segunda-feira, maio 12, 2008

As ilhas são de guardar como os segredos


As ilhas sabem a mar
E encostam no cais dos teus olhos
Como se te chamassem, como se te fotografassem.
As ilhas são uma frota de barcos pretos
E
São de guardar como os segredos.
Nunca digas quantas sabes;
Nunca digas a que sabem
As ilhas,
Porque
Elas sabem do sal e do ondular das asas
Das aves que, poisadas à proa
Indicam o norte dos teus passos.
As ilhas são de conter;
Chão, Mão, Braço; por vezes Ombro.
As Ilhas embrulhadas em sargaço
São de água e sal.
E há penas por escrever nas asas das gaivotas,
Poemas por dizer nas suas penas;
Palavras por falar que lhes caiem dos bicos
E enchem cestos nas vindimas.
Das ilhas que não te posso contar porque são segredo,
Arma, Espaço, Lágrima,
Voo, Nó, Gente, Rima, Linha,
Marinheiro e Pescador, a distinção que precisa
A diferença entre os dois.
As ilhas, dizias, são de guardar como os segredos,
De decorar sem adornos, saber uma a uma,
De escalar sem tirar bocados,
De saudar como a chegada dos Netos.
As Ilhas são de guardar como os segredos;
Escrevem-se com I maiúsculo
E tomam a forma que quiseres.
São instantâneas. Cozinham-se contigo e comigo,
Sal, Água e Laços
Da Gente.

4 comentários:

Anónimo disse...

Maré ? Que saudades !!!

Anónimo disse...

Lindo!

Ilhas imaculadas...

Anónimo disse...

A imagem é a da Maré? Pareceu-me conhecer a rocha onde em pequena me aferrava.

Mariana Matos disse...

A imagem é da maré. O melhor sítio do pico para dar "pinchos"! ;))