Conferências do Estoril Parte 1
Foi com prazer que eu e alguns colegas Deputados aceitamos participar nas Conferências do Estoril, que têm lugar durante os dias 7, 8 e 9 de Maio, com o tema “Desafios Globais, Respostas Locais” e que contam com a presença de mais de 24 oradores de renome, das mais diversas áreas científicas e geográficas. Com a participação de estadistas, personalidades académicas e do mundo empresarial, como Fernando Henrique Cardoso, Gerhard Schröder, Joseph Stiglitz, José Maria Aznar ou Tony Blair, as Conferências do Estoril apresentam-se como um pólo de reflexão de nível internacional sobre os desafios da globalização e da crise internacional, não apenas numa abordagem técnico/financeira, mas também numa abordagem ideológica.
Ontem pela manhã tive o prazer de ouvir uma reflexão do ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso sobre a as causas da crise internacional que nos afecta e sobre as soluções que preconiza para sairmos dela. Segundo o estadista, nos anos 60, o conceito de globalização ainda não existia, sendo que, a ambição de qualquer economia ou grande empresa era a internacionalização. Nesta altura, assistíamos no mundo uma competição entre o modelo capitalista ocidental, relativamente regulado, e o modelo comunista soviético. O modelo capitalista ocidental sai vitorioso durante a década de 80 devido ao facto de ser o único que conseguiu evoluir tecnologicamente. O avanço tecnológico do capitalismo permite a criação da teoria de que o mercado tudo resolve, (preconizado por Thatcher e Reagan) e dá origem à globalização que conhecemos. O problema descrito pelo ex-presidente brasileiro, que partilho, é que a tendência liberalizante destes tempos trouxe um conjunto de novos e modernos tipos de instrumentos financeiros, sobre os quais não havia qualquer controlo. Esta evolução das ferramentas do capitalismo foi feita sobre as estruturas do modelo económico criado e desenhado em Bretton Woods e revisto nos anos 70, que se revelava, verdadeiramente, ineficaz para sustentar a evolução do capitalismo das décadas de 90 e de 2000. Chegamos então a um ponto em que, por exaustão do actual desenho sistema económico internacional, entramos em recessão profunda que levará, obrigatoriamente, à acção das actuais potências mundiais no sentido de criar uma nova ordem económica mundial mais regulada e transparente.
Na minha opinião, FHC fez, provavelmente, das melhores análises sobre a crise económica mundial. Retenho uma ideia que me parece fundamental para caracterizarmos a saída para a situação em nos encontramos: A crise internacional vai obrigar à "renegociação do poder no mundo, de preferência sem guerra”. “Só com a percepção de o sistema económico desenhado pelos vencedores da II Guerra Mundial com FMI e BMI incluído faliu, e que depois disto nada mais será igual, poderemos dar lugar aos novos agentes e instituições mundiais, no sentido de de criar uma nova ordem económica internacional”.
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