje, existiram dois regimes, uma monarquia e, desde 1952, um movimento militar com apenas dois líderes: Nasser e Mubarak. Em outros países do Médio Oriente, as mudanças de estatuto de colónia europeia, para monarquia ou até para república islâmica, marcaram algumas épocas de instabilidade, que prejudicaram, em muito, o desenvolvimento destes países.

Relativamente à implementação de um estado forte e burocrático, que consolide a acção de um governo vigente, o cenário também não é comum. Apesar da corrupção ter forte presença no Estado, verificamos que no Egipto o controle da sua administração sobre o país estava solidificada de tal maneira que muitas empresas estrangeiras, incluindo portuguesas, investiam lá com alguma confiança. Em países como o Sudão ou o Iémen, a corrupção grassa a todos os níveis de poder, existindo determinadas zonas inclusive, onde o governo não tem qualquer controle ou soberania.

Olhando mais atentamente para o crescimento económico desta região ficamos ainda mais surpreendidos com os dados que nos são apresentados. Muitos destes países, na última década, abriram a sua economia ao exterior, permitindo o investimento estrangeiro e fomentando as suas exportações de gás, petróleo e de turismo. Com o aumento dos preços do petróleo e do gás e com o aumento dos fluxos turísticos para aquela região, assistimos a um for

te crescimento económico na maior parte destes países. Basta olhar para o Egipto, citando a revista Time, que de 2006 a 2008, cresceu 7% ao ano, tendo inclusive no último ano, após a crise económica internacional, crescido 6% e apresentado uma taxa de desemprego inferior à portuguesa.



Mas que factores podem então ter motivado um desencadear tão rápido de revoluções praticamente espontâneas de rejeição ao poder vigente?

Fareed Zakaria escrevia, na revista Time, que em economias que se abrem rapidamente ao exterior, e com elites dominantes corruptas “o crescimento agita as coisas, perturba os estabelecidos e a ordem vigente e produz desigualdades e incertezas. Como também cria expectativas e ambições.”(…)”acabando por ser demais para o regime lidar.”

Na prática, o crescimento económico existente, mais forte ou mais fraco consoante a zona do Médio Oriente, acabou, por nestes países com um nível de corrupção muito alto, por beneficiar apenas as elites, criando expectativas legítimas nas suas populações de acesso a um nível de vida superior que estava mesmo ali ao lado.

Assim, com uma pequena alteração do clima económico e com uma pequena ajuda do poder de divulgação das redes sociais, que os Estados não conseguiram controlar, os povos acreditaram que era possível fazer cair até os Estados mais estabelecidos do Médio Oriente.

É o que acontece agora no Médio Oriente. E porque não na Ásia?

domingo, fevereiro 13, 2011

As ambições pessoais e o interesse público



Nas últimas eleições presidenciais, o professor Cavaco Silva, por diversas vezes, acenou com o fantasma da instabilidade política e das graves consequências para o país que daí adviriam. Na sua óptica, a existência de uma segunda volta das presidenciais poderia demonstrar aos mercados e instituições europeias que o país estava indeciso quanto ao seu rumo futuro, o que provocaria o aumento dos juros a que Portugal se financia no estrangeiro. Nessa mesma altura, toda a direita portuguesa, ou seja, PSD e CDS/PP, se uniu, no sentido de demonstrar o risco que o país poderia incorrer com esta probabilidade.

Sempre achei um pouco de exagero neste tipo de argumento, pois estávamos a tratar da eleição de um cargo sem qualquer tipo de poder ao nível da condução económica do nosso país. Contudo, entendi alguma coerência da parte de Pedro Passos Coelho, no sentido de manter a estabilidade política no país, pois, pouco tempo antes, tinha negociado o Orçamento de Estado com o Partido Socialista para acalmar os mercados internacionais e a senhora Merkel da Alemanha.

Mantendo esta coerência, o que fará sentido no futuro próximo, em nome da estabilidade política e da situação do país, é o PSD não viabilizar qualquer moção de censura ao Governo de José Sócrates. Mas não nos enganemos. Mantendo este discurso, o objectivo deste PSD é fragilizar ao máximo este Governo até ter a certeza que consegue chegar ao poder. E neste sentido, a irresponsabilidade da esquerda portuguesa encaixa que nem uma luva nesta estratégia.

Relativamente ao Bloco de Esquerda, a ilação que se pode tirar do anúncio de uma moção de censura ao Governo, na semana passada, é que não consegue ultrapassar a génese da sua criação: ser um partido exclusivamente de protesto.

Após a campanha eleitoral de Manuel Alegre, em que PS e BE trabalharam em perfeita sintonia, apesar dos maus resultados das urnas, Francisco Louçã sentiu a necessidade de transmitir ao seu eleitorado que a aliança tinha sido efémera e que o Partido Comunista Português não era o maior inimigo de Sócrates.

Numa lógica apenas de afirmação eleitoral, o que para mim até me parece estrategicamente errado, o BE apresenta nesta moção de censura o objectivo de destruir a pouca estabilidade política existente, sem se preocupar em construir uma alternativa de esquerda para o país ou até uma outra alternativa com maioria absoluta. Não há lógica programática neste acto, parece-me, apenas a marcação de agenda política de uma forma irresponsável e perigosa para a sustentabilidade do nosso país.

Para o CDS/PP, vislumbrando ao fundo do túnel a possibilidade de ter ministros e de aplicar a sua receita de destruição do estado social com o PSD, pouco importa as consequências para o país, da queda do Governo, de alguns meses de um Governo de gestão, dos custos mais um acto eleitoral e dos resultados de instabilidade que daí poderiam advir.

A consequência deste anúncio para o país já é clara com a imediata subida dos juros da dívida portuguesa no mercado secundário e será muito mais grave nas próximas emissões de dívida portuguesa. Arrisco-me até a afirmar que a concretização deste cenário de instabilidade ou de outros semelhantes a estes podem obrigar à entrada do Fundo Monetário em Portugal, no sentido de estabilizar a pressão dos mercados internacionais. Esta entrada levará, com toda a certeza, a cortes de salários generalizados, a despedimentos na função pública, a maiores restrições no crédito e ao fim de muitos benefícios sociais.

Numa altura em que o Governo do PS tenta contrariar os efeitos das medidas de austeridade na economia, apostando numa nova agenda de inovação e modernização do sector privado, tendo em vista o fomento das exportações, com alguns bons resultados já visíveis, parece-me que a oposição parlamentar, com a sua vocação “kamikaze”, tudo fará para não deixar este Governo trabalhar.

Na prática, o futuro do país está dependente da medida em que os partidos da oposição conseguirem sobrepor o interesse do país, às suas ambições e interesses pessoais.

Infelizmente, o que a história recente do país nos diz é que isso nem sempre acontece.

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Construir o Futuro...



Tenho ouvido recentemente inúmeras declarações de responsáveis de empresas e instituições da construção civil, a nível regional e nacional, a exigir que os Governos aumentem ou, pelo menos, mantenham o mesmo volume de obras públicas, de forma a manter este sector em actividade e os empregos que gera assegurados.

Por muito que goste e concorde com a lógica Keynesiana de aumento de investimento público, como forma de estimular o crescimento da economia, a velha máxima “de colocar trabalhadores a abrir e fechar um buraco na estrada, para aumentar o consumo interno, gerar emprego e aumentar o rendimento”, não é aplicável em todos os contextos, muito menos em economias periféricas e dependentes do exterior como a nossa. Momentaneamente, é aceitável um esforço do Estado neste sentido, sobretudo, quando está em causa a sobrevivência da própria economia e quando há, de facto, um conjunto de infra-estruturas que são necessárias construir para um desenvolvimento sustentado. Um bom exemplo desse investimento público é a construção e reabilitação do nosso parque escolar ou a construção de acessibilidades que diminuam as nossas assimetrias.

Mas se analisarmos, concretamente, o estado da construção civil nos Açores, verificamos que existem problemas graves e complexos, em nada relacionados com o investimento público.

Durante muitos anos, este sector acreditou que poderia basear o seu crescimento à custa da construção de imóveis para residências e para espaços comerciais na periferia das cidades. Não importava o custo de construção, o volume e número de frente de obras abertas, pois o crédito era fácil e barato e a margem de venda era ainda melhor. Para a banca, interessava incentivar este tipo de negócio. Mais empréstimos a empresas e famílias, tendo como garantia um imóvel que estava sempre em valorização, era significado de mais lucros e de mais prémios de gestão no final do ano.

Para as famílias, a realização de um sonho de ter uma boa casa, através de um crédito fácil e da possibilidade de valorização deste imóvel num curto espaço de tempo, fazia que ninguém tomasse atenção aos preços verdadeiramente especulativos que se estavam a praticar.

Mas, mais grave do que estes agentes terem ignorado os sinais do que o mercado imobiliário estava prestes a rebentar, foi a ganância quase criminosa da maior parte das Câmaras Municipais açorianas, sobretudo a de Ponta Delgada. É no mínimo irresponsável, para não chamar outra coisa, permitir o gigantesco nível de construção de blocos de apartamentos na periferia de Ponta Delgada, ainda por cima com enormes obrigações para os construtores, ao nível de áreas comerciais.

Feito por defeito, calcula-se que haja mais de 1.500 habitações novas por vender no concelho de Ponta Delgada, sem falar de espaços comerciais novos vazios que são visíveis em todos os cantos do concelho. Mais incrível ainda é o facto de ninguém ter reparado que ainda há um centro comercial por inaugurar, com ainda mais espaços comerciais para arrendar.

Na prática, qualquer solução para o problema das empresas de construção civil não passa por aumentar o investimento público, até porque os preços que estas apresentam a concurso são, na maior parte das vezes, com margens perto do zero ou negativas.

Pessoalmente, considero que temos de, em primeiro lugar, resolver o problema de excesso de oferta de imóveis, estimulando a procura, através de uma baixa significativa quer dos preços de compra, quer através da melhoria das condições de acesso ao crédito de habitação. Só após a resolução deste problema base, podemos, então, iniciar um conjunto de políticas públicas, que podem passar pela reabilitação dos centros históricos e pela limitação da volumetria das construções na periferia das cidades.