Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
4 comentários:
A mesma Florbela que escreveu :
"Tão pobres somos que as mesmas palavras nos servem para exprimir a mentira e a verdade".
Uma opinião como as outras.
Florbela era grande. Um pouco triste, mas grande. Anbígua.
aMbígua.
Teve a coragem de utilizar o seu talento "remando" contra as marés do seu tempo.
Só isso já a colocava num lugar de grande destaque.
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