Se não fosse o mar de Inverno a rebentar nos olhos das pessoas e o tempo a parecer que morre nas mãos mais depressa do que há três meses; se não fosse a chuva a escalar-nos a cara, de volta a baixo como as lágrimas de riso ou de tristeza (mais vagarosas as últimas) diria que talvez pudessem ainda ser inventadas novas formas de escrever Outubro. Mas, o mês é isto. Uma tonalidade amarela enche-nos a memória e os dias passam depressa até ao Novembro, que ameaça ser mais rijo (ou mais valente). Agora todas as folhas caídas destoam da cor dos passeios e, quando chegam ao chão fazem o barulho das palmas. Como, por vezes, acontece no Teatro, quando se acabam os papéis e cai o pano.
Dezembro não tarda e trará com ele o vermelho dos baldes da praia, onde antes era possível guardar o mar e uma praia inteira de castelos e conchas e, de quando em vez, pequenos reis (só de brincar). A mão da minha mãe a apertar a minha, o pé do meu pai calçado no chinelo e o vento de outro Outubro a levar-nos pelo ar.
Para o Suplemento de Cultura de Outubro convidei os colaboradores: Susana Rosa, Renata Botelho, João Henriques, Nuno Martins, Mário Homem; Alexandre Pascoal e Célia Machado. Destaco na agenda o Festival de Cultura, que decorre na Ilha Terceira – Outono Vivo – até ao dia 4 de Novembro; a Exposição de Eduardo Nery, no Centro Cultural da Caloura e a Exposição de Nina Medeiros na Academia de Artes.
Por fim, dedico este Suplemento aos que fazem anos hoje.
Boas Leituras e até Novembro.
Nota de Abertura, Suplemento de Cultura do jornal Açoriano Oriental, a 30/10/2007.