terça-feira, junho 18, 2013

O pai, a chuva e o papa

Não há nada mais sádico do que ouvir o primeiro-ministro de Portugal dizer na televisão que sim, que tem dinheiro, mas que só vai pagar os subsídios de férias em novembro…
Parece que Passos Coelho perdeu o juízo e é uma pena que não siga os conselhos do pai que, no fim do mês de Maio, foram notícia.
“Isto não tem conserto, entrega isto”, disse António Passos Coelho, em entrevista ao jornal i, explicando que não queria ver o filho nos meandros da política, porque o país não tem conserto e não é de agora.
Pedro Passos Coelho comentou com a afirmação: “Não comento o meu pai”, em Bruxelas. Talvez o primeiro-ministro de Portugal pudesse ter usado a desculpa da chuva, dizendo qualquer coisa como “A culpa é da chuva. Não chove e o meu pai aparece nos jornais a falar de mim. Eu tenho pai.” Ou então: “A culpa é da chuva. Chove e o meu pai aparece nos jornais a falar de mim. Eu tenho pai.” Insisto no “Eu tenho pai” porque só pode ter sido essa a relação da “aparição” do pai.
Podiam os portugueses pensar que o primeiro-ministro tinha aparecido ao mundo num pacotinho de sumo Tang ou num saquinho de qualquer pó, tipo talco. Não, o primeiro-ministro tem pai. Uau. E o que é que muda? Nada!
De António Passos Coelho nunca mais se ouviu falar. Dias depois foi a vez de Nossa Senhora de Fátima e depois a chuva, essa água maldita que deu cabo dos investimentos do país. Antes disso tudo, do pai, da santa e dos malefícios das águas do céu, a chuva era uma coisa maravilhosa para a Ministra Assunção Cristas, que era até, como se assumiu uma pessoa de fé, esperando que chovesse para melhorar as colheitas.
Uma pessoa que queira escrever a sério sobre este país tem cada vez mais dificuldades.  Cavaco Silva não ajuda nada. No dia 10 de Junho escolheu o tema Agricultura, tentando contrariar algumas ideias sobre a sua intervenção nessa área.
Só é um bom tema para quem se tenha esquecido dos seus 10 anos de tempo perdido, de dinheiro desaparecido e de oportunidades perdidas. Quem não se lembra aplaudirá de pé, até se for preciso, e não pagará como o pobre cidadão em Elvas, 1300 euros, por ter chamado os bois pelos seus nomes próprios: “Palhaço”- gritou o homem e não é que é mesmo?
De cá, na cerimónia que por cá se repercute, qual festa em colónia, o seu ilustre representante também não acertou no tema, falou do relacionamento entre Lisboa e os Açores e do necessário que é haver boas relações entre Governos.
Era escusado. Afinal nada tem dito sobre a falta recorrente e insistente de respostas a problemas dos Açores por resolver em Lisboa, pelo que podia ter-se reservado da lição de moral que quis dar sem razão.
E por fim, não posso deixar de referir o “fait-diver” da semana. O papa Francisco cometeu o erro de comparar a língua portuguesa com espanhol mal falado. Brincava o papa numa audiência com Durão Barroso. Logo as sinetas dos puristas fizeram soar o mais alto dos escândalos. Coitado do papa Francisco. Se tivesse comparado ao brasileiro (ou português do brasil) já não havia, por certo, problema... Hipocrisias.

Serenamente, Açoriano Oriental, 18 de Junho


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