domingo, outubro 30, 2005

Tristes Navios que Passam

Foto AM Posted by Picasa


Para Daniel Santos
no outro lado do mar


"Tristes navios que passam
na hora da nossa vida
na hora da nossa morte

escuros vasos de guerra
cargueiros, tanques, paquetes
brancos navios de vela

levam óleo levam ódio
luxo lixo das cidades
levam gente gente gente

deixam ficar nostalgia

tristes navios que passam
na hora da nossa morte
na hora da nossa vida."

Emanuel Félix

quinta-feira, outubro 27, 2005

Novo Blog Insular

imagens soltas

A recompensa de um serviço à Democracia

Para alguns dos dias em que estava planeado fazermos campanha de rua, estava decidido que iríamos a algumas freguesias com tintas e placares e pediríamos às crianças que aparecessem, e sempre aparecem, que nos pintassem aquilo que mais e menos gostavam sobre a sua freguesia. Foi uma experiência espectacular, se bem que por vezes caótica.
Nos Fenais da Luz decidimos que o ataque ficaria marcado para o espaço entre o adro da igreja e o coreto, por volta das 17 horas. Quando a caravana, inha, do Bloco chegou, na hora marcada, ao dito cujo lugar não existia vivalma, nem sequer uma única criança desalmada. Esperamos um pouco e ainda passaram alguns homens, uns cansados do dia e outros prontos para começar o turno da taberna. Resumindo, ali não ia dar certo.
Alguém propôs que nos lançássemos ao bairro social não sei dos quantos, mesmo ali nos Fenais. E assim fomos. Quem precisa de crianças nunca sai desiludido de um bairro social.
Enquanto os outros montavam os placares e preparavam as tintas, a Lúcia e eu, fomos dar uma volta pelo bairro para chamar crianças e para aproveitar e meter conversa com algum adulto que aparecesse. As crianças começaram a aparecer como coelhinhos em hora da ração. Quando voltamos tínhamos obtido mas sucesso que a flauta mágica. E o divertido caos começou.
Já para o fim, depois de, por qualquer razão, a Lúcia me chamar pelo meu nome, um rapaz, mesmo ao meu lado, pela altura do meu ombro, vira-se para mim e pergunta:
- O senhor chama-se Tozé?
- Sim senhor!
- Eu também me chamo Tozé. – disse, como se fosse para ele uma honra saber que um “grande” político como eu tinha o mesmo nome que lhe coubera ter.
- Ai sim?!? Eu também me chamo Tozé, sim senhor! E quantos anos tens, Tozé?
- Eu tenho doze. Fiz ontem!!! Fiz ontem doze anos!
- Ena pá!!! Vocês!!! – chamei os outros – Aqui o nosso amigo fez anos ontem! E chama-se Tozé, como eu! – Toda a gente fez um forrobodó e deram-lhe um pouco de atenção devida.
O Tozé ficou envergonhado e corou, mas estava obviamente contente com a atenção dada. Pousei-lhe a mão aberta na cabeça, como quem pega numa bola de andebol, para lhe transmitir de uma forma mais pessoal os meus desejos de felicidade.
- E em que ano estás na escola, Tozé? – continuei a nossa conversa.
- Eu não estou na escola!
- Como é que não estás na escola?!? – disse eu, meio no gozo, pois pensava que o Tozé estava a brincar.
O Tozé encolheu os ombros, como quem procurou uma resposta e não a encontrou. – Não estou na escola!
- Como é que é isso?!?
- Ninguém me quer lá na escola.
Dito daquela forma e com aquela cara, aquela resposta atingiu-me como se tivesse sido atingido por um qualquer feixe de energia atirado por um daqueles monstrinhos dos pokeimon de aspecto terno e simpático. Percebi logo que estava tramado. Ia entrar numa história da qual não me ia conseguir livrar assim sem mais nem menos. Como num filme, a imagem passou a preto e branco e todo o fundo ficou desfocado, ficando focada só aquela criatura à minha frente. Eu já notara que ele estava descalço mas não deduzira mais do que a possibilidade de ser esse o seu modo de estar na brincadeira num fim de tarde ainda quente ou devido à pressa com que, como os outros, saíra de casa para vir connosco pintar o caneco.
O Tozé era gordinho e enquanto esteve ao meu lado esteve sempre com um sorriso na boca. Agora que lhe prestava mais atenção percebi que aquele sorriso era muito simples, simples demais mesmo para uma criança de 12 anos. Reparei também que tinha uma ligeira deficiência motora nos membros do seu lado direito, coisa pouca, mas agora que me concentrara era óbvio.
- Mas tu não queres ir para a escola ou …
- Eu quero! Eles é que não me querem na escola!
- Eles quem Tozé?!?
- Eles! A escola! – a cada resposta encolhia os ombros de uma forma inocente e derrotada.
- Porquê Tozé? Deve haver uma razão! Tu sabes porque é? – ele encolheu os ombros.
- Mas tu queres ir para a escola Tozé? – perguntei com uma voz agora mais baixa e um ar mais sério.
O Tozé respondeu-me que sim, com os olhos, com o sorriso, com a voz, com o corpo por inteiro.
- Lúcia!!! Lúcia! Anda aqui, se faz favor! – a Lúcia veio.
- Lúcia, o meu amigo Tozé, aqui, diz que não está na escola porque ninguém o quer lá…
- O quê?!? – e com isto a Lúcia entrou num estupefacto interrogatório muito parecido com o meu, que ele acompanhou com as mesmas respostas e o mesmo sorriso.
Ambos concordamos que algo não estava certo e que necessitávamos mais informação. A Lúcia foi à casa de onde viera o Tozé tentar falar com um adulto.
Para encurtar e simplificar esta história, o Tozé era na realidade um rapaz com uma deficiência motora e mental. Não conseguira completar os primeiros anos escolares, mas já ultrapassara a idade que lhe permitia manter-se na escola básica local. A escola mais próxima que lhe podia dar apoio escolar era, agora, a escola Canto da Maia. A família não tinha possibilidade de lhe proporcionar transporte e ele necessitava uma atenção mais particular do que o serviço de transporte público lhe podia proporcionar. À família foi aconselhado o serviço de um transporte, que penso, particular, chamado “os Verdinhos”, que lhes pediu uma mensalidade de 200 euros pelo serviço. Estava fora de questão, para a família do Tozé. E assim o Tozé e o seu sorriso estavam condenados a passar os dias no seu bairro social. Com quem? Não sei. Só sei que prometi ao Tozé que se ele queria ir para a escola a gente ia tratar do assunto… Estava tramado…
A Lúcia e a Emanuel, que é professora na Canto da Maia, fizeram equipa e propuseram-se a tratar do assunto. A minha ajuda reduziu-se a, quando nos encontrávamos, perguntar, - Então?!? E o problema do Tozé? - . A verdade verdadinha é que pouco tempo depois a Emanuel em resposta a essa pergunta me respondeu feliz, - É verdade, tinha-me esquecido de te dizer, o caso do Tozé está resolvido! Ele já está na Canto da Maia! - .
E prontos.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Fui ter com as fadas...

Sininho Posted by Picasa


…E vi os barcos, os muitos barcos que passaram na palma da minha mão, onde desenhei ilhas. Vi os dias em que me davam papa e me contavam a história da cabra cabrês e dos saltos dela por cima dos montes, carregando porquinhos na sua barriga (Eu sou a cabra cabrês. Salto-te em cima e faço-te em três). Fiquei na disposição legal do verbo ficar, na arquitectura pleonástica do meu mundo, quando ele era verde, visto pelas lentes de uns óculos em forma de borboleta de plástico e o carrossel do Campo de São Francisco, onde havia uma panela gigante, que me levava dentro, como se eu fosse o João Ratão e a minha mãe a Carochinha. Há muito tempo, já, que me deixei ficar entre as vírgulas e os compassos num impedimento de movimentos e lembro os atrevimentos da minha infância: pequeninas perdas, poucos desgostos de amor e tantos amigos, como os sete anões. Fiquei num olhar cúmplice para a ilha que me viu nascer, de dentro para fora, como se o mar aonde pude abraçar, um dia, toda a minha gente e onde (lhes) escrevi fosse, pura e simplesmente, fácil de encontrar como a Casa de Chocolate ou o caminho de volta a casa do Polegarzinho.
Fiquei com a Gata Borralheira, a Alice do país das Maravilhas e o Capuchinho Vermelho. Fiquei de sandálias inglesas ao portão de casa do avô, à espera dele, para comermos um gelado no café Central e ele me contar quantos gnomos encontrou pelo caminho, o que lhe disseram, se já começaram a preparar o Natal. Fiquei com a certeza de que as estórias que me contaram, enquanto eu adormecia são reais. Fiquei de vestido de folhos e trança no cabelo com a ideia de que a minha mala era a do Sport Billy e de que não vou acordar, porque quando eu fui ter com as fadas eu vi os meus barcos e dentro deles estavam os meus Peter Pan. Porque preciso deles, não vou voltar. Logo à noite vou tomar sumo com a Pantera Cor-de-Rosa. Amanhã vou lanchar com a Branca de Neve. E fico com as fadas, porque como o poeta, eu também, “creio nelas”…
“ As fadas eu creio nelas! / Umas são moças e belas, /Outras velhas de pasmar…/Umas vivem nos rochedos, / Outras, pelos arvoredos, / Outras à beira do mar… (…)” *

* excerto de As Fadas de Antero de Quental


MARia aMARo ( Suplemento de Cultura nº 7,Açoriano Oriental 25.10.2005)

terça-feira, outubro 25, 2005

Sem título e bastante breve

al berto Posted by Picasa


Tenho o olhar preso aos ângulos escuros da casa
tento descobrir um cruzar de linhas misteriosas, e
com elas quero construir um templo em forma de ilha
ou de mãos disponíveis para o amor....

na verdade, estou derrubado
sobre a mesa em fórmica suja duma taberna verde,
não sei onde
procuro as aves recolhidas na tontura da noite
embriagado entrelaço os dedos
possuo os insectos duros como unhas dilacerando
os rostos brancos das casas abandonadas, á beira mar...

dizem que ao possuir tudo isto
poderia Ter sido um homem feliz, que tem por defeito
interrogar-se acerca da melancolia das mãos....
...esta memória lamina incansável

um cigarro
outro cigarro vai certamente acalmar-me
....que sei eu sobre as tempestades do sangue?
E da água?
no fundo, só amo o lodo escondido das ilhas...

amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso
estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo
hoje, vou correr à velocidade da minha solidão


AL BERTO

segunda-feira, outubro 24, 2005

Há tantas coisas que falam ao mesmo tempo

Amigos Posted by Picasa

Direitos Reservados a Paulo Afonso (Suplemento nº 2, Açoriano Oriental)

Um risco na janela anunciado pelo movimento rápido do gato Pluma, que herdámos no Natal passado, quando viemos, de um vizinho emigrado para a Venezuela, faz-nos despertar do jogo de monopólio.
Afinal nada. Só o vento que chocalha as roupas na linha; camisas penduradas pelos pulsos, calças pelas barrigas e dois ou três pares de meias presas pelos dedos. Na horta, selvaticamente, crescem dois ou três pés de malagueta, mais umas couves e meloas para consumo interno, da casa, de nós todos, que a habitámos uma vez, ou duas, por ano. Permanecemos, como há anos, inquietos na nossa função de família, distraídos pela ocasião deste rebuliço de afectos, onde, sem disputas, dividimos hotéis na cidade de Lisboa, mas não abdicamos do nosso lugar à mesa.
Aqui [há tantas coisas que falam ao mesmo tempo] … quase impossível descrevê-las. Descodificar o sentido puro com que nos dizem coisas as coisas todas. Os barcos pendurados na parede, a fotografia do Benfica ou a estante coberta de vasos de flores. Lá fora uma mesa grande de plástico branca rodeada de cadeiras. Os nossos braços e as nossas pernas cheios de passeios pelo campo, abaixo e acima nas ruas, a maré cheia, o vazio do sofá vermelho, a porta de rede desmontada, velha, encostada à mesa, a porta da cozinha bege e as nossas alturas marcadas na ombreira da porta, dizem-me: tiveste 1 metro e pouco, correste nestas ruas, nadaste naquela maré, abriste e, poucas vezes, fechaste a porta, caíste ao mar, choraste. E dizem-me: a mesa branca é para encher de gente e os lugares de cada um para ocupar por cada um, na sua vez.
Os pássaros permanecem pendurados nas rochas. Ano após ano.
Ao longe passam barcos. Muitos. Cá dentro temos barcos. Alguns. Em terra e secos. Molhados de abandono. [há tantas coisas que falam ao mesmo tempo]
As janelas são de abrir para cima e a antena da televisão precisa de conserto. O tapete da sala não se anima. Está velho e gasto pelos nossos pés…
Durante muito tempo fomos muitos.
Não há versão do tempo que me chegue.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Também já reservei o meu

 Posted by Picasa

Epílogo

"traz pela mão a sua própria derrota
quando entra na guerra do cenário
senta-a ao seu lado, a um flanco

o actor puxa então a palavra
com dedos frágeis e muito medo de nada
sai-lhe o sangue por inteiro sílaba a sílaba
depois uma pausa imensa onde cabe o estrondo
e ele de olhos fechados, sempre de olhos fechados,
comprimindo o gesto todo do ar
para começar a dizer esta coisa tão dura
esta coisa ferida de ternura

uma a uma, as palavras
todos os rostos do mundo vêm ver o rosto do actor
ver como a sua boca é transparente
como ele abre o coração do silêncio
e se ergue desse chão minado
de abismo e vultos repentinos

o actor não tem nome
o actor jamais poderá ter um nome
a sua vida é muda, secreta, inflamada

o actor mistura a lágrima e o sorriso
como se depois tudo fosse verdade
como se depois ele não soubesse mais
onde fica o riso e onde
pertence o choro

quieto agora o actor aproxima-se
o calor que se desprende do seu corpo
arrepia se o tocamos

e no entanto o seu pulso existe

o actor está sentado ao lado da derrota
porque a loucura é real junto dos homens
e as palavras ferem muito mais que o luar
este brilho que o actor propaga em redor
pousando camada a camada
numa grande solidão amarrotada

agora que o actor recolhe as mãos
e elas lhe estremecem na intimidade
como se houvesse desaparecido o sítio de as ter
agora que tudo o resto é uma coisa muito pequenina
na qual é preciso andar com milimétrico cuidado
para não quebrar o vidro frágil da alma
o actor pega na derrota pela mão
e sai para fora dos lugares
suspenso num qualquer instante frio
onde só resta uma cama muito antiga
para depositar a sombra que fica
de tanta luz"


Vasco Gato

Hermitage vai ter extensão em Lisboa em 2010


O Museu Hermitage, de São Petersburgo, vai ter uma extensão em Lisboa em 2010. A confirmação foi dada pela ministra da Cultura, que está de visita à Rússia, após ter-se encontrado com responsáveis culturais e de museus desse país.
TSF online

A embaixada portuguesa que se deslocou à Rússia está de parabéns.

Num encontro sobre cultura, promovido pelo BE durante a campanha autárquica, o arq. Pedro Borges defendeu uma solução similar que resulte em extensões de instituições portuguesas, como o museu de Serralves, ou o CCB, nos Açores, nomeadamente PD.

domingo, outubro 16, 2005

Circunstâncias

( Para Biscuit com votos de uma excelente viagem )

Num Outono desfolhado em cartas que escreveste, entraste nos quartos de lua mendigando esmolas, como quem sente que assenta a culpa em desilusão, e, paga com uma dor, a penitência (de)vida.
Então veio a Primavera com um verde anis mortiço, enredou-se nos teus passos, não cumpriu os compromissos e deu por vencida a hipótese de florescer aí por dentro de te devolver raízes.
O Inverno enregelou a alma dos teus sorrisos. Trouxe solidão aos molhos, cruel e fria, despida de elegâncias sem músculos para reacção: farsa.
Arrecadaram-se aplausos, subiu-se e desceu-se o pano como quem rasga o papel da memória fio a fio.
Soltaram-se fogos nas casas, árvores de Natal nos lares e foste menino Jesus, adorado nos serões, onde as tuas amigas teceram ideias para o teu futuro: namorar com a prima Vera, casar no Verão, ter filhos no Outono, ( para o Inverno há-de se pensar nos planos das tuas amigas).
Deixaste que o mar se enfurecesse; sentiste primavera nos traços dos poemas que inventaste, Outono nas suas cores, Inverno no seu silêncio.
Estavas nisto, paredes meias com a vida, roendo-te por dentro os ossos, mastigando-te os solavancos do pensamento impulsivo, com medo, muito medo, que o norte se apagasse do segredo do assobio do vento ou que, por minutos, as flores rasgassem memórias nos cantos dos seus vasos quadrados, quando resolveste, e...
deste a volta ao parapeito da tua janela, sentaste o corpo inteiro na base do varandim e saltaste.
(Porque querias escrever livros nas estações do metro, dos comboios, tornar-te viajante do anonimato, conhecido pelo papel e pela caneta; querias viver a literatura toda, navegar nos seus caminhos, concentrar-te no desequilíbrio dos sonhos, na realidade concreta das prateleiras de uma Biblioteca, enchendo-as de poesia, poemas infiltrados por amor; perder-te nas linhas da escrita.
Esse era o teu papel.)
Subiu a temperatura de ti.
Enfiou-se no mar.
Ouvindo a voz das tuas amigas, pensaste:
Elas Verão como era Outono nos meus olhos, como chorei nos Invernos e, como tive saudades das Primaveras de sonetos;
Da flor que nunca te dei,
a que morreu no meio do mar,
Sem poema de estação
Ou circunstância de Tempo
Que me valesse
perdão.



(Texto publicado na Revista Ilhas)

Coisas pouco sérias...

PSD/Lagoa Posted by Picasa

quinta-feira, outubro 13, 2005

terça-feira, outubro 11, 2005

Racista???

"Se quiséssemos diminuir a criminalidade bastava fazer abortar todas as mães de crianças negras e a taxa de criminalidade baixaria."

William Bennett, ex-ministro da edução dos EUA no tempo de Ronald Reagan.
Agora animador da emissão "Morning America", difundida por 115 estações de rádio dos Estados Unidos, Bennett persiste em afirmar que não é racista.

in "The Daily Telegraph", Londres, republicado no "Courrier Internacional", nº 27

sexta-feira, outubro 07, 2005

Instante

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Deixai-me limpo
O ar dos quartos
E liso
O branco das paredes
Deixai-me com as coisas
Fundadas no silêncio


Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, outubro 05, 2005

Sempre em frente?

“Se a Câmara não avançasse com a recuperação do Coliseu, o Executivo não teria recuperado o Teatro Micaelense”
Açoriano Oriental, 5 de Outubro de 2005

(???)

Assumindo que estas foram as palavras da senhora candidata do PSD poder-se-á dizer que a Central de Camionagem, cuja candidatura social democrata, liderada pela Dra. Berta Cabral, quer "escavar" no meio da avenida, chão abaixo, resulta do estímulo competitivo com o Governo, para que o concelho ganhe mais? Determinando-se assim que esta Central de Camionagem é, nada mais nada menos, do que uma competição com o projecto, já anunciado, das Portas do Mar? Sempre em frente.

Será que se o Governo fosse do PSD, a Dra. Berta Cabral competia na mesma para que Ponta Delgada ganhasse mais?

Porque é que se a Dra. Berta Cabral acha que o Concelho ganha mais com este estilo de governação, está sempre a dizer que o Governo Regional abandonou Ponta Delgada?
O seu a seu dono

As declarações em estilo metafórico imputadas a Berta Cabral de que teria dito, na sua recente visita à “Salsiçor”, nas Feteiras, de que há candidatos que poderiam seguir para a “trituração” nas máquinas da fábrica, não correspondem à realidade. Estão em causa, não afirmações de Berta Cabral, mas sim algumas “graças” de quem estava presente na visita da candidata e que o Açoriano Oriental citou em jeito de frases soltas, sem proceder, aliás, a qualquer identificação. O mesmo critério foi aplicado em outras peças jornalísticas relativas ao PSD nestas Autárquicas.

Açoriano Oriental, 5 de Outubro de 2005

Citação " cultura e civilização"

Uma mesa cheia de feijões.
O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão.
O primeiro gesto é bem mais simples e pede menos tempo que o segundo.
Se em vez da mesa fosse um território, em lugar de feijões estariam pessoas. Juntar todas as pessoas num montão único é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas.
O primeiro gesto, o de reunir, aunar, tornar uno, todas as pessoas de um mesmo território é o processo da CIVILIZAÇÃO.
O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização é o processo da CULTURA.
É mais difícil a passagem da civilização para a cultura do que a formação de civilização.
A civilização é um fenómeno colectivo.
A cultura é um fenómeno individual.
Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura.

Almada Negreiros, in 'Ensaios'

sábado, outubro 01, 2005

Inadmíssivel

"A Salsiçor tem uma máquina trituradora de fazer salsichas. Ela vinha mesmo a calhar para alguns candidatos que por aí andam..."

Berta Cabral, in Açoriano Oriental 29 de Setembro de 2005

Por muito preocupada que esteja a Dra. Berta Cabral, candidata do PSD à CMPDL, há coisas que devem ser travadas pelo bom senso e a descrição que se pede a uma Senhora e que, normalmente, tendo esta Senhora a responsabilidade que tem e sendo esta Senhora, quem é, são ultrapassáveis...
Porém, sem novidade, a Dra Berta, como se não fosse de facto a candidata do PSD à CMPDL, usou estes termos, que eu descobri aqui, para impor (que bem que usa este verbo) os seus desejos e mostrar o seu rancor.
Verdadeira injustiça...
Lamento.