O Fífia tem um único dom, perdido, num corpo de gente. Achá-lo é mais difícil do que procurar agulha em palheiros (plural propositado); encontrá-lo é fácil; mas porque hei-de eu apontá-lo? Ah. Pois. O Fífia é uma interjeição; um braço em elevação constante como quem, se votasse para eleger o Rei, buscasse a canção dos “sugus”, a do polícia sinaleiro, essa mesma; afinal, a memória, para ele, é uma frase batida e hoje é o primeiro dia do resto da vida dele: Jerónimo, grita, enquanto um povo unido, que nunca mais será vencido, sacode as peneiras do disposto e, desmascarando-o lhe grita ao ouvido: Vais partir naquela estrada!...
O Fífia é um “lança” poeira; uma cave escura, aonde se aproximam fantasmas da cor das crisálidas num desfile de hipóteses e criaturas, mais ou menos, disfarçadas de entusiasmantes aventuras! (Má-Criação, a minha). Devida, como se o tempo fosse um rebuçado que ele está cansado de chupar. De boca assada e aftas na ponta da língua (porque as aftas ardem e as feridas idem); num tom sempre fífado lá vai o Fífia lá anda; de manta para cobrir as orelhas, qual Linus, melhor amigo do Snoopy em cuja fralda se marca a marca dos marcados. O Fífia anda de olho em tudo. Mexe, remexe; se mexe mata se não mexe: assalta! O Fífia não tem culpa. É desculpa. É perdão em voz de compasso com cadências decadentes; é obra sem mão; é tinta sem água; é cal que não cai.
O Fífia dissipa-se no que toca; asfalta redes imaginárias de sonhos por descobrir, porquanto se lhe pesam as horas nos ombros dos anos que tem. Se tudo perdido, tudo por um fundo de ilusão, aonde na toada do assobio do mestre, está a chave do seu fracasso. O Fífia é assim uma espada de precocezinho. Preconceituoso; desatinado; o Fífia espera um quadro, que possa articular mesmo, com a sua mestria.
E qual alba de Poesia Trovadoresca, o Fífia espera de ouvido encostado à parede que a alma se salve numa cantiga de amigo ou de amor.
O que ele ainda não percebeu é que está a tornar-se uma “cantiga de refrão”:
Estes, que m’ora tolhem mia Senhor
Que a não posso aqui per rem veer,
Mal que lhe pês, não me podem tolher
Que a não veja sem nenhum pavor,
Que morrerei e tal tempo virá
Que mia Senhor fermosa morrerá:
Então a verei desi. Sabedor
Soom de tanto, por Nosso Senhor,
Que, se lá vir o seu bem-parecer,
Coita nem mal outro não posso haver
Em o Inferno, se com ela for;
Desi sei que os que jazem alá
Nenhum deles já mal não sentirá,
Que ante haverão de acartar sabor.
(Afonso Sanches)
2 comentários:
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