segunda-feira, janeiro 02, 2006

2 de Janeiro


(Foto AM/ Espalamaca)

naufragamos em Terra
(sem pontuação de vencedores)
Desmantelamos os ossos como quando chegamos e rasgamos os laços
somos ( entre o divísivel e o partido) a parte que sobra aos braços
Há (hoje) mesmo assim qualquer coisa diferente nos gestos
parece que chegaste tarde (dizes)
Consinto

naufragamos em Terra nesta esfera redonda (redundância)
o poema é um pleonasmo, híperbole,
não lhe cabe a hermenêutica
nem a oferenda dos versos em desfiles de procissão de Espírito Santo
de rainhas de manto e homens como ases de espada
choras
naufragamos em terra

Aquela Terra distante toda virada para o mar
onde passamos os nossos anos
morremos cedo,
morremos secos,
naufragamos lá
com as canelas frias e os sacos dos afectos
personificados com beijos (juntos)

Naufragamos em Terra como Homens, como gente...
Tentamos truques, feitios, enchemos taças, brindamos.
Fomos ao mar, alagamos os ossos e as cartilagens
Porém,
Não pontuamos.
Metáforas.
Metamorfoses

Como as borboletas voámos.

2 comentários:

JPD disse...

Gostei muito, Mariana.
Fica a promessa de regresso e assiduidade.
Bjs

Pedro Gomes disse...

Bom ano de 2006, com barcos, mar e memória.

Pedro Gomes