Chegou à Madeira, não para “adorar” o Deus Menino, mas para tentar ser adorado por todos aqueles que forem ouvir o “homem de bem” que quer teimosamente parecer ser.
Chegou qual Rei Mago Baltazar trazendo no colo palavras “mirra(das)”, como prova do seu desalento, procurando um aconchego, quiçá um sorriso, talvez um aceno de paz.
Há muito que preparava este seu regresso às ilhas de além-mar. Talvez por isso tenha repetido no tom monocórdico que já caracteriza as suas declarações a “cassete” que vem transmitindo em todas as estações, onde pára o “metro presidencial”: energia criadora + jovens; florescer projectos no país; crédito nas palavras dos portugueses.
Ali na Madeira acrescentou que os madeirenses são gente de fibra, garra e generosidade, que são capazes de empurrar a sua terra para a frente…E mais nada.
Sobre a Autonomia ainda nem uma palavra. Sobre a situação do país ainda nem uma palavra. Cavaco foi tentar “reflorescer” à Madeira, como se fosse possível chegar assim qual “estrela de David” e o mundo se tornasse belo.
A última vez que esteve em terras madeirenses, Alberto João Jardim não quis que fosse recebido na Assembleia Legislativa Regional pelos que então chamou de “bando de loucos”. Cavaco Silva não comentou. Não estava na Argentina.
A 4 e 5 de Janeiro estará nos Açores. Que novas trará aos Açorianos? Terá Cavaco Silva forças para aqui, como na Madeira, fazer de conta que não se passa nada?
É que esta é sem dúvida a maior arte do candidato Cavaco. Conseguir ser um dos principais responsáveis políticos do País nos últimos 30 anos e, ao mesmo tempo, dar ares que não faz parte da classe política, que é supra-partidário, isento e imparcial.
Sempre foi assim e assim continuará a ser. Basta ver como tem sido no polémico caso BPN. Critica a actual administração, mas nada diz sobre os verdadeiros responsáveis pelos crimes que foram cometidos e que lesaram gravemente o país.
Critica os actuais gestores e nada disse ou diz sobre os seus dilectos colaboradores que afundaram o BPN.
Cavaco é um exímio gestor do seu interesse político. E esquece-se, demasiadas vezes, que a honestidade não é um valor material. É também - e sobretudo - uma questão de princípio. E Cavaco não tem sido intelectualmente honesto. Nem este ar de “cruzado” em terras de além-mar lhe traz novos ares.
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