"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando as vidas dos insectos..." Mário Quintana
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
+ 1
1. um rosto no armário.
2. a voz dentro dos passos.
3. as árvores penteadas pelo vento norte.
4. uma fotografia.
5. um livro de poemas.
6. ler devagar.
7. Júlio e Paulo.
8. cigarros.
9. canetas pretas e papel de rascunho.
10. avó ana, avó maria, avô carlos, avô júlio.
11. blog.
12. café.
13. os amigos (eles e elas)
14. pai, mãe, irmão, irmã, cunhada, sobrinhos.
15. primos e primas.
16. a Mafalda, o Álvaro, o Júlio (talvez Carolina) e a Maria Vitória (talvez)
17. escrever.
18. amendoins.
19. política.
20. causas.
21. desafios.
22. açores.
23. lisboa.
24. livrarias
25. jornais.
26. saudades da "Sunny".
27. desconhecer.
28. wandern (vaguear/ cair como uma folha de árvore)
29. sete cidades.
30. santo amaro do pico
31. "Mesmo que não conheças nem o mês nem o lugar
caminha para o mar pelo verão." (Ruy Belo)
terça-feira, fevereiro 27, 2007
Reagir
O Carnaval foi-se embora e com ele os palhaços enfeitados com os seus sapatos largos e os laços de cores sem combinação possível. O Carnaval acabou-se, como começa e acaba todos os anos, e, com ele levou as farsas, os desfiles e os balões cheios de água. O Carnaval foi-se embora, depois de ter estado por aqui, como quase tudo o que conhecemos, e consigo, entre os braços levou fitas, orelhas de rato ou máscaras do diabo, entre perucas loiras e fantasias de princesas, zorros e fadas.
Agora, é tempo de continuar. De preferência rir e agir. Reagir no fundo, já sem limas para atirar ou farsas para encenar. Reagir do fundo.
Fez sexta-feira, dia 23 de Fevereiro, vinte anos, que morreu José Afonso, figura ímpar da história da cultura portuguesa. Parte integrante da nossa memória colectiva, enquanto povo. Ser-se parte da memória colectiva não significa, porém, estar alojado numa gaveta, coberto por um paninho, para proteger do pó. Nada disso. Quer-se a memória viva. Vivê-la é também uma forma de reagir. Suponho eu. E, porque Zeca Afonso, é um exemplo de homem de coragem; reagindo pela liberdade, pela amizade e pela lealdade entre os homens deste país, termino citando-o e assim prestando-lhe a minha mais profunda homenagem: “ Pombas brancas/Que voam altas/Riscando as sombras/Das nuvens largas/Lá vão/Pombas que não voltam. //Trazem dentro das asas prendas/Nos bicos rosas/Nuvens desfeitas/No mar/Pombas do meu cantar./ Canto apenas/Lembranças várias/Vindas das sendas/Que ninguém sabe/Onde vão/Pombas que não voltam. (Pombas Brancas, Zeca Afonso).
Este mês, especialmente e à semelhança do que aconteceu o ano passado, a coluna “Cultura na Rede”, é substituída por alguns blogues na rede. Isto assim, porque se realiza, nos próximos dias 9, 10 e 11 de Março de 2007, o 2º Encontro de Bloggers, organizado pela MUU, no Hotel Terra Nostra, freguesia das Furnas, ilha de São Miguel.
Boas leituras e até Março.
Nota de Abertura do Suplemento de Cultura do Açoriano Oriental, hoje, dia 27.02.2007.
Colaboram neste número: Nuno Barata, Carlos Riley, Guilherme Marinho, André Bradford,Tiago Tomé, Carla Dias e Rogério Sousa.
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
sábado, fevereiro 24, 2007
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Zeca Afonso morreu há vinte anos
"Quando a corja topa da janela
O que faz falta
Quando o pão que comes sabe a merda
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
Quando nunca a noite foi dormida
O que faz falta
Quando a raiva nunca foi vencida
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é acordar a malta
O que faz falta
Quando nunca a infância teve infância
O que faz falta
Quando sabes que vai haver dança
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
Quando um cão te morde a canela
O que faz falta
Quando a esquina há sempre uma cabeça
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
Quando um homem dorme na valeta
O que faz falta
Quando dizem que isto é tudo treta
O que faz falta
O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta
O que faz falta é libertar a malta
O que faz falta
Se o patrão não vai com duas loas
O que faz falta
Se o fascista conspira na sombra
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é dar poder a malta
O que faz falta"
Zeca Afonso
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Zeca Afonso
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Abaixo os roedores a pilhas dos espíritos livres!
«Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos (...)»
(excerto de Ao desconcerto do mundo, Camões)
O homem que entrou pelo vestíbulo, depois de já estarem todos é falso. Aos seus pés, diz ter, rente à biqueira dos sapatos, o mundo inteiro.
Não vale. Além de ter chegado atrasado; é, notoriamente, falsa a moeda que traz para troca. Mas o tipo insiste, no insistir dos sabichões. Não convence. Nem mesmo quando chora. É tempo de secar as raquíticas falsidades. Calar os gritinhos esfomeados deste ser, cuja vida, bate a toque de um coração caixa, óculo, agulha, dente de elefante, fumo. Movimentos falsos e desconcertados. Quase mudo. Rouco. Abaixo os ares de rato; os motivos reles; as falsas pinturas inventando paredes e muros governados por reis e rainhas, em cujos tornozelos, habitam asas de mosca, como nos bruxedos. Abaixo a apatia da figura, perante as ondas do mar que, mais que ele, suam para poder comer.
Abaixo os gritinhos histéricos de um homem que, à beira pés, diz trazer o mundo: Espanha, Inglaterra, Suécia, Noruega, mares, lugares, gentes e paisagens. Mentira. Falsidade. Diz isto sem consequência, como se a esta coisa de ser homem, de dar a cara por um manifesto; de ser parte de um Todo, pelo qual se labuta, se sangra e se enxuga, bastasse apenas ter na mão uma caneta e, por ocasião, ter duas ou três lembranças.
Abaixo os mentecaptos deste século. Os roedores a pilhas dos espíritos livres. Os incapacitados e inabilitados fantasmas dos desmemoriados engravatados.
Abaixo os disseurs de quadras que se trocam por lengalengas repetitivas; abaixo os que se atacam nos sapatos como se a vida fosse um nó e um laço. Abaixo os mascarados ignorantes; as lesmas que se encontram nas valetas como se isto fosse tudo uma bandeja, onde se servem sempre os maus da fita.
O homem que entrou vinha atrasado. Chegou depois de horas já vividas. Faltaram-lhe as bases, quase tudo e, mesmo assim pinchou, fez-se distraído.
É tempo de por fim a esta história.
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos (...)»
(excerto de Ao desconcerto do mundo, Camões)
O homem que entrou pelo vestíbulo, depois de já estarem todos é falso. Aos seus pés, diz ter, rente à biqueira dos sapatos, o mundo inteiro.
Não vale. Além de ter chegado atrasado; é, notoriamente, falsa a moeda que traz para troca. Mas o tipo insiste, no insistir dos sabichões. Não convence. Nem mesmo quando chora. É tempo de secar as raquíticas falsidades. Calar os gritinhos esfomeados deste ser, cuja vida, bate a toque de um coração caixa, óculo, agulha, dente de elefante, fumo. Movimentos falsos e desconcertados. Quase mudo. Rouco. Abaixo os ares de rato; os motivos reles; as falsas pinturas inventando paredes e muros governados por reis e rainhas, em cujos tornozelos, habitam asas de mosca, como nos bruxedos. Abaixo a apatia da figura, perante as ondas do mar que, mais que ele, suam para poder comer.
Abaixo os gritinhos histéricos de um homem que, à beira pés, diz trazer o mundo: Espanha, Inglaterra, Suécia, Noruega, mares, lugares, gentes e paisagens. Mentira. Falsidade. Diz isto sem consequência, como se a esta coisa de ser homem, de dar a cara por um manifesto; de ser parte de um Todo, pelo qual se labuta, se sangra e se enxuga, bastasse apenas ter na mão uma caneta e, por ocasião, ter duas ou três lembranças.
Abaixo os mentecaptos deste século. Os roedores a pilhas dos espíritos livres. Os incapacitados e inabilitados fantasmas dos desmemoriados engravatados.
Abaixo os disseurs de quadras que se trocam por lengalengas repetitivas; abaixo os que se atacam nos sapatos como se a vida fosse um nó e um laço. Abaixo os mascarados ignorantes; as lesmas que se encontram nas valetas como se isto fosse tudo uma bandeja, onde se servem sempre os maus da fita.
O homem que entrou vinha atrasado. Chegou depois de horas já vividas. Faltaram-lhe as bases, quase tudo e, mesmo assim pinchou, fez-se distraído.
É tempo de por fim a esta história.
terça-feira, fevereiro 20, 2007
Citação (a propósito do dia 19 de Fevereiro...)
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«o teu sono anoiteceu mais que a noite
e hei-de escrever-te sempre sem que nunca
te escreva sei as palavras que fechaste
nos olhos mas não sei as letras de as dizer
ensina-me de novo se ensinares-me for
ir ter contigo ao teu sorriso ensina-me
a nascer para onde dormes que me perco
tantas vezes numa noite demasiado pequena
para o teu sono num silêncio demasiado fundo
dormes e tento levantar a pedra que te
cobre maior que a noite e o peso da pedra
que te cobre e tento encontrar-te mais uma vez
nas palavras que te dizem só para mim
o teu sono anoiteceu mais que as mortes
que posso suportar e hei-de escrever-te
sempre e mais uma vez sozinho nesta noite»
José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas, Lisboa, Edições Quasi, 2001, pp.16
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josé luís peixoto
domingo, fevereiro 18, 2007
sábado, fevereiro 17, 2007
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Croniqueta XLVII ou o Fífia não sabe o significado do significado disto e daquilo...
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O Fífia voltou depois do combate fortíssimo com que se defrontou no mês de Dezembro; quando entre gritos de negação e choro com lágrimas e tudo, tomou conhecimento de que o pai natal não existe. O grito. O drama, a enorme tristeza que se abateu sobre o nosso Fífia foram razão para que se lhe apagasse a memória e o ar se fosse como se morresse. Três dias de cama, a soro, papas de milho e leite com mel não foram suficientes para impedir a queda catastrófica de cabelo, as dores de estômago permanentes e, até, pese embora o esforço das tias, o espigo no beiço superior. Sinal de nervos. Ferido, qual fera sem toca, sobrevivendo ao ataque dos outros, o nosso Fífia recolheu ao cais, como um barco de mastro tombado, e, sem memória, desmaiou. Levado em braços pelos amigos do costume, um ou dois, num grupo de 20, acudiram-no mãe, tias e vizinhas. Durante dois meses cozeram-no num mimo morrinhento e, pronto, transformaram-no para sempre. Adjectivos não lhe cabem e são tantas as dores que, por mais que nos esforçássemos, não encontrávamos no melhor dos dicionários, definição para elas. Existem, mas não estão referenciadas em lado nenhum; porque esquisitas, medonhas, palavrosas e desmemoriadas, as ditas fazem-no andar em “contra mão”, esbarrando nos próprios actos, como se fosse um esguicho de spray para mosquitos; atinge-se a si mesmo, engasga-se, dobra-se, redobra-se e segue de banda, desasado.
Há quem diga, dos mais maldizentes que o seguram, que o Fífia já nasceu desta maneira; que, até Dezembro, levara um sopro de Espírito Santo (transportou uma coroa giratória), mas que, agora, passadas que estão as sopas e a carne assada com massa; caiu-lhe o manto e, na disputa, quem o apanhou foi a rainha. Xadrez da vida, penso. Mas, ao Fífia, nesta versão descabelada e gasta; bexiguenta e enriçada, falha tudo. Até os objectivos. Diz-se que a mira de outros tempos, mesmo, quando partilhada nos abates de outros alvos, era bem mais certeira do que esta. Nem mesmo os pombos de alfenim ou as donas Amélias o motivam. Verdade, seja, porém dita, o Fífia sempre foi sem motivo. Um inventor. Daí que ainda acreditasse no pai Natal e na sorte de ser rei toda a vida (a tempo inteiro). Mas vai nú, como na história. (A propósito diria Raul Brandão que a “história é dor”. Será?)
Sem reinado, encafuado num palrar desatinado, qual saco de açúcar pendurado ao sol ou, quem sabe, ramo de árvore cortado (não podado) o Fífia não acabou, mas o Fífia é hoje um palhaço triste. Uma máquina de falar em rotação diminuída e diminuta cujo nariz empinado, porque não convencido disto mesmo, lembra um substantivo uniforme cuja ideia não multiplica. E o género não se altera. Cansativo.
Notas importantes:
Memória: A memória é a capacidade de reter, recuperar, armazenar e evocar informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória humana), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial).
Rainha: rainha ou dama é a peça de xadrez que fica ao lado do rei. Por sua capacidade de movimentação, recebe uma ênfase muito grande no jogo, a ponto de muitos jogadores desistirem do jogo quando a rainha é capturada sem que se consiga alguma vantagem ou igualdade com isso.
Substantivos Uniformes: Substantivos Uniformes são os que apresentam apenas uma forma para ambos os géneros.
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Croniquetas
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Retrato de um Amor
«Iluminas
a sombra dos meus dias
neste mundo que abrimos devagar
entre o corpo e a alma, sempre mais
secretos no abismo que os devora.
Maior do que este amor nada haverá
até ao fim dos tempos: os teus olhos
respondem ao destino, à sua eterna
graça que paira sobre as nossas vidas
agora a transbordarem numa única
razão feita de luz. a tua boca
inunda a minha língua com o sabor
de todos os sentidos que mergulham
a noite numa água sem retorno.
Para ti absorvo o hálito de um verão
em cada beijo cego, surdo e mudo
respirando de súbito em uníssono:
enigma revelado num só frémito,
insónia submersa que , em silêncio,
regressa pouco a pouco aos nossos braços
afogados na espuma do seu mar.
Perto do teu sorriso há uma fonte
embriagada e pura- meu amor,
dá-me esse coração, essa primeira
raiz de todo o fogo, esse relâmpago
onde cresce para nós a flor de um grito;
segreda-me às escuras mais um sonho
antes de adormeceres sobre o meu ombro.»
Fernando Pinto do Amaral
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Palavras para peneirar
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Escuta o caminhar mudo da chuva que, muito lentamente,
Vai esculpindo os seus movimentos na calçada.
Dia 12. Um ar de não sei quê; mais uma espécie
De nevoeiro dobrado entre os olhos. Como um envelope.
Chega nas cartas que vêm das finanças para cobrar mais
Um Inverno de ilha (ou na ilha).
Gosto de trocar as palavras. De fazê-las arrepender-se desse crime
De que se julgam impunes. Não o são. Pagam como todos nós.
Vinha aqui escrever um postal com pena. Tinha a ideia quase toda,
Mas depois cheguei e era Fevereiro de 2007.
Vesti o casaco sem penas. Calcei as botas. E fui.
Assim como assim Março já vem a caminho.
Peneirem isto.
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Poemas de Maria Amaro
domingo, fevereiro 11, 2007
sábado, fevereiro 10, 2007
Canção para um Poeta Ausente
«Tua voz tua voz uma bandeira ao vento
árvore plantada à beira da ternura
pássaro voando na amplidão do sangue
poema espada flor ou pedra dura
Tua voz tua voz um vinho um vime
fustigando as ideias vigilantes
urgente como o apelo de um amigo
próxima como um povo distante
Tua voz tua voz um raio um rio
ardente como o querer do semeador
grito junto à manhã anúncio da chegada
de um navio branco como o nosso amor
Tua voz tua voz uma bandeira ao vento
espada plantada à beira da ternura
pássaro ardendo na amplidão do sangue
foice poema flor ou pedra dura»
Emanuel Félix, 121 Poemas Escolhidos
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Emanuel Félix
Todas as cartas de Amor são ridículas
Foto: CM
«Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)»
Álvaro de Campos
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
terça-feira, fevereiro 06, 2007
Manipulação
Apesar de já há alguns dias me terem falado nisto; não queria acreditar quando, hoje de manhã, isto me foi entregue. Lamento (profundamente) estas posições. Isto merecia castigo. Devia ser crime fazer isto.
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
domingo, fevereiro 04, 2007
Um Poema de Carl Sandburg
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Postal para a Maria
foto: CM
Querida Maria.
O vento assobia e vai longe a hora no frio de lá fora.
Se antes subimos agora descemos.
(Gaivotas nos ossos como brasa aquecida nos olhos).
Há milhões de pessoas baralhadas nos astros.
Redes de novelos.
Casacos de cobertor e máscaras.
Asas de peixe voador, Maria, que não és Leonor,
Nem consta que uses lambreta. Não foste à fonte. És real.
Querida Maria.
Os barcos andam de pé como as pessoas inteiras.
Agora, Maria, seis ou sete linhas chegam para te contar desta janela
Que vejo virada para o lado de dentro do porto,
Aonde, se não fosse o frio e a distância, já eu te tinha ido salvar.
Leva a bóia, Maria. Dizem que vai ventar.
E tu (já) não sabes nadar.
Maria Amaro
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Poemas de Maria Amaro
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
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