terça-feira, junho 11, 2013

O Mau Tempo no País, o Dilúvio na Economia e os Disparates



A passada sexta-feira, que no meio empresarial muitas vezes é conhecida por casual-friday (dia da semana em que o ambiente empresarial, por opção própria, é menos formal, sobretudo na indumentária), passará a ser conhecida como silly-Friday (sexta-feira do disparate).

O dia começou mal com os juros da dívida portuguesa a 10 anos, novamente, a ultrapassarem os 6% (valor mais alto desde abril) e o INE a revelar que a riqueza gerada em Portugal nos primeiros 3 meses tinha decrescido, ultrapassando todas as previsões (extraordinário seria Gaspar ter acertado em alguma coisa!), no valor recorde de 4%  - a maior queda no PIB português desde a Grande Recessão.

Enquanto tudo isso se passava, o Ministro das Finanças do Governo PSD-PP apresentava no Parlamento mais um Orçamento de Estado Rectificativo que mantem e agrava a austeridade que temos vindo a sentir.
Se é certo que falar das consequências da austeridade na economia para a maior parte da população e dos economistas é “chover no molhado”, para o Ministro Gaspar não é bem assim.
O Ministro do PSD-PP dá outro sentido à minha anterior afirmação. Para este, as consequências da chuva e do banho que todos os portugueses passaram neste inverno (falo literalmente!), não só prejudicaram a economia e os Portugueses como não deixaram que o modelo de austeridade funcionasse como nos modelos de Excel do ministério das Finanças.
A minha primeira reacção foi de estupefacção. Como é que não me tinha lembrado dos efeitos macroeconómicos da chuva, do frio e do vento!?

Qual barragens cheias e eólicas a funcionar a todo o vapor, qual quê? Era óbvio, na Irlanda chove muito também e a Troika teve de salvar o país da bancarrota.

Na Serra da Estrela também chove muito e faz frio e, de facto, devido à crise económica instalada não vive lá ninguém em cima desde Viriato. Na montanha do Pico, ao que parece, acontece exatamente o mesmo.

Aliás, depois de saber que o mau tempo acelera a redução da procura interna, nomeadamente do investimento em valores perto de 4% do PIB, tenho de fazer um elogio aos últimos Governos dos Açores por terem conseguido, em 13 anos, fazer convergir a RAA em 11 p.p. com a média da União Europeia, apesar do constante mau tempo em que vivemos e das constantes calamidades que atravessamos.

Enquanto, na última sexta-feira, o Ministro das Finanças analisava a pertinência do mau tempo, no autêntico dilúvio de maus resultados económicos que tornam o novo orçamento retificativo num documento já ultrapassado, o FMI, inacreditavelmente, falava de assuntos pouco importantes como a assunção de erros nas previsões demasiado otimistas dos efeitos do programa de austeridade na Grécia e do facto de considerar que a União Europeia não está preparada para lidar com o problema das dívidas soberanas.

Enquanto o FMI e a União Europeia discutiam e trocavam acusações dos erros cometidos nos programas de assistência aos países em dificuldades, o Governo do PSD e do CDS/PP discutiam os efeitos da meteorologia na economia.

Assim vai o nosso país!


2º Disparate
Bem sabemos que nos Açores o PSD e CDS/PP estão a desenvolver um tímido esforço para descolar dos seus partidos a nível nacional, mas há limites para o ridículo e para as cortinas de fumo que tentam passar para enganar os açorianos.

A posição do PSD é muito simples e foi-me transmitida diretamente e em direto num debate na RDP por um ilustre social-democrata: “Eu não concordo com a maior parte das medidas do governo de Lisboa, mas acho muito importantes as medidas que este governo está a tomar e por isso apoio”.

No caso do CDS/PP Açores, um partido que nos Açores antes das últimas eleições regionais era um partido razoável e construtivo, agora na defesa do seu Governo da República vale tudo, sobretudo radicalizar o seu discurso sobre outros temas: o seu candidato a Ponta Delgada insulta diretamente dirigentes do PS/Açores de uma forma gratuita; a direção política do CDS/PP acusa na praça pública empresas de serem favorecidas pelo Governo dos Açores apenas porque um gerente de uma empresa concorre a uma junta de freguesia contra o candidato do CDS/PP; e chega ao cúmulo de criticar os atuais sistemas de incentivos ao investimento depois de os terem ajudado a construir de uma forma unanime.

Assim vai a nossa oposição nos Açores!

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