Injustiça
Sempre fui contra justiça popular ou julgamentos na praça pública, sobretudo por um motivo: geralmente nesse tipo de julgamentos não há de tudo menos justiça. Acredito sinceramente na máxima que diz que “todo o homem é inocente até prova em contrário”. Infelizmente o que geralmente acontece em Portugal é que uma vez levantada a suspeita sobre uma pessoa, esta fica como culpada para toda a vida. Não me consigo esquecer do caso Paulo Pedroso, em que para deleite da comunicação social, de alguns sectores da sociedade portuguesa e de até da própria Justiça, mais importante do que apurar a verdade, era o prazer de ter um político de topo atrás das grades. No final de um processo demasiado longo, as autoridades não conseguiram arranjar um único indício, que permitisse levar o político a julgamento. Continuamente descredibilizado, o sistema judicial, mais uma vez, teve de pedir desculpa ao arguido pelo que fizera à sua reputação.
Em Portugal continuamos a ter violações cirúrgicas e propositadas ao segredo de justiça, que fazem com que muitas vezes os jornais saibam mais que os juízes, continuamos a ter julgamentos e investigações que demoram demasiado tempo, temos algumas leis completamente absurdas que retiram a credibilidade ao sistema judicial e continuamos a cultivar um tipo de jornalismo saloio e provinciano que se regozija sempre que alguém com alguma notoriedade vê o seu nome associado a uma investigação.
Hoje é inevitável ouvirmos falar do nome do Primeiro-Ministro ou de Dias Loureiro, associado a uma investigação criminal quando vemos um noticiário ou lemos um jornal. O triste desta história é que o Ministério Público sempre negou que estaria sequer a investigar os dois políticos. Falamos apenas, de alegadas fugas de informação, boatos ou até calunias sobre o carácter das pessoas sem terem como base uma única prova sustentável. Continuamos a incorrer nos mesmos erros do processo Casa Pia, onde primeiro se faz o juízo da praça pública e só depois se pensa em justiça. Um país onde isto acontece é um país de injustiça, sem credibilidade, com pouco futuro. Cabe a todos de igual forma, sejam estes políticos, magistrados ou jornalistas, evitar que isto aconteça.
Sem comentários:
Enviar um comentário