quinta-feira, maio 31, 2007

“Porque se nasce numa ilha

O mundo é todo ilhas”-, escreveu José Martins Garcia, escritor da ilha do Pico, que este mês, aqui ao lado, escolhi para citar no “lugar” da citação deste Suplemento. Um “lugar de embarcar em barcos de papel” ou um “lugar da conquista das cavernas do vento”. Certo é que se as ilhas são “conforme as circunstâncias” (José Martins Garcia) é urgente que sejam de todos nós as suas dores e as suas alegrias; nossas as suas chegadas, as suas partidas; as suas ausências, as suas pertenças, as suas desgraças e as suas felicidades. Assim é, ou será, se por uma vez, que seja, nos tomarmos a nós próprios como seres de complementos circunstanciais. Uns de modo e outros de fim; uns de aspecto e outros de tempo; quem sabe se, em circunstâncias de causa não é fácil ponderar a hipótese de que: “ Talvez seja possível ainda pintar gaivotas na testa”, como escreveu Álamo de Oliveira em [O Itinerário das Gaivotas] ou acreditar (com vontade própria) que, como deixou dito Vitorino Nemésio: “o livre ilhéu, mesmo morto, não cora se espernear”. A ver vamos. O tempo que ainda falta ditará a verdade sobre quantos de nós, serão, ou não, capazes de entender, por fim, que: “ Crescidos vão os dias; é urgente/ Uma palavra simples que navegue/ no seu fluxo de febre, lento, leve,/ E edifique o milagre do presente.// Uma palavra interna e concertada/ Com um rosto solar capaz de agora…/Com a luz pontual e sem memória…/Com um stop qualquer na madrugada.// Uma palavra sempre no momento, / Que escorrace de vez o antes e o após;/ E que seja no vento a presença do vento/ E que seja na voz a gravação da voz.” (José Martins Garcia).
Boas leituras. Até Junho.

Nota de Abertura do Suplemento de Cultura do Jornal Açoriano Oriental. Participação nesta edição: Anabela Caldeira, Carlos Tomé, Célia Machado,Rodrigo Francisco, Vasco Cordeiro, Luís Monte e Pedro de Mendoza.

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