segunda-feira, julho 10, 2006

Croniqueta XXXV ou Fífia, rei das Grandes Festas e Festas Grandes ou o cidadão anónimo namorado da Ivéti


(foto recebida via email)

Depois da festa, não há quem o aguente. Embrenhou-se de um sintomático “grande”, (adjectivo que se “auto” colou às Festas do Divino Espírito Santo) e, agora, só não voa e rola, porque tem medo, que as pessoas o confundam e, confusão por confusão, mil vezes o facto de ontem, em plena Grande Festa e Festa Grande, terem pensado, que o nosso Fífia era um carrossel ambulante! Como isso lhe agradou; crianças a chorarem por ele, velhinhas a darem-lhe dinheiro para ouvir cantar pela enésima vez, o Hino das Grandes Festas do Divino Espírito Santo que, por ser de uma Festa Grande e de uma Grande Festa, até parecia ser mais afinado.
A caminho de casa, de Hino Grande, mas já rouco, com a cabeça a pesar, dada a artilharia que transportava, o Fífia lembrou-se que, em chegando o Verão, podia usar aquela mesma coroa para, em plena avenida marginal, mas com outra música, ganhar uns trocos; quem sabe, se até, pondo-se no lugar da Grande Coroa das Grandes Festas e Festas Grandes, não acabava por sair no jornal, ao lado da Grande Presidente? Quem sabe…
Em casa, a mãe, as tias e a vizinha saudaram-lhe o aspecto; se é certo que as calças já não estavam perfeitamente claras, os olhos do seu querido Fífia, por detrás dos óculos, pareciam dois botõezinhos, olhinhos de pomba, bem mais bonitos, disse a mãe, que os da Grande Pomba das Grandes Festas e Festas Grandes na cidade.
O Fífia contou-lhes então do que o tinham chamado e da alegria que ele tinha sentido por ser confundido com um carrossel; dizendo, inclusivamente, ter feito muitas e boas amizades. As senhoras ficaram muitos contentes e planeiam construir uma coroa giratória e musical para oferecer à Grande Câmara para as próximas Grandes Festas e Festas Grandes.
Quanto ao Fífia, esse rejubila de felicidade, por se saber, autor das “primeiras letras” daquela invenção, que as suas “damas” (como eles as chama na intimidade) vão oferecer à Grande Câmara. As vozes fá-las-á, ele próprio, agudas e graves, porque o nosso Fífia só não é cantor, como a sua mãe costuma dizer, porque quando chegou ao Auditório já se tinham passados dois dias das audições para a Operação Triunfo e, dado esse erro do jornal, não do Fífia, o “nosso menino” perdeu a vez e, triste, nunca mais quis cantar para ninguém…
Mas, agora, que as “damas” vão fazer este feito; ele até ganha coragem. Já começou o treino; esta manhã era vê-lo Rua dos Mercadores adiante cantando e assobiando uma letra original. Sim, porque não só dado à interpretação alheia, o Fífia também tem, como costuma dizer, letras “home made”; daquelas que inventa, enquanto escova o cão, lava os dentes ou ouve a RTP/Açores. É um homem à maneira.
Amanhã que é 3ª feira será o seu primeiro dia de praia. Já foi comprar os protectores e as toalhas (uma para quando ainda estiver seco e outra para quando vier da água); mais uns chinelos cor-de-laranja para por com o chapéu arejado, que a vizinha brasileira, Ivéti, lhe trouxe lá do Brasil. Está bem que não é uma coroa, mas também não quer ser rei todos os dias. Só lá de vez em quando. Ontem, foi o Grande Rei das Grandes Festas e Festas Grandes da Grande Cidade. Amanhã, qual cidadão anónimo, será somente o namorado da “Iveti” com um único aumento: uma ventoinha de girar na sua cabeça parada…
Haja saúde e paciência...

2 comentários:

Rui Goulart disse...

:)))))))))... Sempre com grande nível

Anónimo disse...

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