terça-feira, março 20, 2012

Jardim sem Flores



Envergonha um país inteiro, no qual se incluem as Regiões Autónomas. Envergonha-nos mais do que quando aparecia aos saltos a festejar o Carnaval no Funchal. Dizia-se que era um folião bem-disposto, o “rei” de um jardim do Atlântico, com números a disparar de turistas e bandeiras do PSD enfiadas em vasos nas casas na periferia do Funchal.
Depois do temporal, veio o descalabro. De buraco em buraco, de dívida em dívida, Alberto João Jardim, que grita muito mas diz, em proporção, quase nada às pessoas, voltou à ribalta a semana passada. Desta vez para insistir (o argumento é velho) que os Açores foram favorecidos na atribuição de verbas pela República.
O Dr. Alberto João Jardim – disse o Vice-Presidente do Governo dos Açores e disse muito bem - é conhecido por ser o “campeão do disparate”. Só isso explica que, apesar do desaire da sua governação na Madeira, o próprio continue a aparecer como se nada tivesse acontecido. Jardim não tem credibilidade para falar em contas e finanças públicas e devia – como também disse Sérgio Ávila – pedir desculpa a todos os portugueses pelo tanto que estão a pagar e vão pagar durante longos anos por causa do descalabro que são as contas e finanças públicas da Madeira!
Mas não. Alberto João Jardim – como quase todos os políticos do género neste país e no mundo inteiro – "passeia-se" impunemente no ecrã da Televisão, porque o deixam achar que é rei e senhor de um jardim no atlântico, onde mandou, ainda manda e mandará por mais alguns anos.
Quando um dia a “festa” acabar, João Jardim viverá na paz em que sempre viveu, culpará os “cubanos” – como sempre culpou – e os açorianos pela “miséria” em que vive a Madeira, ignorando ou fazendo de conta que não sabe porque é que à "sua" Região foram retiradas todas as competências e toda a autonomia. Porquê? Porque não foi bem gerida!
A semana passada Jardim abandonou a sala do plenário depois da intervenção do Secretário Regional das Finanças. Debatia-se o Orçamento Regional para 2012. Aos jornalistas justificou o abandono com o facto de o debate estar bem entregue aos Secretários Regionais.
Alberto João Jardim é o mesmo que se regozija por não pôr os pés no Parlamento, que quando Cavaco Silva visitou a Madeira (e felicitou as autonomias de sucesso!) entendeu que não valia a pena o Presidente da República ir ao Parlamento Regional. Porquê? Porque aquilo, palavras suas, era um “bando de loucos”.
O país todo assistiu a isto e vem assistindo a tudo como se não fosse nada e houvesse ali no meio do Atlântico um “louco”. Um “louco” a quem os dirigentes nacionais e regionais do PSD vão fazendo companhia, ajudando e falando disso, quando dá jeito.
(Alberto João Jardim depois de todas as contas e da dívida da Madeira atingir valores brutais, foi nomeado por Passos Coelho como seu mandatário. Berta Cabral, pelos Açores, também).
Estes dias o PSD/Açores cumpriu o voto de silêncio em relação à Madeira. Se antes assistíamos ao desfilar de comparações entre os Açores e a Madeira, agora a velha geração dos sociais-democratas açorianos apagou esse nome do seu vocabulário.
E só Duarte Freitas teve coragem de dizer uma "coisinha" sobre a Madeira aí há uns tempos, mas logo foi mandado calar pelo PSD/madeirense em comunicado. E calou-se. Bem calado. E não reagiu, não conseguiu dizer nada quando a semana passada João Jardim destilou veneno para cima dos Açores e dos açorianos.
Esperava-se uma manifestação de repúdio, qualquer coisa que não deixasse os social-democratas açorianos reféns da liderança nacional. Mas não. Provavelmente Miguel Relvas ligou de Lisboa para avisar: “Não sejam piegas! Não sejam piegas!”
Ao que de cá alguém respondeu: “Alberto João Jardim tem coisas que não são para levar a sério.”
Foi isso. Foi isso. A Madeira já lhes serviu muito para criticar os Açores, mas agora, entre tanto buraco, de um Jardim sem Flores, só escapam as tocas, de onde parece também não sai coelho.

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