domingo, fevereiro 10, 2008

O ter de aceitar que não acredito.

São várias as razões porque intenico com a candidatura de Barak Obama.

Uma é pelo facto de ter que aceitar que não acredito que a América seja governável pela mensagem iconizada por Barak Obama. A América como icon é verdadeiramente formidável. É tão extraordinária como o é a ideia da lotaria. A lotaria é uma coisa extraordinária mas, primeiro é preciso poder comprá-la, depois é preciso querer comprá-la e finalmente é preciso, de facto, comprá-la. Na realidade, mesmo assim, só muito poucos serão premiados e só um será o grande vencedor, mas todos vivem o sonho da lotaria e o sonho é bom, e de certa forma alimenta.
Houve, não há muito tempo, um presidente americano que tentou governar “fora do sistema de Washington”, verdade seja que sem o carisma de Barak. Carter conquistou a presidência americana que caíra, nas ruas da amargura, das mãos de um criminoso. O Sistema não lhe permitiu sobreviver. Hoje em dia continua a provar que foi e é um homem acima do Sistema e acima da presidência dos Estados Unidos.

Segundo é ter de aceitar que não acredito que Barak acredite, para além da sua experiência própria, na mensagem iconizada que ajudou a lançar. Não acredito que Barak esteja preparado, ou se quer preocupado neste momento, em assumir as responsabilidades e o preço político que o caminho para o poder do sonho americano exige. A América prometida por Barak, para quem não contêm a vontade, inteligência e sorte de Obama, não é tarefa fácil de distribuir.
Qualquer das duas hipóteses é, para mim assustadora, quer a de um Barak crente no sonho e ignorante da realidade, quer a de um Barak vendedor do sonho, ignorando a realidade.

Terceiro, e último por agora, é o de ter de aceitar o facto de acreditar que o aparecimento deste “rapazinho” de fato e falinhas mansas de “Harvard” e tiques de púlpito dos “hoods”, poderá vir a retirar a possibilidade imediata da acção de uma possível grande estadista e de um dos mais significativos actos de “empowerment” da Mulher desde que conquistaram o direito ao voto. De uma forma simbólica o serviço à humanidade seria mais generalizado e mais inclusivo se no início deste século uma mulher, branca, preta, mexicana, deficiente motora, mãe solteira ou lésbica chegasse à presidência dos Estados Unidos.

1 comentário:

Maria das Mercês disse...

Tozé, o menino é que viveu nos EUA, deve conhecer melhor. Mas sabem o que acho? Que entre ser uma mulher e ser um afro-americano, o povo vai escolher outro, o McCain... Que os deuses guiem esse povo para que isso não aconteça! E concordo contigo, uma mulher pensa a longo prazo, é mais sensata e consegue fazer várias e importantes coisas ao mesmo tempo. Beijos