O ABC da(s) Crise(s)
Continuamos com um cenário de Grande Recessão internacional. Empresas gigantescas, como a Chrysler, General Motors ou Ali Itália ou declararam falência ou foram compradas a preço de saldo. O défice orçamental americano é tão elevado que põe em risco o estatuto do Dólar como moeda única de reserva mundial. A taxa de desemprego dos países da zona euro atingiu já o valor histórico de 9,2% no mês de Abril.
A maior parte das instituições internacionais de referência económica, como a OCDE, o FMI, o Banco Mundial ou até o Banco Central Europeu, prevêem um ano negro para 2009. Contudo, relativamente a 2010, as opiniões dividem-se. O Fundo Monetário Internacional reviu em alta as suas previsões de crescimento económico mundial de 1,9% para 2,4%. O BCE e a OCDE acreditam que a economia mundial já apresenta sinais positivos de recuperação que devem traduzir-se em crescimento económico para meados de 2010. Outras instituições e especialistas, como o BM ou Josef Stiglitz são mais pessimistas, referindo que a retoma será demorada e dolorosa para os países industrializados podendo ter efeitos ainda mais prolongados para os países em vias de desenvolvimento.
Desde o pós-guerra que as economias mundiais se acostumaram a crises em forma de V, nas quais, as economias eram fortemente atingidas durante um curto espaço de tempo e após medidas estatais contra-cíclicas logo recuperavam na mesma medida. Na década de 90 tivemos no Japão outro tipo de crise. A chamada crise em L, na qual após uma queda abrupta de toda de todos os indicadores macroeconómicos, as medidas contra-cíclicas não resultaram, e o país entrou em estagnação económica e em deflação durante dez longos anos.
A percepção de que esta crise é diferente de todas as anteriores ainda não é generalizada no mundo. A única certeza que todos têm é que se não tivéssemos aplicado as tradicionais medidas contra-cíclicas a situação que viveríamos seria bem pior. De facto, os mercados financeiros parecem recuperar, as taxas de juro mantêm-se propícias ao investimento, o preço do petróleo continua longe dos valores de Outubro do ano passado e algumas empresas conseguiram melhorar a sua quota de mercado através de fusões e aquisições. Contudo, apesar de muitas promessas, nenhuma reforma de fundo foi feita ainda no sistema económico internacional. Os paraísos fiscais continuam a funcionar na mesma medida, a regulação bancária ainda é incipiente, a base energética dos países industrializados ainda são os combustíveis fosseis, o endividamento das economias continua a crescer em exponencial, ou seja, todas as condições que nos levaram a estar nesta situação continuam a vigorar na mesma medida. Daí que muitos especialistas, como Johns Hopkins, defendam que tenhamos um novo tipo de recuperação económica em W. Esta teoria pressupõe que após a queda abruta que tivemos em 2009, os anos de 2010 e 2011 venham a ser anos de uma tímida recuperação, logo seguida, em 2012 por um crash económico, ainda maior. Teorias à parte, mais ou menos credíveis, há algo que poderemos ter todos a certeza: após esta Grande Recessão nada mais será como dantes.
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