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"Não - não é possível qualquer sono
com versos que não rasguem bem por dentro
a raiva das ruínas que se bebem
com ceifadas luas ou rosados sonhos.
Não - não é possível esse vento
que não levasse o ar até à vida:
fosse ela flor em crista de subida,
como alor de criança em crescimento,
fosse ela a faca lenta da descida
que vai de um fio de água ao desalento.
Não- não é possível ser esquecida
quanta matéria voga em cada dia,
o quanto fio perfaz nossa existência."
João Rui de Sousa, "Quarteto para as próximas chuvas"
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