Estudo do critério
Foi divulgado no passado dia 26 de Maio um estudo feito pelo Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais do Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território e publicado pelo INE, que “arrasa”o desenvolvimento das nossas ilhas. Foi com a curiosidade, de quem conhece minimamente a evolução dos indicadores económicos, sociais e ambientais da nossa terra, que li o estudo de um uma ponta à outra, de forma a perceber a catástrofe de desenvolvimento, até 2006, tão proclamada pela imprensa diária açoriana. A conclusão a que cheguei, é que fui, provavelmente, dos poucos que tiveram o cuidado de ler as 90 páginas do estudo, para além das 9 páginas de resumo do INE. Os resultados são expressos através de um “índice sintético de desenvolvimento regional”, constituído por 65 critérios, de ponderação idêntica, que se dividem em três grandes eixos quantificáveis: competitividade, coesão e qualidade ambiental. Este índice compara um “suposto”desenvolvimento de 30 regiões do país, sejam estas rurais, urbanas, interiores, litorais, regiões autónomas com 2 ilhas ou com 9 ilhas.
Uma das coisas que aprendi na faculdade é que é muito difícil comparar o desenvolvimento de regiões com características diferentes. Sobre esta matéria várias questões se levantam: Poderemos utilizar critérios iguais? Deverão estes critérios ter a mesma ponderação? Quais são os critérios? As respostas são diferenciadas conforme as situações com que nos deparamos, daí não existir nenhum índice de desenvolvimento regional aceite por qualquer instituição estatística nacional ou internacional. A partir deste raciocínio, comparar a Grande Lisboa com a Cova da Beira ou com os Açores já me causa alguma desconfiança.
Por outro lado, utilizar critérios como a “percentagem de trabalhadores que vivem numa Região e trabalham fora da região”, para comparar os Açores com a Grande Lisboa parece-me no mínimo ridículo. Será óbvio para todos, que a nossa Região terá, provavelmente, neste critério, um resultado zero. Para meu espanto, este indicador tem igual peso para média final, do indicador “PIB per capita”.
Mas o mais extraordinário na análise de deste estudo, que pondera tudo de igual forma e com critérios escolhidos, no mínimo curiosos, é o facto de não existirem resultados individuais dos mesmos, publicados. Ou seja, este relatório tão criterioso está incompleto.