sexta-feira, setembro 18, 2009

ZUNZUNS


Correu por aí o zunzum recente de que Berta Cabral só teria aceitado liderar o seu partido depois de ter recebido um parecer jurídico a acautelar-lhe a impossibilidade legal de recandidatura de Carlos César a Presidente do Governo Regional.
Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, ademais quando se quer ter um pé na Câmara e esticar o outro a ver se a biqueira do sapato chega ao governo. E como há zunzuns tecidos por mão do diabo, já agora e perante tão justificado receio, melhor será a líder do PSD/A recordar as irónicas caricaturas que faz o povo da semelhança (salvo-seja) entre as figuras do advogado e do alfaiate. Diz-se que ambas usam de licença de porta aberta, aviam o pedido à medida e gosto do freguês e só aceitam reclamações até à data de entrega dos fatos e dos factos, que é como quem diz, dos argumentos. No caso de o jaleco ficar curto de mangas, o alfaiate remete a culpa ao freguês que terá encolhido os braços na última prova e na circunstância de o parecer jurídico não se ajustar ao desejo, no caso ao sonho da cliente, o advogado diz logo que apenas emitiu uma simples opinião, coisa que fica a léguas da garantia.
Nada percebo de direito e menos ainda de corte e costura, mas reparo que há ainda uma outra parecença entre nestas duas caricaturas. É que enquanto o alfaiate devolve as linhas e os restos da fazenda para eventuais remendos na farpela, quase sempre no último parágrafo dos longos arrazoados jurídicos também lá se devolve, preto no branco e a sacudir a água do capote, as costumeiras palavrinhas: “salvo melhor opinião” ou “salvo mais douto parecer”.
Ora, para pesadelo e angústia de Berta Cabral, o zunzum que agora corre insinua a existência de um “mais douto parecer” a confirmar toda a legalidade numa possível recandidatura do Presidente do Governo, mas eu sei que a líder laranja não acredita em zunzuns… Salvo melhor opinião, claro.

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