Constituindo-se como o momento
mais caricato (e até certo ponto vexatório) a que já assistimos nos debates
parlamentares, na Região Autónoma dos Açores, digno mesmo de figurar, na
primeira página, de um qualquer anedotário regional, o Programa do PSD/Açores
para a criação de Auto-Emprego Jovem (PAEJ) é uma das mais reveladoras provas
da mediocridade de alguns membros da classe política regional.
Mediocridade que continua a
passar impune, sem que ninguém tire verdadeiras consequências disso. É lamentável.
Se o PSD/Açores não encontrou em
nenhuma das nossas ilhas um furo de petróleo, este Programa que foi anunciado
no passado mês de Abril, no Pico, depois de 3 dias a debater, em Jornadas
Parlamentares, soluções para o desemprego jovem é, nada mais, nada menos, do
que uma piada de mau-gosto, feita à custa dos problemas das vidas dos outros…
Se não estivéssemos a falar de
políticos açorianos com responsabilidades que, amiúde, se proclamam como o
“maior partido da oposição” e até “pai da Autonomia” podíamos pensar que o
PSD/Açores, pela voz do líder da JSD/Açores e, deputado pelo 2º mandato
consecutivo, estava a sofrer de uma espécie de síndrome de “Lawrence das
Arábias”…
Mas não. À parte a grandeza do
partido, ou mesmo a paternidade da Autonomia e de outras efemeridades do tipo,
que agora interessam pouco, a não ser pela referência das “qualidades” com que
se gostam de auto condecorar, resta um certo laivo de desmazelo, um certo afã
mediático e uma certa queda para a tolice.
A Proposta do PSD/Açores, para
quem não ouviu o debate, já que não saiu nota do Gabinete de Comunicação Social
deste partido, visava promover o Auto-Emprego Jovem em actividades tão
açorianas como: extração de hulha e lenhite; extração de petróleo bruto e gás
natural; preparação de minérios metálicos; fabricação de coque, produtos
petrolíferos refinados e aglomerados de combustíveis…
Afinal, como se percebe, não foi
um contributo para a criação de Auto-Emprego jovem, ou menos jovem, que os
senhores deputados do PSD/Açores deram à sociedade açoriana. Não senhores. Mas,
mesmo assim, não deixaram de dar qualquer coisa. E o que deram então?
Ora deram pior fama à classe
política, pior fama aos deputados, pior imagem à política, razão a quem diz que
há políticos que não servem para nada…
O que aconteceu a semana passada
no Parlamento Regional foi uma ofensa aos Açorianos e é deveras lamentável que
um Partido como o PSD/Açores tenha feito esta triste figura sobre um assunto
tão sério como o Desemprego.
Ainda assim tiveram sorte. Todos
os grupos e representações parlamentares votaram por unanimidade o Requerimento
que a bancada do PSD/Açores apresentou para que o diploma baixasse à comissão e
fosse de novo reapreciado.
O tempo dirá o que trará de novo
o PAEJ, esperando-se, porém, que não volte a ser nada do género. É que na luta
e no trabalho diário pela criação de melhores condições de emprego para todos
os cidadãos açorianos devem estar empenhados todos os políticos açorianos e
esta temática, como outras, é certo, não pode, nem deve servir para “brincadeirinhas”
de mau gosto.
Aos políticos cumpre o dever de
zelar pelos interesses do seu Povo. Se há petróleo, digam onde é. Se não há
façam o vosso trabalho que é para isso que são pagos.
Serenamente, no jornal Açoriano Oriental, a 25 de Junho de 2013