segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Croniqueta VIII ou o Fífia é uma Enguia



O Fífia é rapaz de metro e qualquer coisa. Pouco regular nos pesos, mas frequentador assíduo de ginásios. Lá, corre nas passadeiras rolantes. Em casa, apanha ares na cadeira de balouço do século XVI, que guarda religiosamente. Uma relíquia diz, enquanto explica que: não é propriamente A Relíquia de Eça de Queirós, mas anda lá perto. E, depois, promete um dia fazer o percurso de Almeida Garrett, em Viagens na minha Terra, porque lhe parece ter havido ali um certo esquecimento. Então não é que o Dr. não incluiu na Viagem os Açores e a Madeira? Português que se preze inclui as Regiões Autónomas!- protesta na livraria, aonde compra todos os dias dois livros. Um Romance e uma Novela. Anda a ler de António Lobo Antunes: Os Cus de Judas, mas teve que forrar a capa por vergonha de estar nas esplanadas a ler aquilo diante das outras pessoas. Comprou-o pensando tratar-se de outra coisa. No final, enganou-se, vai a meio, e ainda não percebeu nada da história. Outro dia, indeciso entre comprar o Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago ou Madona de Natália Correia, acabou optando pelo segundo dado que: o primeiro é para os invisuais e neste, “sempre hei-de ficar a conhecer melhor a história da cantora”!Quando era pequeno, o Fífia queria ser bailarino, mas o pai zangou-se e a mãe chorou e depois ele desistiu logo; depois pensou ser actor. Entrar pelo palco dentro de cabeleira postiça, de bigode, às vezes, de barba outras, sentir todo aquele pêlo no rosto. Que vontade tinha! Porém, não foi actor. E nunca teve barba, bigode, pêra, ou sequer, mosca. De verdade ou a fingir!
Outro dia, foi comprar uns sapatos. Tenho o mundo aos meus pés. Preciso de uns sapatos angulares. Bicudos. Para além do mais, além de disso, só com sapatos desses sou capaz de adivinhar o futuro! A senhora fez-lhe a vontade. Comprou umas botas à cowboy. Anda feliz e agora até pensa arranjar um cavalo. Assim como assim, é defensor do ambiente e em vez de andar de bicicleta, a cansar-se e a gastar o alcatrão das ruas por onde passa, porque não arranjar um cavalo? Veremos.
Hoje foi à livraria e comprou, para variar, um manual de instruções, O Principezinho de Saint-Exupery.
Livro barato, pensou. A partir de agora é que vou saber como viviam os príncipes. Neste livro, até verei, como se faz um homem, príncipe, desde pequenino.Para além desse, levou a Conspiração de Dan Brown
Nunca se sabe quem pode conspirar contra nós. Mais vale prevenir do que remediar.
O Fífia é uma enguia!

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