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São Jorge
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Faial
Pico
"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando as vidas dos insectos..." Mário Quintana
Em Lisboa, assisti a um PSD preocupado em atacar raivosamente o Governo, pelo facto deste apresentar um orçamento que será viabilizado por eles mesmos. Assisti a um PSD que critica o endividamento do país e que faz conluio com o CDS/PP, BE e PCP para permitir mais empréstimos para a Madeira. Assisti também a um partido que defende uma Justiça a sério, mas é o primeiro a servir-se de um crime para tirar dividendos políticos contra José Sócrates.
Este é o resultado de uma espécie de líder partidária desesperada e desorientada por não controlar o seu partido e por não ter sucessor de tendência, obrigada a ceder para satisfazer todas as franjas internas do seu partido. Foi assim que cedeu no passado, na Lei de Finanças Regionais, para saciar a fome por dinheiro dos contribuintes de Alberto João Jardim e é assim que cede agora, no debate do orçamento, criticando a custo, apenas para satisfazer a sua máquina partidária ansiosa por vingança e por voltar a controlar a administração pública. Tenho pena que Ferreira Leite, de todas as franjas que tem para satisfazer no seu partido, no âmbito da aprovação da Lei de Finanças Regionais (LFR), não tenha sequer perdido cinco minutos para telefonar à líder do PSD/Açores para lhe informar que lei estava a ser aprovada. Lamentavelmente, a afronta foi tal que, quando questionada pelos jornalistas, Berta Cabral, não tenha tido outro remédio senão reconhecer que não conhecia a LFR que o seu partido tinha aprovado no continente.
Mas nos Açores a oposição parlamentar também não faz melhor. Assistimos a um debate murcho sobre a situação social da região. Tivemos uma oposição fria e até constrangedora em certas alturas. O Bloco de Esquerda acusava o Governo dos Açores por não conseguir corrigir a vergonha da desregulação do sistema financeiro internacional, imagine-se. O PCP acusou o Governo Regional de utilizar o falso argumento de que os Açores tinham tido um comportamento económico semelhante ao resto do mundo. Na sua óptica, não era verdade que o mundo estivesse todo em crise, pois países como a Papua Nova Guiné ou o Suriname tinham tido crescimento económico devido às boas políticas dos seus Governos.
Mas a situação que mais me entristece foi o estado a que chegou o PSD. De cabeça baixa, notoriamente dividido e sem rumo, resumido às provocações de pasquim e à crítica por tudo e por nada, sem nunca apresentar uma única solução para um problema.
É caso para dizer, com uma oposição assim, não vamos lá.
Para mal meu, o PSD actual parece o Sporting. Até tem alguns bons elementos, mas falta-lhe liderança em campo, estratégia de jogo e soluções na altura de rematar à baliza. Agora, parece que o Liedson (Paulo Rangel) social-democrata, que estava refugiado em Bruxelas, vai ter de ser convocado, mas como temos visto, não bastará para resolver o problema.
A características da grande recessão internacional que nos afecta, são altamente mortíferas para empresas que já estavam com um processo de afirmação no mercado muito fragilizados. O facto de esta crise ter sido precedida, por um período de 2 anos de taxas de juro muito altas, que penalizaram quem tinha créditos bancários, acompanhados por uma subida vertiginosa das matérias-primas e dos combustíveis a níveis nunca antes verificados, fez com que algumas empresas apanhassem a crise já numa situação débil.
Com a crise económica, veio a travagem brusca do consumo das famílias e a restrição do crédito a níveis praticamente injustificáveis e irresponsáveis da parte dos bancos, que obrigou a que os Estados interviessem rapidamente no sentido de estabilizar e pacificar todos os mercados de modo a evitar uma catástrofe económica e social. Foi assim em praticamente todos os países do mundo, foi assim em Portugal e foi também assim nos Açores.
Numa altura de crise o papel mais difícil, da parte de um Governo é o de decidir que critérios utilizar para intervir nos mercados. Ou seja, por exemplo, se deve ou não nacionalizar-se uma empresa apesar da sua má gestão, porque esta tem valor estratégico para a economia, porque tem muitos trabalhadores ou até, porque não fazê-lo, pode trazer prejuízos muito maiores para a estabilidade dos mercados. Corremos sempre o risco de perturbar a livre concorrência, favorecendo as empresas incumpridoras de impostos e salários face a outras exemplares nesta e noutras matérias. Para não corrermos o risco de “socializarmos o prejuízo dos irresponsáveis”, como muitos dizem, toda e qualquer intervenção no mercado da parte de um Governo deve ser criteriosamente pensada e analisada.
Foi assim que aconteceu com a empresa SINAGA, SA. O Governo dos Açores esteve durante semanas debaixo de uma pressão intensa para intervir na empresa nos moldes definidos pela administração. Fez bem em só tê-lo feito agora. Em 1º lugar não optou por uma intervenção na empresa à pressão, podendo com isto cometer erros. Realizou um estudo pormenorizado do valor da empresa e verificou a sua viabilidade futura, enquadrou-a na sua estratégia de diversificação agrícola e industrial e só interveio pelo valor justo, 800 mil euros, para os contribuintes que pagam os seus impostos. Esta intervenção tem o mérito, de para além de ter salvado 120 postos de trabalho directos e de muitos produtores de matéria-prima, poder significar uma aposta na triplicação da produção de beterraba e da produção de bens transaccionáveis como o açúcar, o álcool e o biodiesel, evitando importações ou até aumentado as nossas exportações.
Este é um bom exemplo de como os interesses de todos: contribuintes e trabalhadores, além da economia açoriana, ganharam mais devido à ponderação e análise criteriosa de quem governa os destinos dos Açores.
Para ler o comunicado sobre esta matéria, do PS/Açores clique aqui
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