Havia um homem deitado na areia como um valete de copas,
Mas morto.
Estava seco o vinco da sua cara rascunho,
Secos os olhos, secas as pestanas,
Fartas as sobrancelhas
De despejar nos baldes sorrisos e gargalhadas
Silenciosas e pobres como as esmolas.
Do homem valete, de cara virgulada, lembrando uma haste de óculos ou
Somente uma carta de jogo
Disse-se, na altura, pouco ou quase nada…
Falou-se numa morte vagarosa, numa espécie de lume brando,
Num mito.
Certo é que havia um homem deitado numa areia de uma praia qualquer,
Morto e seco.
De cara semi – escrita, tomada numa nota apressada, que lhe saiu
Como uma finta.
Na praia não havia mais ninguém a não ser uma caneta Bic sem tinta
Para escrever
Qualquer coisa.
Pico
Agosto 2006
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