sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Postal para a Maria



foto: CM

Querida Maria.
O vento assobia e vai longe a hora no frio de lá fora.
Se antes subimos agora descemos.
(Gaivotas nos ossos como brasa aquecida nos olhos).
Há milhões de pessoas baralhadas nos astros.
Redes de novelos.
Casacos de cobertor e máscaras.
Asas de peixe voador, Maria, que não és Leonor,
Nem consta que uses lambreta. Não foste à fonte. És real.
Querida Maria.
Os barcos andam de pé como as pessoas inteiras.
Agora, Maria, seis ou sete linhas chegam para te contar desta janela
Que vejo virada para o lado de dentro do porto,
Aonde, se não fosse o frio e a distância, já eu te tinha ido salvar.
Leva a bóia, Maria. Dizem que vai ventar.
E tu (já) não sabes nadar.




Maria Amaro

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