É frequente em Portugal a opinião publicada, a propósito do trabalho do Governo da República, gostar de de novas expressões, cujo significado raramente está de acordo com a realidade ou com o objetivo para o qual foi utilizada, senão vejamos:
Os portugueses, segundo Passos Coelho, “viveram muito tempo acima das suas possibilidades” o que nos obriga, agora, a ter que “empobrecer para poder criar riqueza, custe o que custar.” O mesmo Primeiro-ministro anunciou que as “medidas austeridade necessárias”, que tem apresentado e que exigem um enorme esforço ao nível do rendimento das famílias, iriam ser “modeladas”, perante a indignação generalizada da população.
Mas por culpa da população portuguesa, o “melhor povo do mundo”, que “incrivelmente considera que paga muitos impostos para o apoio que o Estado lhe presta”, Passos Coelho e Vítor Gaspar vão ter de “refundar o Memorando de Entendimento” com o objetivo de reduzir o Estado Social.
Estas frases feitas, que parecem oriundas de uma estratégia pensada e planeada para o país, são amplamente discutidas, analisadas e difundidas na comunicação social nacional como se um desígnio nacional se tratasse.
Na verdade, o que verificamos é que este Governo não tem estratégia e que o seu pensamento para o país é feito ao sabor do momento, baseado em premissas falsas.
Apesar de diversos erros terem sido cometidos no passado, não é verdade o país tenha vivido acima das suas possibilidades.
Dúvidas sobre esta afirmação?
Basta verificar que antes da crise em 2008 as contas públicas portuguesas e o endividamento público estavam de acordo com os valores estabelecidos pela União Europeia.
Ou basta verificar que o endividamento do Governo Sócrates em 6 anos é inferior ao do Governo de Passos Coelho em um ano e meio.
Como se comprova em todos os países onde a austeridade indiscriminada está a ser aplicada, o empobrecimento não está a provocar riqueza, antes pelo contrário, está a trazer mais dívida, mais recessão e mais desigualdades.
A anunciada “modelação” das medidas de austeridade anunciadas por este Governo da República, não passam de um agravamento “gigantesco” da carga fiscal que vai destruir a atividade económica, agravar a recessão, agravar ainda mais o desemprego e aumentar o défice público.
Falar em “refundação” do memorando para conseguir reformar o Estado, nomeadamente o Estado Social (afirmam que é muito caro e não é sustentável), não passa dos maiores logros que este Governo tem apresentado ao povo português.
Mas então estes senhores não se apresentaram a eleições para reformar o Estado dos gastos supérfluos?
Não afirmam que estiveram a reformar o Estado no último ano e meio?
Será que desconhecem que gastamos abaixo da média da União Europeia, com o chamado Estado Social, nomeadamente saúde e proteção social?
Será que desconhecem que o Estado Social foi pensado e criado, sobretudo como estabilizador automático em alturas de crise económica e social?
É óbvio ate para o cidadão menos atento que o Estado Social custa mais em tempo de crise, pois tem de apoiar as vítimas da recessão e menos em tempos de crescimento económico, onde há menos desemprego e mais criação de riqueza.
Pensar na sustentabilidade futura do Estado Social em tempos de crise é tão absurdo como pensar que estaremos em recessão para sempre.
Ninguém nega que é impossível ultrapassarmos os tempos que vivemos sem dificuldades, mas também já percebemos que o caminho que está a ser seguido por este governo não só não funciona como agrava estas mesmas dificuldades.
Também já percebemos, que este Governo, nomeadamente o seu Primeiro-Ministro, não está preparado, para as responsabilidades que lhe são exigidas, andando numa permanente “brincadeira de rapazes”, de mais medidas recessivas e momentos de pequena política.
Está na hora de mudar de Primeiro-Ministro, antes que arruíne o país por completo.
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