É impressionante a rapidez com que acontecem as trapalhadas e contradições no actual PSD nacional.
Quando Passos Coelho declarou que o PSD ia chumbar o PEC IV, afirmou que o ia fazer porque “as medidas anunciadas sacrificavam os mesmo de sempre” (ver aqui). O PSD obedeceu ao chefe, foi ao parlamento, chumbou o PEC e fez cair o Governo. Não passou uma hora, e no final da declaração que Passos Coelho fez ao País começou logo a dizer que a estratégia nacional que o PSD propunha não passava “por medidas alternativas” (ver aqui minuto 6). Ficou o país sem perceber porque tinha afinal o PSD chumbado o PEC se aquelas medidas eram vistas por eles como não tendo alternativa.
Mas Passos Coelho não nos quis dar muito descanso. Passaram umas horitas e tínhamos mais uma contradição: Em Setembro, recusava-se a viabilizar o Orçamento do Estado para 2011 caso a proposta do Governo incluísse um aumento do IVA (ver aqui); depois do chumbo do PEC, já admitia um aumento deste imposto até 25% (ver aqui).
Os mercados começaram a fervilhar (ver aqui) e Pedro Passos Coelho decidiu ir a Bruxelas explicar o porquê daquele chumbo. Sabíamos que não seria uma explicação fácil, considerando que era a primeira vez que um PEC era chumbado a nível europeu e que aquele documento reflectia as políticas dos seus correligionários da direita que domina os governos da UE. O que não esperávamos é que nem tentasse uma explicação e mudasse tão rápido de opinião novamente. Bastaram, pois, as reprimendas da Chanceler Alemã Angla Merkle (ver aqui), do Presidente da Comissão Europeia Durão Barroso (ver aqui) e do Presidente do Eurogrupo Jean Claude Juncker (ver aqui) para que fizesse um Flic-Flac à retaguarda e desdissesse outra vez tudo o que tinha dito: Num dia dizia não aceitar um PEC como aquele que tinha sido apresentado pelo PM José Sócrates em Bruxelas, chumba-o no Parlamento e faz cair o Governo; no dia seguinte vai a Bruxelas, recebe três puxões de orelhas, e acaba a dizer que assume todos os compromissos assumidos em Bruxelas por José Sócrates e ainda os que vierem a ser precisos (ver aqui).
Hoje ficamos definitivamente a perceber que temos um discurso intra-muros e um discurso extra-muros. Em Portugal vangloria-se de ter ordenado a rejeição do PEC por considerar que as medidas aí previstas “eram demasiado duras” (ver aqui); para o exterior justifica a rejeição do PEC por considerar que as medidas de austeridade “não iam suficientemente longe” (ver aqui).
Estamos, portanto, perante alguém frouxo de pensamento e cuja palavra vale menos que um tostão furado. Esta errância e falta de verticalidade só se pode explicar pela sede de poder. Valha-nos o Povo, já que Deus não se mete nestas coisas.
1 comentário:
Muitos parabéns pelo artigo. Concordo contigo e com a leitura atenta que fizeste dos discursos de Passos Coelho e do PSD, infelizmente a "sede de poder do PSD" vai-nos custar muito caro.
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