segunda-feira, dezembro 28, 2009

Em viagem



Não tenho tido o tempo nem o descanso mental para dedicar a este livro o vagar de que ele precisa. Há poucos dias deram-me a ouvir uma música que quase o parece (digo eu) legendar, em certos momentos ou aos momentos a que cheguei. Das suas 494 páginas li umas 200. Parei os Cavalos e não os encontro, que é pior...De qualquer modo das minhas passagens preferidas do autor, na página 161, de "A Morte de Carlos Gardel":

"(...)- Quem é?
as pessoas olhavam para nós
na igreja através das corolas dos gerânios
(-Que interesse pode um garoto achar numa mulher desta idade?)
e o meu tio, didáctico, mostrando-me a fotografia de um senhor de brilhantina e lábios pintados, com um sorriso de anjo deposto
- o grande Carlos Gardel, ignorante
e apenas o álvaro, do outro lado da urna, enfiado numa gabardina idiota, apesar do calor, não reparava em mim nem se indignava, distraído, hesitante apatetado
(-Cuidei que gostava de ti, mas não gosto, sentia-me sozinho, é tudo)
a tirar fósforos e cigarros da algibeira, a aperceber-se que não podia fumar, a guardá-los de novo, a levantar-se do sofá e a debruçar-se para o gira-discos a fim de aumentar a intensidade da música
-Dá ideia que vamos morrer a cada nota, não é?(...)"


Não sei o que é que me deu para escrever isto no blogue. Há muito tempo que não me dedicava ao blogue. Mas, como ele é meu...pois é.
Bom ano.

2 comentários:

Anónimo disse...

nice shot.
Bjs.
J.

E. Raposo disse...

Os blogs têm coisas assim. São dos seus donos e por vezes o tempo não permite chegar a eles. Todavia, tens uma equipa que por aqui escreve e um excelente companheiro, porém, o próprio, também não escreve assim tanto por aqui (mas quando o faz é sempre "em grande" - a dos médicos foi fantástica).

Bom ano de 2010.