Faz-se luz pelo processo de eliminação de sombras
Ora as sombras existem as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas no próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como os amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca
© 1957, Mário Cesariny
From: Pena Capital
Publisher: Assírio & Alvim, Lisbon, 2004
ISBN: 972-37-0512-5
4 comentários:
ardemar reencontrado...
numa deambulação nocturna, o reencontro com uma antiga leitura...
ainda bem
Fiquei a pensar que te fez postar esse poema, que é muito bonito, mas pode dizer tanta coisa...
Jinho com votos de um 2006 em grande!
A razão é simples: gosto do poema!
:)
Bom ano!
Very cool design! Useful information. Go on! » »
Enviar um comentário