quarta-feira, dezembro 22, 2010

“O mar também é terra onde morar”

Normalmente, sem que isso represente qualquer tipo de menoridade, ou mesmo de anormalidade, dizemos da “nossa terra” que ela é nossa e linda, que não há outra como ela e que vivemos por aqui porque gostamos e porque assim escolhemos.
Somos os seus maiores admiradores e os seus maiores críticos. E porque somos daqui – “filhos” dela – podemos usufruir desse relacionamento saudável…
Quando estamos longe para estudar, para trabalhar ou mesmo porque escolhemos viver noutro lugar, continuamos a achar que ela é linda, que não há outra melhor e que é nossa.
O sentimento de pertença a um lugar tem um lado bom e um lado mau, é certo, mas não deixa de ser também uma grande responsabilidade.
O amor à nossa terra é um amor incondicional, que não se distrai com minudências ou se eclipsa sobre a vantagem de outros valores ou por medo de embates. Sendo incondicional, ele – o amor e ela – a terra esperam, mesmo assim, que sejamos capazes de os defender a ambos e de estar à altura disso quando, por uma razão, ou mais, formos chamados a dar um passo em frente.
A época de Natal – sendo grande em consumismo e intermitências de luzes – não deixa de ser também um bom momento para por as fitas de parte, para sacudir os papéis de embrulho e olhar (serenamente) para a nossa terra e para o amor que lhe podemos ou queremos dispensar. Somos livres de escolher.
É bom que se quantifique as vezes que fomos capazes de vibrar pelo sucesso das nossas gentes, onde quer que estejam, espalhadas pelo mundo, aqui, numa das ilhas do arquipélago, em todas…Afinal de contas diz-se e nisso eu acredito que existimos uns pelos outros, de uns para outros e uns com os outros.
À beirinha do Natal, já acesas todas as luzes e todas as palavras que anunciam as boas festas é com orgulho, que lemos sobre os Açores, o que diz, por exemplo, a revista Forbes: “um dos cinco destinos do mundo capazes de oferecer uma experiência única”…
Concordamos.
A terminar recomendamos o CD e DVD do projecto dedicado aos 25 anos de música original feita nos Açores.
Como (bem) lembrou um dos protagonistas no documentário de Zeca Medeiros – exactamente sobre os 25 anos de música original feita nos Açores – apresentado recentemente no Teatro Micaelense, citando o poeta Marcolino Candeias, o mote é: “Largar amarras./Ir decifrando/quantos portulanos na vida houver a decifrar./E se no fim faltar o cais para a chegada/o mar também é terra onde morar.” (excerto do poema Rota de Ítaca).
Boas Festas.

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