Aqui, no “lugar onde sou de raízes queimadas”, como escreveu José Martins Garcia, espero, ansiosamente, a chegada do meu sobrinho amanhã no barco…
Estou aqui, na ilha, onde me apoito de quando em vez há uma semana.
Os dias têm passado muito depressa, só as noites acontecem devagarinho. Defronte dela está a ilha de São Jorge deitada sobre o mar. Parece um barco na forma e no movimento. Está rente ao mar.
Eu vinha para escrever sobre muitas coisas; da alegria que é ter um sobrinho amanhã a entrar porta dentro para passar as suas primeiras férias aqui connosco; do espaço que vem agora ocupar e que será, obviamente, o seu único lugar; dos lugares que, daqui em diante, passarão ainda que muito ténues ainda, a fazer parte da sua dimensão pessoal. Das coisas que eu gostava de lhe ensinar sobre este sítio, dos afectos, do modo de olhar de algumas pessoas que moram aqui; do andar seguro das pessoas mais velhas, dos amigos que são amigos dos nossos pais e avós…do tempo, do vento que quando é da terra parece que nos varre os ossos ou da água do caneiro que é a mais limpa de todos os lugares do mundo. Mas, guardarei para mais tarde. Por ora, espero que entre pela porta de rede e que, daqui por um ano, a sua altura esteja marcada na ombreira da porta de cozinha e dê, pela primeira vez, um baganau à horta…
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