Três homens foram expulsos da
Arábia Saudita por serem considerados demasiado bonitos pela polícia religiosa
de Riade. A polícia explicou que os membros da comissão para a promoção da
virtude e prevenção dos vícios temiam que as mulheres se apaixonassem por eles
e por isso tomaram medidas para deportar os homens. A notícia correu páginas e
páginas de jornais, parecendo insólita é, no entanto, real.
Um outro homem de 49 anos, ao que
consta desempregado, deixou em pânico o governo italiano. Agarrou numa
espingarda, saiu de casa, feriu dois polícias e uma senhora. Queria, disseram
as televisões no Domingo, matar políticos.
Por cá não há dessas novidades,
nem homens expulsos por serem bonitos, nem homens que queiram – realmente –
matar políticos. Tudo é simbólico neste nosso país. Só as políticas do governo
não o são.
A bandeira portuguesa foi
hasteada a meia haste, a preto e branco, num edifício no Porto, entre os dias
25 e 26 de Abril; um vaso de cravos revirou enquanto Cavaco Silva falava na cerimónia
do 25 de Abril; João Vieira Pinto e Jorge Gabriel são candidatos do PSD a
freguesias do Porto; Marques Mendes considerou na SIC que Paulo Portas deu um
murro na mesa no Conselho de Ministros desta semana, acrescentando ainda que
Vítor Gaspar quer cortar nas áreas sociais, mas que Portas está “noutra rota”
(seja lá o que isso queira significar) e, por fim, Cavaco Silva, que falava na
sessão de abertura do 34º Congresso Nacional de Cardiologia, apelou aos
partidos políticos para estudarem cuidadosamente a fase “pós troika”, depois de
ter estado a desenhar corações (quase que pensei que ia escrever um “Cavaco +
Maria”) num papel à entrada….
Concluo que é uma pena Vítor
Gaspar não ser bonito, ao ponto de ter que ser expulso do país, para não fazer
com que as mulheres se apaixonem por ele ou por poder ser um perigo para a
virilidade dos restantes, ou coisa que o valha...
Não concluo nada sobre a história
do italiano de 49 anos. Deixo ao critério dos leitores, mas relembro que a
última vez que um português atirou qualquer coisa a um político foi um ovo. E
que esse político, que é uma senhora está agora grávida de uma menina.
Enquanto isto tudo foi
acontecendo, Portugal também foi brindado com um insólito. Brindado é a palavra
certa e não, não foi o sexagenário de Penacova que se fez passar por Mikael
Carreira para as mulheres (oh mulheres do meu país?!) se despirem em frente ao
computador. Não foi isso...
O brinde é outro. A Sé de Braga
está a comercializar “vinho de missa” a 5, 50 euros a garrafa, preço acessível
para todos os párocos, diz a notícia do jornal Público que li. É um vinho com
marca própria, que está ao dispor de todos os sacerdotes na recepção ou na Loja
do Tesouro – Museu da Sé de Braga. Utilizado para fins litúrgicos, natural da
videira e sem químicos.
É negócio, portanto, entre
padres. A notícia diz ainda que o teor do álcool não pode ultrapassar os 18%.
Finalmente, e para variar um
pouco, uma recomendação de leitura “ Levels of Life”, de Julian Barnes. Vida e
Morte lado a lado. Quando se juntam duas coisas que nunca se tinham juntado
antes e o mundo muda e, muitas vezes, emudece, escurece ou, pura e
simplesmente, desaparece. Boas leituras deste ou de outro livro qualquer.
… E bons brindes.
Serenamente, jornal Açoriano Oriental, hoje 30 de Abril
Serenamente, jornal Açoriano Oriental, hoje 30 de Abril