Domingo passado, a Academia de Música da Ribeira Grande fechou o seu ano escolar com uma gala em que as estrelas foram os pupilos e os seus professores. Durante cerca de duas horas crianças de “palmo e meio” a “dois palmos”, entre eles o meu sobrinho Clemente, pelo qual tive que prescindir de uma noite com Rodrigo Leão, apresentaram o seu melhor repertório. O meu sobrinho tocou ao piano dois excertos de obras de Mozart, o segundo a quatro mãos com a sua professora Natália. Lembrei-me como o Clemente, no início, se queixava da disciplina imposta pela professora Natália, mas ouvindo o resultado dessa imposta disciplina cheguei à mesma conclusão a que já chegara no ano anterior, bendita a hora em que o Clemente foi parar às mãos da professora Natália.
Estava eu neste meu telepático agradecimento quando me pus a fazer contas e concluí que cerca de metade dos professores de música daquela pequenada eram imigrantes, da Ucraniana ao Brasil. A última coisa que fizera antes de vir para o espectáculo fora testemunhar no telejornal uma pequena multidão de “brancos” a urrar no Martim Moniz, como se estivessem num jogo de futebol a favor do racismo, e, agora aqui, pensei como seria injusto para com muitas crianças e jovens açorianos se resolvêssemos expulsar todos os imigrantes que, em todas as academias e conservatórios, de todas as ilhas açorianas, ensinam o “alfabeto” e os instrumentos que lhes permite comunicar através de uma da nossas expressões culturais mais importantes, mais expressivas e mais populares, a Música.
Sim, imaginem, meninos urrantes da Frente Nacional, nem todos os Ucranianos estão por cá a carregar tijolo ou a formar máfias, nem todos os Brasileiros estão por cá a servir bebidas, cantar ou a despir a sua roupa. Não, alguns estão por cá a ensinar os nossos, nos nossos conservatórios e, em alguns casos, e em algumas ilhas, não haveria condições de outra forma ensinar solfejo, piano ou violino nos Açores. As artes musicais estão por cá, em muitos casos, muito bem entregues a um grupo de imigrantes que vieram para os Açores fazer o que Açorianos fazem há séculos, imigrar à procura que a sorte recompense de uma forma melhor e mais justa o seu trabalho, contribuindo ao mesmo tempo para o enriquecimento da sociedade aonde se tentam inserir. Bem-vindos!
in SARL Suplemento de Artes e Letras - Jornal dos Açores
2 comentários:
Agora pergunte à professora Natalyia se as habilitações dela estão reconhecidas com o devido valor (= nota da Academia Musical correspondente)...
Ai, tanta injustiça se faz nestas trocas-tintas de leis! ...
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