Ganharam. Mas ganharam o quê?!
No passado Domingo realizaram-se as eleições europeias. Os portugueses escolheram os seus 22 Deputados no PE para os próximos 5 anos. A lista do Partido Socialista, encabeçada por Vital Moreira, perdeu as eleições com uma diferença de 5 p.p. em relação ao PSD e a democracia participativa levou um forte rombo. A meu ver, este resultado deve-se a três razões:
Em primeiro lugar, Vital Moreira constituiu uma menos-valia para o PS, manifestando-se incapaz de explicar o projecto que preconizava e cometendo gafes imaturas e sucessivas durante a campanha eleitoral.
Em segundo lugar, o cabeça de lista do PSD, Paulo Rangel, revelou-se, de facto, contra as previsões da generalidade dos analistas, um bom candidato com constante eficácia mediática. Os portugueses, todos os dias, compararam-no com Vital Moreira, relegando para um último e subestimado plano qualquer confronto Ferreira Leite/ Sócrates.
A terceira e última razão é, provavelmente, a mais importante de todas. Vivemos num cenário de crise severa em que as pessoas procuram vislumbrar nas suas instituições soluções concretas para a resolução dos seus problemas. Ora, estas eleições foram tudo menos concretas nesse domínio de preocupações (nem mesmo à escala das soluções globais europeias para por cobro ao desemprego e às quebras de rendimento disponível ). Tivemos uma campanha eleitoral, dos fait-divers, do bota-abaixo, dos tiques pessoais das candidaturas, de confusões intencionais entre poderes e competências nacionais e europeias, de lucubrações genéricas e confusas em que se passou mais tempo a falar de BPP, BPN, de Freeport, de vitimação, do que do objecto real das eleições. Só uma pequena maioria de portugueses se entendeu para votar nessa embrulhada.
Ganharam, dizem no Continente como cá, os pêpêdês (viram o ar de raiva e de vingança deles?): ninguém pode estar feliz quando a diferença entre os principais partidos é praticamente igual ao número dos votos em branco; quando vence as eleições com menos votos do que tinha tido quando ficou em segundo lugar há cinco anos; quando a abstenção é tal e os partidos extremistas crescem.
9 comentários:
Independentemente de quem ganhou, julgo tratar-se somente de descrença nas instituições e nos políticos que temos.
Não seria bom os partidos começarem a pensar noutras formas de fazer politica?
Meus cumprimentos
Concordo plenamente
Seria bom pensar-se na abstenção, no que realmente ela significa.
Sou apologista do voto obrigatório, assim como das penalizações nele implicitas.
O acto de votar tem de ser encarado como um dever e um direito inerente aos cidadãos (estou aqui em recordar da democracia grega, do sistema eleitoral Brasileiro, entre outros...).
O Passado faz-se Presente.
Caro inarq,
no Brasil tende a crescer o debate contra o voto obrigatório. Não para mim a solução. Até porque não iria resolver o problema do eleitor ser alheio à vida política. Iria apenas esconder este problema e baixar a abstenção, ficava bonito, mas não resolvia nada. Até poderia agravar o problema, pois deixaria de ser possível perceber o envolvimento do cidadão na política. Se hoje os políticos já estão distantes do povo, com o voto obrigatório iram tornar-se ainda mais distantes, pois não valeria a pena ser próximo.
Haja Saúde
quem diz que hoje em dia os políticos estão distantes do Povo, é porque não "viveu" em Portugal e sobretudo nos Açores, antes do 25 de Abril!!!!! e já agora, porque é que estão sempre a dizer que os políticos estão "distantes" do Povo? eu não acho!
E diria mais Sr. Anónimo quem, como eu e muitos dos comentadores e autores deste blog, viveu na pujança da Primavera Marcelista (sim, que eu nasci em 1972), só posso estar de acordo consigo. Também eu senti na pele o distanciamento dos nossos políticos do antes 25 de Abril de 1974.
Ó A Rafera, você enganou-se na data de nascimento ? 1972 ? sentiu onde ? nas fraldas ? Primavera Marcelista ? aiiiiiiii !
Lamento mas discordo em absoluto com o que se está a passar...com o voto obrigatório tudo seria consequente, incluindo o voto em branco. Por outro lado acho que existe de facto um grande distanciamento dos cidadãos em relação á politica e aos políticos.
Em resumo considero o voto em branco como uma atitude de desconfiança em relação ao sistema no qual o cidadão não se revê em nenhuma força politica. No que respeita aos abtencionistas, acho que é uma atitude nítida de desinteresse/desleixo pela politica e pelo País....
E assim estamos nós!
Aiii!
Quem não se lembra das fraldas de pano e do rabinho assado?
Papas maisena, Primavera Marcelista,... estás a ver? Alcançaste?
Aiii...
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