Fiz-me transportar até à tua casa num carro com pneus de boa aderência. Ia seguro. Contente. O coração aos pulos, a garganta seca e a alma aos saltos davam-me uma certeza: finalmente tinhas resolvido assinar a “ficha de adesão”! Tinhas aderido ao meu pedido de casamento. A partir daquele dia, 24 de Janeiro de 2001 eras a minha mais que tudo, minha futura esposa, futura mãe dos meus filhos, avó dos meus netos.
Bati à tua porta. Toquei na campainha.
Abriste, mandaste-me entrar. Entrei. Estava nervoso e despenteado. Mandaste-me sentar e disseste: Não vou casar contigo!
Fiquei mudo. Não tinha previsto aquela ocorrência. Ao telefone, tinhas dito: a gente precisa conversar! E eu disse: Ok. Nós falamos daqui a 10 minutos.
Meti-me no carro. No porta-luvas pus o teu poema. Na folha, em baixo o teu nome assinado: Madalena. Tinhas-me escrito o poema, porque souberas do abaixo-assinado que circulava na Universidade em defesa dos animais. Era da minha autoria. Tinha tudo a ver contigo. Tu que eras defensora dos direitos dos animais. Tu, que havia dias, em que podia não haver nada para se discutir na Universidade e arranjavas logo uma palestra sobre animais. Acorriam sempre imensas pessoas.
O Anfiteatro ficava sempre superlotado.
Olhei-te olhos nos olhos, fitei-te. Meti as mãos nos bolsos. Tirei. Pus o poema de amor em cima da mesa e disse aos berros:
A gente precisa de conversar? Nós já conversamos tantas vezes! Mesmo assim vim. Meti o poema dentro do carro. Olha! Está ali posto em cima da tua mesa.
E tu disseste: Já vi. Mas isto não tem nada a ver com aquele poema. Será que pode haver alguma maneira de tu me ouvires?
Respondi gritando: Já não há. Registo esta ocorrência com desagrado. Nem abaixo-assinado; nem ficha de adesão, nem tão pouco ramos de flores. Podes esquecer que eu existo! Por ti eu dava a volta à lua num balão. Acabou-se. Volto para a minha casa no meu carro de pneus com boa aderência, triste e desalojado. Roubaste-me o meu corpo. Não contes mais comigo nas tuas salas superlotadas; para te por a mesa, quando chegas tarde, para me meter no carro e ir-te buscar. Há-de haver quem o faça no meu lugar. De hoje em frente, tudo o que fizeres não tem mais nada a ver com a minha pessoa. Saí porta fora. Ficaste a chorar. Ao teu choro estrondoso acorreu a tua mãe que do alto da janela me disse: Lamento a ocorrência, mas não há mais nada a fazer.
Em casa meti os teus pertences todos dentro de uma caixa. Colei-a com uma cola de boa aderência. Nunca mais sais daí. Agora sim estás fora da minha vida. Pensei.
Meti-me no meu carro e fui até ao Clube dos solteiros. Chegado lá, assinei a ficha de adesão. Desde então, já recebi mais de 20 propostas. Dez delas, pus em cima da mesa, a ver se escolho uma, as outras 10 meti-as no lixo…Deitei-as fora com cuidado.
Mais vale prevenir do que remediar.
Mário Homem
2 comentários:
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