A passada
sexta-feira, que no meio empresarial muitas vezes é conhecida por casual-friday
(dia da semana em que o ambiente empresarial, por opção própria, é menos
formal, sobretudo na indumentária), passará a ser conhecida como silly-Friday
(sexta-feira do disparate).
O dia
começou mal com os juros da dívida portuguesa a 10 anos, novamente, a ultrapassarem
os 6% (valor mais alto desde abril) e o INE a revelar que a riqueza gerada em
Portugal nos primeiros 3 meses tinha decrescido, ultrapassando todas as
previsões (extraordinário seria Gaspar ter acertado em alguma coisa!), no valor
recorde de 4% - a maior queda no PIB português desde a Grande Recessão.
Enquanto
tudo isso se passava, o Ministro das Finanças do Governo PSD-PP apresentava no
Parlamento mais um Orçamento de Estado Rectificativo que mantem e agrava a
austeridade que temos vindo a sentir.
Se é certo
que falar das consequências da austeridade na economia para a maior parte da
população e dos economistas é “chover no molhado”, para o Ministro Gaspar não é
bem assim.
O Ministro
do PSD-PP dá outro sentido à minha anterior afirmação. Para este, as
consequências da chuva e do banho que todos os portugueses passaram neste
inverno (falo literalmente!), não só prejudicaram a economia e os Portugueses
como não deixaram que o modelo de austeridade funcionasse como nos modelos de
Excel do ministério das Finanças.
A minha
primeira reacção foi de estupefacção. Como é que não me tinha lembrado dos
efeitos macroeconómicos da chuva, do frio e do vento!?
Qual
barragens cheias e eólicas a funcionar a todo o vapor, qual quê? Era óbvio, na
Irlanda chove muito também e a Troika teve de salvar o país da bancarrota.
Na Serra da
Estrela também chove muito e faz frio e, de facto, devido à crise económica
instalada não vive lá ninguém em cima desde Viriato. Na montanha do Pico, ao
que parece, acontece exatamente o mesmo.
Aliás,
depois de saber que o mau tempo acelera a redução da procura interna,
nomeadamente do investimento em valores perto de 4% do PIB, tenho de fazer um
elogio aos últimos Governos dos Açores por terem conseguido, em 13 anos, fazer
convergir a RAA em 11 p.p. com a média da União Europeia, apesar do constante
mau tempo em que vivemos e das constantes calamidades que atravessamos.
Enquanto,
na última sexta-feira, o Ministro das Finanças analisava a pertinência do mau
tempo, no autêntico dilúvio de maus resultados económicos que tornam o novo
orçamento retificativo num documento já ultrapassado, o FMI,
inacreditavelmente, falava de assuntos pouco importantes como a assunção de
erros nas previsões demasiado otimistas dos efeitos do programa de austeridade
na Grécia e do facto de considerar que a União Europeia não está preparada para
lidar com o problema das dívidas soberanas.
Enquanto o
FMI e a União Europeia discutiam e trocavam acusações dos erros cometidos nos
programas de assistência aos países em dificuldades, o Governo do PSD e do
CDS/PP discutiam os efeitos da meteorologia na economia.
Assim vai o
nosso país!
2º
Disparate
Bem sabemos
que nos Açores o PSD e CDS/PP estão a desenvolver um tímido esforço para
descolar dos seus partidos a nível nacional, mas há limites para o ridículo e
para as cortinas de fumo que tentam passar para enganar os açorianos.
A posição
do PSD é muito simples e foi-me transmitida diretamente e em direto num debate
na RDP por um ilustre social-democrata: “Eu não concordo com a maior parte das
medidas do governo de Lisboa, mas acho muito importantes as medidas que este
governo está a tomar e por isso apoio”.
No caso do
CDS/PP Açores, um partido que nos Açores antes das últimas eleições regionais
era um partido razoável e construtivo, agora na defesa do seu Governo da
República vale tudo, sobretudo radicalizar o seu discurso sobre outros temas: o
seu candidato a Ponta Delgada insulta diretamente dirigentes do PS/Açores de
uma forma gratuita; a direção política do CDS/PP acusa na praça pública
empresas de serem favorecidas pelo Governo dos Açores apenas porque um gerente
de uma empresa concorre a uma junta de freguesia contra o candidato do CDS/PP;
e chega ao cúmulo de criticar os atuais sistemas de incentivos ao investimento
depois de os terem ajudado a construir de uma forma unanime.
Assim vai a nossa oposição nos Açores!
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