Do veto ao voto
Só quem não lembra ou não sabe qual foi o papel de Paulo Rangel, cabeça de lista às Europeias, pelo PSD, no dia da aprovação final do Estatuto Político Administrativo dos Açores, na Assembleia da República, pode pensar que, quando a presidente do PSD/A diz aos microfones da comunicação social, o que já tinham dito os seus congéneres na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, sobre o cabeça de lista do PS às Europeias de 2009, está a falar verdade. Os açorianos sabem muito bem quem tentou a todo o custo, e usando os meios que tinha, desde o veto até ao voto, impedir que os Açores tivessem o seu Estatuto aprovado. Vital Moreira não era deputado na Assembleia da República, com direito a voto. Vital Moreira não se absteve nem votou contra; não ameaçou pedir fiscalização sucessiva; não era Presidente da República, nunca vetou o Estatuto nem, muito menos, fez comunicações ao país e aos portugueses, a pretexto de uma ira inacreditável e um centralismo desmesurado. Dizer-se que o cabeça de lista do PS é um inimigo das autonomias, como se ele representasse um perigo ameaçador, é uma falácia. Fazê-lo no dia em que Maria do Céu Patrão Neves apresenta o manifesto eleitoral é no mínimo ridículo. Então não foi a candidata do PSD/Açores imposta por Lisboa? Foi. Então não foi Duarte Freitas afastado da Europa porque não era “conselheiro” de Cavaco Silva? Foi. Então não sabia Manuela Ferreira Leite que o candidato do PSD/A era homem? Sabia! E não tinha a líder do PSD/A apresentado esse senhor como o eleito pelas cúpulas sociais-democratas, em Janeiro, durante o congresso do PSD/A? Tinha. Claro que tinha.
E ninguém quis saber. Ninguém quis saber o que pensava a líder do PSD/A sobre o assunto. Nem mesmo quando ela se manifestou contra a votação do seu partido na República; nem mesmo quando ela implorou. Ninguém quis saber. Ninguém. E todos se abstiveram e continuaram a ameaçar com a fiscalização.
Tal como ninguém deve ter querido saber o que pensava o PSD/Açores sobre o teor do contrato nacional assinado a 6 de Maio com o lema: “Pelo Interesse nacional”. 10 pontos. Em nenhum deles fala das autonomias. Sobre isso a líder do PSD/A não quis falar aos microfones dos órgãos de comunicação social.
Tudo fará, já sei, para não prejudicar o interesse nacional. Depende do veto e do voto.
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