quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Não faz mal: temos a TV Rural!

Na mesma semana em que Merkel decidiu assinalar os 80 anos da chegada ao poder de Adolf Hitler, discursando nas instalações da GESTAPO, e exibindo, por diversos locais da Alemanha, exposições sobre o famoso ditador, Portugal viu “renascer” duas belíssimas figuras: primeiro Fernando Ulrich, depois Franquelim Alves, entre ambos o de sempre, Pedro Passos Coelho… Fernando Ulrich, presidente do BPI, em declarações prestadas, aquando da apresentação de resultados do seu banco, perguntou porque é que os portugueses não aguentariam mais austeridade, se os sem-abrigo sofrem tanto e aguentam. Ora o banqueiro Ulrich definiu (e ninguém contrariou) o que aguenta um português, um grego ou um sem-abrigo (que deve ser para o banqueiro outra nacionalidade qualquer), anunciando ao mesmo tempo os lucros do seu banco... Sobre as suas declarações quase ninguém abriu a boca. Por outro lado, e na mesma semana, a nomeação de Franquelim Alves para o Governo de Passos Coelho provocou uma onda de reacções negativas em toda a oposição nacional. António José Seguro disse que o Primeiro-Ministro devia explicações ao país; Jerónimo de Sousa que é uma vergonha a nomeação e o Bloco de Esquerda está indignado pela posse dada pelo Presidente da República. De todas as reacções, a melhor (na minha opinião) foi a de Manuel Alegre. Serenamente disse o ex-candidato a Presidente da República, que é uma vergonha ter sido indicado e empossado Secretário de Estado, devido à sua passagem pelo grupo SLN-BPN; que do ponto de vista da ética e da política da responsabilidade é também uma vergonha, mas que não é uma ilegalidade, porque Franquelim Alves não é arguido, nem está condenado. É só (e tanto) uma questão de ética pública. Pois é. Enquanto Ulrich vai e Franquelim vem, Passos Coelho anunciou no Parlamento que Portugal recuperou credibilidade internacional, que apesar de ter que fazer sacrifícios, está em condições de andar pelo seu “próprio pé”. (Nas redes sociais uma fotografia choca quem a vê. Tirada à noite, numa noite qualquer de Lisboa, as arcadas junto ao Terreiro do Paço, são cama de dezenas e dezenas de pessoas. Fernando Ulrich chama-lhes “sem abrigo”). Devemos sentir-nos todos orgulhosos, explicou-nos Ulrich sem falar de orgulho, aguentamos e por isso mesmo o governo vai brindar-nos com mais um programa de entretenimento: a TV Rural, que o Parlamento aprovou na semana passada. O desemprego atingiu um número recorde de 16,5%? Não faz mal. Temos a TV Rural, de cheiro podre e bafiento como a lembrança da “TV Rural”, emitida entre 1960 e 1990, apresentada por Sousa Veloso. Como agora ditou Pedro Passos Coelho já andamos pelo nosso próprio pé, talvez possamos gastar mais uns milhares num genérico para a “TV Rural”. Sugiro uma versão estilo “gangnam style” do fado: “Uma casa portuguesa”. Para dar voz pode ser Marcelo Rebelo de Sousa. Afinal o professor fala de tudo e de todos. Cantar também deve saber. Se não souber peça ajuda a Ulrich. Por certo, um e outro não terão dificuldades, desde que deixem crescer as patilhas...e peçam a Franquelim Alves para, sei lá, fazer o coro…

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