No passado domingo o Partido Socialista obteve maioria relativa de votos para governar o nosso país nos próximos quatro anos. Foi uma vitória histórica tendo em conta todas as peripécias ocorridas nos últimos dois anos. Arrisco-me mesmo a dizer, que este governo foi aquele, que depois da estabilização democrática, mais problemas teve que combater e resolver.
Ao Governo aconteceu-lhe tudo, nunca é demais lembrar, sobretudo para aqueles que, por puro sectarismo, a única coisa que lhes ocorre lembrar é que o PS perdeu votos nesta eleição.
Esses parecem esquecer que no último ano fomos afectados pela maior crise económica e financeira internacional dos últimos 100 anos, que obviamente nos trouxe desemprego e diminuição da actividade económica. Convém também que se lembrem dos conflitos com os professores, aquando da implementação do sistema de avaliação, da reacção dos juízes contra o governo aquando das reformas na justiça e dos problemas na área da saúde que levaram até à remodelação do ministro Correia de Campos. Hoje, alguns parecem não ter memória sobre as dificuldades que este Governo e o seu Primeiro-Ministro, José Sócrates, passaram, com os permanentes ataques grosseiros e assassinatos de carácter falsos que uma estação de televisão e uma sua jornalista fizeram semanalmente durante dois anos.
Nestas dificuldades até o Presidente da Republica, Cavaco Silva, quis dar o seu contributo. Em vez de apostar na cooperação estratégica, preferiu, desde cedo, fazer a política do PSD, primeiro criando um conflito inútil contra os Açores e contra o Partido Socialista, na questão do Estatuto, mais tarde, tentando criar mais dificuldades na governação, vetando sucessivamente diplomas do governo. Se se ficasse por aí, ainda era aceitável o seu papel. Mas isso não aconteceu. Cavaco Silva, como Mário Soares, bem nos avisou, tem a obsessão compulsiva pelo controle, pela intervenção e pela imposição dos seus valores conservadores. O Presidente da República acabou por tentar interferir nas duas campanhas eleitorais de uma forma, para mim, tão grave quanto inacreditável. Primeiro, um assessor seu há mais de 15 anos tenta vender, em seu nome, a um jornal a história de umas supostas escutas do Governo à Presidência da República. Quando descoberto desta intenção, Cavaco para se proteger demite o assessor de funções, dando-lhe outro emprego na sua Casa Civil. Em público, afirma que está preocupado com assuntos de segurança das suas comunicações. Depois das eleições, de uma forma azeda, tenta emendar a mão, afirmando que nunca ouviu falar de escutas, que o PS é que o tentou colar à campanha do PSD e que tinha ficado chocado em saber que os seus emails podiam ser alvo de escutas.
Para além de esta história ser confusa e contraditória tem um conteúdo muito grave. Das duas, uma. Ou o Presidente acha que está a ser escutado e nesse caso e devia ter falado ao país o quanto antes levando o caso até às ultimas consequencias. Ou então, Cavaco tentou influenciar as eleições contra o Partido Socialista, estando agora a tentar salvar de uma forma pouco inteligente a sua face e a honra do cargo que ocupa.
Mas como sempre, o povo é quem mais ordena, o PS, apesar de todas as contrariedades, voltou a ganhar as eleições e o PSD teve tanto no continente como nos Açores um dos piores resultados da sua história.
1 comentário:
Cavaco Silva é uma vergonha de P.R. para Portugal. Sem nível, sem classe e fez política, na sua comunicação ao País. Foi a única coisa que se perecebeu, a política que fez no seu discurso. Uma vergonha.
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