Passaram quase incólumes aos
ouvidos dos cidadãos de Ponta Delgada, as recentes declarações do candidato do
PSD/Açores à Câmara Municipal do maior concelho dos Açores. Disse o candidato
e, ainda presidente, José Manuel Bolieiro, durante a apresentação da sua
mandatária que, e cito: “O meu trabalho na Câmara Municipal é que serve de
campanha”.
Parece-me muito grave que o
candidato do PSD/Açores a Ponta Delgada admita, sem qualquer tipo de escrúpulo,
que utiliza a Câmara Municipal para campanha eleitoral e não quero crer que
estas suas palavras tenham sido bem medidas. De outra forma, a única conclusão
que se pode retirar é que o candidato tem do cargo que ocupa uma visão
clientelar e promíscua.
No mesmo dia e, no seguimento
destas palavras, o candidato do PSD/A também referiu que “a pré-campanha do
ruído e da despesa não faz o meu género”. É uma pena que o candidato do
PSD/Açores tente confundir esclarecimento com propostas. Mas a pena maior é que
a pré-campanha do candidato do PSD/Açores se esteja a fazer na gravata ou na
coroa do Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada… como se ninguém
estivesse a ver.
E quando se esperava uma solução
para o centro histórico de Ponta Delgada – apresentada pelo atual Presidente da
Câmara Municipal, eis senão quando se lança, às pressas, a obra do Campo de São
Francisco.
Com ela, o candidato do
PSD/Açores pensou matar vários coelhos de uma cajadada só e, mais uma vez, como
se ninguém estivesse a ver, onze anos depois, desde que começaram as “Noites de
Verão” no Campo de São Francisco, quis agradar a todos e puxou as ditas noites
para o centro da cidade.
A Câmara Municipal de Ponta
Delgada acordou tarde para o problema e prejudicou durante 11 anos os
comerciantes da baixa da cidade. Porém faço os melhores votos de prosperidade
aos nossos comerciantes, embora esperasse que esta deslocação das noites, fosse
acompanhada por reduções de taxas relativas à ocupação da via pública, à
instalação de reclames luminosos, à diminuição da Derrama, entre outros tão falados
e propostos assuntos, pelo maior partido da oposição, na Câmara e Assembleia
Municipal de Ponta Delgada.
Bem se sabe que nenhuma destas
medidas causa tanto impacto visual como ter umas máquinas a escavar no Campo de
São Francisco, a afastar dali mendigos e outros indivíduos e a mudar árvores de
sítio, mas o que não se quer ver poupado, esquecido e afogado é um centro
histórico tradicional que há mais de uma década espera pelos bons propósitos da
autarquia de Ponta Delgada.
A semana passada ficámos todos a
saber que Vila do Conde homenageou Antero de Quental. A casa onde viveu o
escritor durante 10 anos abriu na passada 3ª feira e é agora o Centro de
Estudos Anterianos.
Por cá há promessa, desde 14 de
Junho de 2008 (há 5 anos), de homenagear Antero de Quental através da criação
de um centro de estudos com o seu nome que iria surgir na Casa de Mouzinho da
Silveira, na Rua Pedro Homem.
Não se vislumbra nada de novo
sobre este assunto, assim como nunca se identificou o banco onde Antero de
Quental se suicidou.
Honrar os nossos maiores é viver
mais. Ponta Delgada precisa decisivamente de mais e de melhor.
Serenamente, AO 23 de Julho
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