Não há nada mais sádico do que
ouvir o primeiro-ministro de Portugal dizer na televisão que sim, que tem
dinheiro, mas que só vai pagar os subsídios de férias em novembro…
Parece que Passos Coelho perdeu o
juízo e é uma pena que não siga os conselhos do pai que, no fim do mês de Maio,
foram notícia.
“Isto não tem conserto, entrega
isto”, disse António Passos Coelho, em entrevista ao jornal i, explicando que
não queria ver o filho nos meandros da política, porque o país não tem conserto
e não é de agora.
Pedro Passos Coelho comentou com a
afirmação: “Não comento o meu pai”, em Bruxelas. Talvez o primeiro-ministro de
Portugal pudesse ter usado a desculpa da chuva, dizendo qualquer coisa como “A
culpa é da chuva. Não chove e o meu pai aparece nos jornais a falar de mim. Eu
tenho pai.” Ou então: “A culpa é da chuva. Chove e o meu pai aparece nos
jornais a falar de mim. Eu tenho pai.” Insisto no “Eu tenho pai” porque só pode
ter sido essa a relação da “aparição” do pai.
Podiam os portugueses pensar que
o primeiro-ministro tinha aparecido ao mundo num pacotinho de sumo Tang ou num
saquinho de qualquer pó, tipo talco. Não, o primeiro-ministro tem pai. Uau. E o
que é que muda? Nada!
De António Passos Coelho nunca
mais se ouviu falar. Dias depois foi a vez de Nossa Senhora de Fátima e depois
a chuva, essa água maldita que deu cabo dos investimentos do país. Antes disso
tudo, do pai, da santa e dos malefícios das águas do céu, a chuva era uma coisa
maravilhosa para a Ministra Assunção Cristas, que era até, como se assumiu uma
pessoa de fé, esperando que chovesse para melhorar as colheitas.
Uma pessoa que queira escrever a
sério sobre este país tem cada vez mais dificuldades. Cavaco Silva não ajuda nada. No dia 10 de
Junho escolheu o tema Agricultura, tentando contrariar algumas ideias sobre a
sua intervenção nessa área.
Só é um bom tema para quem se
tenha esquecido dos seus 10 anos de tempo perdido, de dinheiro desaparecido e
de oportunidades perdidas. Quem não se lembra aplaudirá de pé, até se for
preciso, e não pagará como o pobre cidadão em Elvas, 1300 euros, por ter
chamado os bois pelos seus nomes próprios: “Palhaço”- gritou o homem e não é
que é mesmo?
De cá, na cerimónia que por cá se
repercute, qual festa em colónia, o seu ilustre representante também não
acertou no tema, falou do relacionamento entre Lisboa e os Açores e do
necessário que é haver boas relações entre Governos.
Era escusado. Afinal nada tem
dito sobre a falta recorrente e insistente de respostas a problemas dos Açores
por resolver em Lisboa, pelo que podia ter-se reservado da lição de moral que
quis dar sem razão.
E por fim, não posso deixar de
referir o “fait-diver” da semana. O papa Francisco cometeu o erro de comparar a
língua portuguesa com espanhol mal falado. Brincava o papa numa audiência com
Durão Barroso. Logo as sinetas dos puristas fizeram soar o mais alto dos
escândalos. Coitado do papa Francisco. Se tivesse comparado ao brasileiro (ou
português do brasil) já não havia, por certo, problema... Hipocrisias.
Serenamente, Açoriano Oriental, 18 de Junho
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