quarta-feira, junho 15, 2005

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,

como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos

como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam
como estas árvores que gritam
em bebedeiras de azul

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento
bichinho alacre e sedento
de focinho pontiagudo
que fuça através de tudo
no perpétuo movimento


Eles não sabem que o sonho
é tela é cor é pincel
base, fuste ou capitel
arco em ogiva, vitral

Pináculo de catedral
contraponto, sinfonia
máscara grega, magia
que é retorta de alquimista

mapa do mundo distante
Rosa dos Ventos Infante
caravela quinhentista
que é cabo da Boa-Esperança

Ouro, canela, marfim
florete de espadachim
bastidor, passo de dança
Columbina e Arlequim

passarola voadora
pára-raios, locomotiva
barco de proa festiva
alto-forno, geradora

cisão do átomo, radar
ultra-som, televisão
desembarque em foguetão
na superfície lunar

Eles não sabem nem sonham
que o sonho comanda a vida
e que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança

António Gedeão

8 comentários:

musalia disse...

um beijo por recordares um poema que tanto gosto :)

Caiê disse...

Ainda continuam a não saber... A actualidade é impressionante. ;)

gm disse...

olhe aqui uma imagem para o seu post sra dra:

http://www.deep-action.info/artists/de/ruschmeyer.htm

Rodrigo de Sá disse...

Eu sei!

Mariana Matos disse...

danke schön Herr Marinho. Du bist ein freundliches Mann. ;)

Rodrigo de Sá disse...

Obrigado sehor Marinho?
És um grande amigo, homem?

gm disse...

Coitado de quem é pobre de espírito como eu e não sabe alemão :(

Mariana Matos disse...

pobre de espírito?
meu deus...