Os dias que devolveram a esperança ao mundo
Sim, ele conseguiu
Passaram recentemente 100 dias desde que Barack Obama tomou posse com 44º Presidente dos Estados Unidos da América. Apesar de 100 dias de mandato terem apenas um significado simbólico em termos daquilo que um Presidente americano pode fazer, sou de opinião que este começo é bastante prometedor. Acho que o mandato de Obama deve ser avaliado por duas razões:
Em primeiro lugar, devemos avaliar aquilo que foi realizado neste curto espaço de tempo. A administração Obama teve a coragem mandar fechar Guantánamo e de assumir que os Estados Unidos da América não aceitam a tortura como compatível com os valores que defendem. Esta posição, só por si, já era suficiente para avaliar positivamente estes 100 dias. Mas o facto de, pela primeira vez, os EUA estarem dispostos ouvir e a negociar com países como Cuba, Venezuela e Irão e de estarem dispostos a trabalhar dentro da ordem das Nações Unidas e, em parceria com a União Europeia, no sentido da resolução de problemas comuns, significa uma viragem de 180 graus na política externa, rumo ao multilateralismo que sempre apreciei. Por outro lado, dá início à retirada de tropas do Iraque, embora de uma forma faseada, direccionando todas as suas atenções para o principal ninho de terrorismo e de produção de ópio no mundo, o Afeganistão, da forma mais correcta, no âmbito da NATO e em parceria com vizinhos estratégicos como o Paquistão.
Ao nível da política interna, os EUA rapidamente perceberam que a crise económica que passam tem as suas origens no tipo de sistema capitalista instalado e globalizado que permite que 40% dos ganhos bolsistas se devam à especulação imobiliária, contratos de cartão de crédito enganosos e a resultados de bancos sem credibilidade. Desde que chegou à Casa Branca, o presidente norte-americano, aprovou um pacote intervencionista anticrise 789 biliões de dólares, fez legislação que limita os salários e os prémios dos gestores de empresas que recebem apoio do Estado, aceitou fazer uma lista negra de paraísos fiscais e aprovou um novo orçamento federal que direcciona o investimento para o welfare-state e para as energias renováveis.
Em segundo lugar, mas mais importante do que, concretamente, este Presidente já fez, são os sinais que dá ao mundo do que tenciona fazer no futuro. Quando declara que a administração americana deve assumir o seu papel no combate às alterações climáticas, que o Estado deve assumir um papel preponderante em garantir o acesso universal à educação e à saúde, em que se estabelece a prioridade, tal como foi feito no projecto Manhattan ou no projecto Apollo, de investir a sério nas energias renováveis e se anuncia, até ao final do ano, a reforma profunda de todo o sistema financeiro americano, estão a dar-se exemplos muito fortes a toda a comunidade internacional.
Pode ser que Barack Obama não consiga concretizar toda a sua agenda. Infelizmente, a “política é a arte do possível”, mas pelo menos teve uma ousadia rara hoje em dia. Tentou.
P.S.- Muito se tem falado ultimamente das touradas picadas (sorte de varas). Neste sentido acho que devo partilhar com quem me elegeu o meu sentido de voto sobre esta matéria. Votarei contra a “Sorte de Varas” pelo facto de achar que é um espectáculo de violência desnecessária e gratuita contra um animal e que em nada eleva a lide tauromáquica.
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