"E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando as vidas dos insectos..." Mário Quintana
terça-feira, março 30, 2010
Esta não é uma crónica sobre os coelhos da Páscoa
Não é uma crónica sobre os coelhos da Páscoa, embora a época, o gosto dos gulosos por mais um chocolate ou até as hipóteses de puxar um mamífero orelhudo da cartola pudesse agradar aos leitores e, por isso, fazer com que fosse sobre os coelhos da Páscoa esta crónica.
O lado bom da liberdade de escrever uma crónica é esse mesmo. Será sempre o que quisermos.
Não se escreve para que todos concordem. A história clássica prova a quem quiser saber entendê-la, que o cavalo de Tróia foi uma invenção espectacular, que Eneias foi um herói e que Remo foi efectivamente encontrado numa cesta, juntamente com o irmão, para além de terem sido, os dois, criados por uma loba.
Bem, mas como esta não é uma crónica sobre os coelhos da Páscoa ou mesmo sobre os anões da Branca de Neve, embora pudesse ser, bastando para isso, que eu quisesse que fosse, vamos ao que interessa.
O fim-de-semana que passou ficou marcado pela eleição de Passos Coelho para Presidente do PSD.
Por cá, as raras manifestações de apoio que antecederam a sua eleição transformaram-se, de repente, numa enorme onda de apoio. Parecia que nada do que não se tinha dito a propósito disso acabava por ser agora revogado.
É que se em Novembro se esperava uma tomada de posição da Presidente do PSD/Açores, logo se avisou que a definição do apoio estava, ela própria, à espera da definição dos candidatos e daí para o silêncio foram dois passos. Silêncio. Até Sábado.
Sábado, dia 27 de Março, solicitado o comentário sobre a eleição de Passos Coelho, a entoação das palavras de Berta Cabral dava a ideia de que aquela sempre tinha sido a sua escolha, pondo-se fim, a uma situação caricata que finalmente sucumbia.
E foi ver e ouvir o que nunca se ouviu. Resta agora esperar que o tempo que é bom julgador e bom conselheiro, também diga por quantas cenas mais, esta plateia, aguenta o acto da epopeia, que começou no Dia Mundial do Teatro?
Certo é que os mesmos de sempre, quais personagens da literatura medieval, provençal ou mesmo realista (no que o Realismo ofereceu à Literatura, ao seu tempo) lá estiveram, sem as pancadas de Moliére, descoordenados,“saltitando” de palco em palco, como palpites.
Pode dizer-se que o facto de ter havido declarações de apoio, depois da eleição, no Dia Mundial do Teatro foi uma coincidência? Claro que se pode. Mas, não parece…
Esta não é, obviamente, uma crónica sobre os coelhos da Páscoa. Embora, pudesse perfeitamente ser…Não seria a mesma coisa, como dizem os comediantes. Concordamos.
Podia também ser uma crónica sobre a demagogia, que tantas vezes se sobrepõe, nos textos que lemos, ao que os seus escritores queriam dizer.
Por isso mesmo, se por acaso no meio das linhas encontrar uma cesta de ovos, creia que é um brinde bom. Já não há lobas capazes de criar crianças, como na história clássica se contava e eu disse aí linhas acima. Mas, nunca se sabe o que se pode encontrar no meio das frases.
Às vezes só uma palavra vã, outras vezes um significado. Não raras vezes uma rã aos saltos e bolas de sabão, que lhe dão a ela (à crónica, claro) um ar de fantasia.
E como o mundo está cheio de seres fantásticos, esta não é uma crónica sobre os coelhos da Páscoa.
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Serenamente - AO 30.03.2010
sábado, março 27, 2010
sexta-feira, março 26, 2010
Da Minha Esquina
A Tempestade Perfeita
Parece incrível para muitas pessoas, que num país com a história e dimensão dos Estados Unidos da América existam, actualmente, cerca de 47 milhões de pessoas sem qualquer tipo de cobertura social de cuidados de saúde e outros tantos em risco de perderem o seu seguro de saúde privado. Parece quase terceiro-mundista que um cidadão, num país desenvolvido, que sofra de uma doença grave veja o seu tratamento recusado apenas por não ter seguro de saúde privado. Tal como parece absurdo, que um cidadão que sofra, por exemplo, de diabetes tenha muita dificuldade em obter seguro de saúde que sirva como tal. Para nós portugueses, tão habituados que estamos a falar mal do que é nosso, comparar o estado da cobertura do nosso sistema nacional de saúde com o sistema americano é a mesma coisa que comparar um Volkswagen Golf a um Ferrari sem motor, pode não ser tão bonito como o Ferrari, mas pelo menos serve para aquilo para que foi criado.
A noção de que o país mais avançado do mundo, não o pode ser, enquanto tratar os seus cidadãos sem acautelar e garantir direitos fundamentais, como a saúde, é algo que esteve sempre presente nos mais brilhantes estadistas americanos. Desde Roosevelt, que criou Welfare State (a primeira tentativa com sucesso de criar um estado de previdência a sério nos EUA), todos os presidentes americanos até Regan tiveram como objectivo conservar as conquistas sociais e alarga-las à área da saúde. Lindon Jonhson tentou e conseguiu, embora parcialmente, criar um seguro de saúde estatal, “Medicare” e “Medicaid”, para muito pobres e idosos, falhando redondamente o objectivo de um sistema de saúde universal devido sobretudo a problemas de integração racial nos hospitais dos Estados do Sul. Richard Nixon também fracassou, em 1974, quando tentou tornar obrigatórios os seguros de saúde às empresas. Bill e Hilary Clinton quase puseram em risco a sua reeleição quando ousaram propor uma reforma da Saúde ao Congresso americano.
Foi preciso entrarmos na maior crise económica internacional desde os anos vinte, que motivou uma crise também social, os EUA terem o seu maior deficit orçamental desde a Segunda Guerra Mundial e um Democrata reformista ser eleito, com maioria nas duas Câmaras do Congresso, para que fosse possível propor com sucesso uma reforma do sistema de saúde americano.
Uma reforma de saúde revolucionária, nos EUA…
Estima-se que nos próximos dez anos 32 milhões de americanos estarão abrangidos por um seguro de saúde público, pois na prática, todos os cidadãos americanos serão obrigados a ter um seguro de saúde, sob pena de multa, tendo também incentivos fiscais para o fazerem. Outra das medidas é alargar a abrangência do actual programa de assistência de saúde” Medicaid” ainda a mais população carenciada e reformular o sistema de apoio a idosos o “Medicare”. É posto fim à política das seguradoras “doentes em demasia”, isto é, é negado, a partir de agora, o direito às seguradoras de rejeitarem novos clientes que considerem doentes crónicos. E os jovens poderão continuar como dependentes no plano de saúde dos pais até completar 26 anos.
Esta é também uma reforma financeira do sistema de saúde americano. Com a reestruturação da política do medicamento, bem como dos actos médicos, a Administração americana conta conter o peso do deficit em cerca de 138 mil milhões de dólares.
Mas esta reforma é sobretudo histórica num país com tantos conflitos e dificuldades com o seu passado. É uma luta centenária para a promoção da igualdade nos EUA que atravessou vários Presidentes, Republicanos e Democratas e que contaram com a oposição, primeiro dos segregacionistas e actualmente da direita radical americana e das grandes empresas farmacêuticas.
Foi um dia histórico para os EUA.
terça-feira, março 23, 2010
That Feel
Há uma música de Tom Waits de que gosto particularmente. Chama-se “That Feel” e diz, entre outras coisas, que se pode perder as calças, a camisa, os sapatos, mas nunca se pode perder “esse sentimento”.
Ora, vem isto a propósito de um pequeno conto de Mia Couto que começa com uma máxima: “O tempo é um fruto: na medida, amadurece; em demasia, apodrece”.
“Uma questão de honra” narra, em três páginas, a história de dois amigos, de idade avançada, que se juntam à mesma mesa, todos os dias, no mesmo bar para jogar às damas.
Um dia, depois de começarem a jogar, um deles, a quem o jogo não ia correndo bem, entendeu perguntar ao outro se, por acaso, tinha ido ali de noite e mudado o jogo, porque o tabuleiro não lhe parecia igual. O amigo, surpreendido, respondeu-lhe que não. Como não se entendiam sobre o assunto, procuraram, então, um juiz, que lhes explicou que aquela alteração podia ser um “fenómeno”…
Embora não compreendessem muito bem o significado da palavra – “fenómeno”, os dois acharam, que se era dita por um juiz, fazia sentido e foram-se embora. Um convencido que sim, o outro que nem por isso…
A partir da conversa com o juiz, em apenas mais uma página A4 (na versão que li), o escritor entrelaça um enredo à volta da aparente mudança do jogo no tabuleiro, que só acaba com a tentativa de assassinato do juiz, que a um dos amigos falou de “ética” e “homens de bem”. Morre um dos dois amigos. Mata-o o guarda-costas do juiz.
- “É a sua vez, compadre…”é o que se lê, por último, antes de acabar o conto, e passar ao seguinte, assim dito pelo amigo que vivia ainda, à espera do outro, com quem jogava às damas, para passar o tempo da vida…
À parte da trama e do que se pode dizer do livro, que contém outros vinte e oito contos sobre vidas e coisas simples, a história é comovente, porque falando disso e do jogo com regras, escreve tempo e medidas para amadurecer ou apodrecer, deixando nas entrelinhas a escolha do que se possa decidir fazer …
Voltando, ainda ao “That Feel” de Tom Waits, música que foi escrita pelo próprio e por Keith Richards, cuja letra é sobre isso, que é mais difícil de perder do que uma tatuagem, lembrei-me de uma outra curiosa história que me contaram há uns tempos e que é sobre um grande fabricante de calçado, que mandou dois empregados seus a África investigar se valia a pena a sua empresa investir numa fábrica de calçado naquele território.
Para a investigação ser conclusiva, mandou um empregado entrar pelo lado norte do território e o outro pelo lado sul. Passada uma semana recebeu os resultados das duas investigações: o empregado, que entrou pelo lado norte do território concluiu que não valia a pena investir, porque lá não calçavam sapatos e o empregado que entrou pelo lado sul concluiu que valia a pena investir, porque lá não calçavam sapatos. São os chamados diferentes pontos de vista. Baralhados?
Cito Mário Cesariny, a propósito do Dia Mundial da Poesia, que se celebrou a 21 de Março, para acabar esta crónica: “Fique pela parte que me toca, o molde da queda e o valor da experiência: as pessoas sabidas descobrirão depressa onde é que está o logro e onde pode anichar-se a autenticidade. As outras, não sabidas (entusiastas, estas!) servem-me o apetite de dizer para já alguma coisa que o poema não diz:
Que Fernando Pessoa é um grande poeta. Viajou sempre em primeira classe, mesmo quando estava parado.”Não perder a poesia das coisas é essencial (António Lobo Antunes diria que há uma ordem natural para elas). Mas, ainda há outra coisa que não se pode perder, é claro: “That Feel”, mesmo que haja sempre alguém inquieto para mudar o jogo no tabuleiro, de noite, enquanto dormem os homens de bem e outros discutem sobre sapatos…
AO, Serenamente, 23/03/2010
Ora, vem isto a propósito de um pequeno conto de Mia Couto que começa com uma máxima: “O tempo é um fruto: na medida, amadurece; em demasia, apodrece”.
“Uma questão de honra” narra, em três páginas, a história de dois amigos, de idade avançada, que se juntam à mesma mesa, todos os dias, no mesmo bar para jogar às damas.
Um dia, depois de começarem a jogar, um deles, a quem o jogo não ia correndo bem, entendeu perguntar ao outro se, por acaso, tinha ido ali de noite e mudado o jogo, porque o tabuleiro não lhe parecia igual. O amigo, surpreendido, respondeu-lhe que não. Como não se entendiam sobre o assunto, procuraram, então, um juiz, que lhes explicou que aquela alteração podia ser um “fenómeno”…
Embora não compreendessem muito bem o significado da palavra – “fenómeno”, os dois acharam, que se era dita por um juiz, fazia sentido e foram-se embora. Um convencido que sim, o outro que nem por isso…
A partir da conversa com o juiz, em apenas mais uma página A4 (na versão que li), o escritor entrelaça um enredo à volta da aparente mudança do jogo no tabuleiro, que só acaba com a tentativa de assassinato do juiz, que a um dos amigos falou de “ética” e “homens de bem”. Morre um dos dois amigos. Mata-o o guarda-costas do juiz.
- “É a sua vez, compadre…”é o que se lê, por último, antes de acabar o conto, e passar ao seguinte, assim dito pelo amigo que vivia ainda, à espera do outro, com quem jogava às damas, para passar o tempo da vida…
À parte da trama e do que se pode dizer do livro, que contém outros vinte e oito contos sobre vidas e coisas simples, a história é comovente, porque falando disso e do jogo com regras, escreve tempo e medidas para amadurecer ou apodrecer, deixando nas entrelinhas a escolha do que se possa decidir fazer …
Voltando, ainda ao “That Feel” de Tom Waits, música que foi escrita pelo próprio e por Keith Richards, cuja letra é sobre isso, que é mais difícil de perder do que uma tatuagem, lembrei-me de uma outra curiosa história que me contaram há uns tempos e que é sobre um grande fabricante de calçado, que mandou dois empregados seus a África investigar se valia a pena a sua empresa investir numa fábrica de calçado naquele território.
Para a investigação ser conclusiva, mandou um empregado entrar pelo lado norte do território e o outro pelo lado sul. Passada uma semana recebeu os resultados das duas investigações: o empregado, que entrou pelo lado norte do território concluiu que não valia a pena investir, porque lá não calçavam sapatos e o empregado que entrou pelo lado sul concluiu que valia a pena investir, porque lá não calçavam sapatos. São os chamados diferentes pontos de vista. Baralhados?
Cito Mário Cesariny, a propósito do Dia Mundial da Poesia, que se celebrou a 21 de Março, para acabar esta crónica: “Fique pela parte que me toca, o molde da queda e o valor da experiência: as pessoas sabidas descobrirão depressa onde é que está o logro e onde pode anichar-se a autenticidade. As outras, não sabidas (entusiastas, estas!) servem-me o apetite de dizer para já alguma coisa que o poema não diz:
Que Fernando Pessoa é um grande poeta. Viajou sempre em primeira classe, mesmo quando estava parado.”Não perder a poesia das coisas é essencial (António Lobo Antunes diria que há uma ordem natural para elas). Mas, ainda há outra coisa que não se pode perder, é claro: “That Feel”, mesmo que haja sempre alguém inquieto para mudar o jogo no tabuleiro, de noite, enquanto dormem os homens de bem e outros discutem sobre sapatos…
AO, Serenamente, 23/03/2010
segunda-feira, março 22, 2010
sexta-feira, março 12, 2010
Os cenários catastróficos que o tempo desmente
Um dos pressupostos da política é a credibilidade dos intervenientes, uma responsabilidade que deve ser acrescida para quem tem responsabilidades de liderar um partido. Não se pode, pura e simplesmente, lançar suspeitas, enganar as pessoas e por em causa as instituições públicas.
Esta credibilidade deve ser sustentada com a memória. Das duas uma: ou as afirmações foram baseadas na má fé, o que é grave, ou na impreparação política, o que não é menos gravoso para uma líder partidária.
Refiro-me ao cenário catastrófico que o PSD tinha feito da aplicação, este ano, da Lei de Finanças Locais, que, obviamente, não se confirmou.
Em Agosto de 2006, a líder do PSD/Açores garantia, de forma inconsciente, como agora se provou, que 17 dos 19 municípios dos Açores iriam, este ano, perder receitas do Orçamento de Estado.
Recordo que, nessa altura, Berta Cabral apontava mesmo números concretos de perda de receitas, como menos 74 por cento para o Corvo, menos 64 por cento para as Lajes das Flores, menos 38 por cento para o Nordeste, Velas e Santa Cruz das Flores, entre muitos outros.
Obviamente, que este delírio foi, também, reafirmado pelo Grupo Parlamentar do PSD que, a 4 de Agosto de 2006, emitia um comunicado, onde afirmava a pés juntos que “a Lei de Finanças locais estabelecia uma redução de 20% para as autarquias dos Açores a partir de 2009”.
Agora, vamos à realidade dos factos. No Orçamento de Estado apresentado pelo Governo de José Sócrates, todas as autarquias dos Açores irão beneficiar de um aumento superior à inflação em 2010, sendo o crescimento dessas transferências inclusive superior ao verificado para a Administração Regional.
Deste episódio – mais um em que o tempo e os factos se encarregaram de desmentir o PSD – se prova que o PS tinha razão. Mas prova-se algo mais. Que o PSD apresentou, neste processo, argumentos muito fracos ao nível técnico, enquanto que, politicamente, jogou na confusão dos açorianos.
Neste caso, como em muitos outros, é preciso ter memória.
O apoio necessário, na altura certa
Um dos assuntos que, recorrentemente, é alvo de atenção mediática diz respeito à situação financeira das autarquias. Além da importância que esta situação tem para o investimento público local, levanta uma série de questões relacionadas com a boa saúde das empresas fornecedoras destas câmaras municipais.
Obviamente que não se pode deixar de colocar em causa diversos investimentos autárquicos que, sendo redundantes ou supérfluos, demonstram alguma ligeireza na gestão destes municípios.
Não se pode, porém, deixar que o elo mais fraco deste processo fique penalizado. Neste caso, seriam as empresas, muitas das quais de pequena dimensão, que ficam em dificuldades por falta de pagamento por parte das autarquias.
É por isso que o PS/Açores propôs, na última semana, ao Governo que crie um mecanismo de apoio às empresas que enfrentam constrangimentos por não receberem os montantes a que têm direito. Enquanto que uns utilizam a política para enganar os açorianos, como fica provado na primeira parte deste artigo, o PS/Açores aproveita a política para arranjar soluções para estes mesmos açorianos. Não é, assim, uma questão de estilo ou de forma. É muito mais do que isso. É uma diferença de fundo e uma questão de substância!
segunda-feira, março 08, 2010
quinta-feira, março 04, 2010
Emblemática
Há cerca de quase 3 anos – precisamente no dia do aniversário de Ponta Delgada – 461 anos – a Presidente da nossa Câmara Municipal anunciava com “pompa e circunstância” que a obra mais emblemática do seu mandato de então (Abril de 2007) seria a construção do Parque Verde Urbano de Ponta Delgada…
Vale a pena recordar os mais esquecidos que nesse mandato de 2007, que começara em 2005, a obra emblemática era a Central de Camionagem Subterrânea da Praça Gonçalo Velho, que depois passou para o Campo de São Francisco e que depois, também, deixou (ou parece que tinha deixado) de ser emblemática, para acabar por ser, durante algum tempo, nada…
Ora eis senão quando um vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada, a 18 de Janeiro deste ano, afirmou no telejornal da RTP/Açores que estavam apurados quase todos os pareceres e que logo que o privado se sentisse em condições para tal, a obra estava em condições de avançar, ainda em 2010.
Recorde-se, novamente, os mais desmemoriados, que esta ex-obra emblemática era para ser acompanhada por um conjunto de parques de estacionamento, todos eles, debaixo do chão, que iriam percorrer (afundados) toda a avenida Infante D. Henrique…
No entretanto, ao que parecia a autarca de Ponta Delgada teria abandonado a ideia de fazer a Central de Camionagem, em pleno centro da cidade, facto que o tal vereador veio não só lembrar que não, como também que obra era emblemática e estava pronta a avançar…
Apanhada de “surpresa” a edil não teve outro remédio, creio eu, senão avançar mesmo e, contrariando os que entretanto, a acusavam, e com razão, de estar a gerir mal este processo, ocultando informação dos cidadãos e sem justificação técnica para a escolha do local, lá veio dizer que era um bom sítio para “despejar pessoas”…
Foi então que o PS, em reunião de Câmara Municipal, no mês de Janeiro, sugeriu que fosse feita uma reunião extraordinária, em São José, aberta ao público, visando esclarecer a população da zona. A maioria da Câmara não aceitou e optou por escrever uma carta aos moradores da Rua de Lisboa, explicando o projecto em dez linhas…
Na última reunião da Assembleia Municipal, a Presidente de Câmara, questionada sobre a central de camionagem, explicou que tinha um “plano B” e que a dita poderia vir a ser construída no subsolo do Campo de São Francisco. Na manhã seguinte a essa informação os jornais trouxeram a notícia, mas ninguém da autarquia a comentou, nem mesmo o tal vereador, que em Janeiro, dizia na televisão, que estava tudo certo para começar…
Desde o princípio deste processo, que começou, relembro os mais distraídos, em 2005, nunca se percebeu que estudos conduziram para aquela localização, em particular e, pelas afirmações da autarca na última Assembleia Municipal, pode entender-se que eles não existem. O que existe, pelo menos para a Presidente da Câmara são planos: o A, no ringue do União Sportiva, em frente ao Coliseu Micaelense, em plena Rua de Lisboa; o B, debaixo do chão do Campo de São Francisco, em frente à igreja de São José, ao Convento da Esperança e à Igreja do Santo Cristo…
Afinal 40 dias depois, Berta Cabral optou por deixar de parte as afirmações “corajosas” do tal vereador, que em Janeiro afirmava “obra vai avançar”; poisou a caneta e o papel, suspendeu a entrega das cartas, debaixo da porta, e tomou a atitude de ouvir os cidadãos de Ponta Delgada…
Pena foi ter sido preciso correr tanta tinta sobre o assunto, ao ponto de todo este processo parecer um pouco tresloucado, passível de leituras múltiplas e da convocatória de uma Assembleia municipal extraordinária para discuti-lo, a pedido da oposição na Assembleia Municipal, para dia 9 de Março, ter sido um dos motivos do esclarecimento público que logo à noite acontece…
Pena, também, que ouvir os cidadãos não tenha sido a primeira preocupação da autarquia. É uma atitude emblemática. Pois é.
Vale a pena recordar os mais esquecidos que nesse mandato de 2007, que começara em 2005, a obra emblemática era a Central de Camionagem Subterrânea da Praça Gonçalo Velho, que depois passou para o Campo de São Francisco e que depois, também, deixou (ou parece que tinha deixado) de ser emblemática, para acabar por ser, durante algum tempo, nada…
Ora eis senão quando um vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada, a 18 de Janeiro deste ano, afirmou no telejornal da RTP/Açores que estavam apurados quase todos os pareceres e que logo que o privado se sentisse em condições para tal, a obra estava em condições de avançar, ainda em 2010.
Recorde-se, novamente, os mais desmemoriados, que esta ex-obra emblemática era para ser acompanhada por um conjunto de parques de estacionamento, todos eles, debaixo do chão, que iriam percorrer (afundados) toda a avenida Infante D. Henrique…
No entretanto, ao que parecia a autarca de Ponta Delgada teria abandonado a ideia de fazer a Central de Camionagem, em pleno centro da cidade, facto que o tal vereador veio não só lembrar que não, como também que obra era emblemática e estava pronta a avançar…
Apanhada de “surpresa” a edil não teve outro remédio, creio eu, senão avançar mesmo e, contrariando os que entretanto, a acusavam, e com razão, de estar a gerir mal este processo, ocultando informação dos cidadãos e sem justificação técnica para a escolha do local, lá veio dizer que era um bom sítio para “despejar pessoas”…
Foi então que o PS, em reunião de Câmara Municipal, no mês de Janeiro, sugeriu que fosse feita uma reunião extraordinária, em São José, aberta ao público, visando esclarecer a população da zona. A maioria da Câmara não aceitou e optou por escrever uma carta aos moradores da Rua de Lisboa, explicando o projecto em dez linhas…
Na última reunião da Assembleia Municipal, a Presidente de Câmara, questionada sobre a central de camionagem, explicou que tinha um “plano B” e que a dita poderia vir a ser construída no subsolo do Campo de São Francisco. Na manhã seguinte a essa informação os jornais trouxeram a notícia, mas ninguém da autarquia a comentou, nem mesmo o tal vereador, que em Janeiro, dizia na televisão, que estava tudo certo para começar…
Desde o princípio deste processo, que começou, relembro os mais distraídos, em 2005, nunca se percebeu que estudos conduziram para aquela localização, em particular e, pelas afirmações da autarca na última Assembleia Municipal, pode entender-se que eles não existem. O que existe, pelo menos para a Presidente da Câmara são planos: o A, no ringue do União Sportiva, em frente ao Coliseu Micaelense, em plena Rua de Lisboa; o B, debaixo do chão do Campo de São Francisco, em frente à igreja de São José, ao Convento da Esperança e à Igreja do Santo Cristo…
Afinal 40 dias depois, Berta Cabral optou por deixar de parte as afirmações “corajosas” do tal vereador, que em Janeiro afirmava “obra vai avançar”; poisou a caneta e o papel, suspendeu a entrega das cartas, debaixo da porta, e tomou a atitude de ouvir os cidadãos de Ponta Delgada…
Pena foi ter sido preciso correr tanta tinta sobre o assunto, ao ponto de todo este processo parecer um pouco tresloucado, passível de leituras múltiplas e da convocatória de uma Assembleia municipal extraordinária para discuti-lo, a pedido da oposição na Assembleia Municipal, para dia 9 de Março, ter sido um dos motivos do esclarecimento público que logo à noite acontece…
Pena, também, que ouvir os cidadãos não tenha sido a primeira preocupação da autarquia. É uma atitude emblemática. Pois é.
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Ponta Delgada
quarta-feira, março 03, 2010
"A Ribeira Grande, em S.Miguel, é o primeiro concelho dos Açores com Plano de Pormenor de Salvaguarda da sua zona história. Ele acaba de ser apresentado e aponta directrizes para evitar a desertificação e propõe a salvaguarda do valioso património arquitectónico, civil e religioso."
Antena 1
Em Ponta Delgada a coisa é mais para roqueiras e croquetes...
Antena 1
Em Ponta Delgada a coisa é mais para roqueiras e croquetes...
segunda-feira, março 01, 2010
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